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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Craque - Pinheiro


Amigos, imaginem um zagueiro com 600 atuações por seu clube. Imaginem um zagueiro que, durante doze anos, foi titular absoluto deste clube. Imaginem um zagueiro titular da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo. Imaginem um zagueiro que era um dos mais temidos cobradores de pênalti do país. Imaginem João Batista Carlos Pinheiro.

Em 13 de janeiro de 1932, Pinheiro nascia em uma rural Campos dos Goytacazes. Dezesseis anos depois, seu irmão o levaria ao Rio de Janeiro, e a Laranjeiras. Após exibir seu bom futebol em um treino, Pinheiro lá permaneceu, jogando no time de juvenis e aspirantes.

Em 11 de agosto de 1949, o grande dia: Pinheiro estreava como profissional do Fluminense, em amistoso contra o Nacional do Uruguai. Pela primeira vez, o Tricolor entrava em campo com aquele famoso trio de defesa: "Castilho, Píndaro e Pinheiro". O tempo frio e chuvoso atrapalhou o espetáculo, mas a vitória por 2 a 1 sobre os campeões uruguaios, de virada, marcava o início de uma linda trajetória.

Pinheiro sabia sair jogando, tinha classe, não era zagueiro de dar chutão. Ainda aos 19 anos, recebeu um elogio público de Domingos da Guia, um dos melhores zagueiros brasileiros até então. O primeiro título foi o Campeonato Carioca de 1951, quando o Fluminense tinha um "timinho" com Castilho, Pinheiro, Didi, Telê, Orlando e Carlyle, entre outros.

Logo veio a convocação para a Seleção, e Pinheiro foi titular na conquista do Campeonato Pan-Americano do Chile, em 1952, junto com Castilho. Nos cinco jogos, o escrete só sofreu dois gols. Após o Pan-Americano, Castilho e Pinheiro jogaram a Copa Rio pelo Fluminense. E a defesa tricolor continuou sua campanha irretocável. Na primeira fase, Sporting Lisboa, Grasshoppers e o super Peñarol de Ghiggia e Schiaffino passaram em branco: nenhum gol sofrido pelo Fluminense. Nas semifinais e finais, diante dos poderosos Áustria Viena e Corinthians, quatro jogos e quatro gols sofridos, compensados pelos gols dos atacantes. Era o Fluminense campeão mundial de clubes.

Em 1954, Castilho e Pinheiro viajaram à Suíça, para tentar conquistar novamente o mundo, agora como titulares da Seleção Brasileira. No primeiro jogo, em Charmilles, com atuação impecável da defesa, vitória por 5 a 0 sobre o México. Em seguida, o empate no Estádio Olímpico de La Pontaise (1 a 1 com a Iugoslávia) foi suficiente para a classificação. Porém, o sonho acabaria no Wankdorf, em Berna, diante da lendária Hungria de Puskas e Kocsis, que não perdia um jogo havia mais de 4 anos. "Além da categoria e da incrível velocidade que imprimiam ao jogo, resultado em um treinamento muito bem feito, os húngaros tinham o melhor em termos de material esportivo", disse Pinheiro.

O Fluminense voltaria a ser campeão em 1957, no Torneio Rio-São Paulo. Pinheiro jogou apenas a partida que definiu o título: 2 a 1 no São Paulo, com dois gols de Waldo. Dois anos depois, o Tricolor seria novamente campeão carioca. Neste título, a defesa foi o grande destaque: nos 21 jogos até a conquista, foram apenas seis gols sofridos. Pinheiro, já aos 27 anos, era o xerife da cidadela quase intransponível. Apesar de estar no auge, não era mais convocado para a Seleção, e assim não pôde conquistar a Copa do Mundo, único título importante que faltou ao seu currículo.

Em 1960, a conquista do Rio-São Paulo seria o último título de Pinheiro pelo Fluminense. Despediu-se do Tricolor em 1963, após 600 partidas, com 48 gols marcados. É até hoje o segundo atleta com mais atuações pelo Fluminense, atrás apenas de Castilho. Voltou a Laranjeiras como técnico, tendo dirigido os juniores e os profissionais. Pinheiro conquistou como treinador a Taça Guanabara de 1971 e o Troféu Teresa Herrera de 1977. Comandou também outros clubes: em 1993, venceu a Copa do Brasil pelo Cruzeiro.

Nesta semana, o senhor João Batista Carlos Pinheiro comemora 79 anos de vida. Que tenha bastante saúde, e que receba as merecidas homenagens.

PC

Fontes:
- Jornal do Brasil, edição de 12/08/1949.
- Livro "Os dez mais do Fluminense", de Roberto Sander, Maquinária Editora, 2009.

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