Rio de Janeiro, 27 de julho de 1952.
Amigos, o Tricolor está na finalíssima do Mundial! Hoje tivemos a nossa mais bela vitória. Sequer precisávamos vencer, mas atropelamos! O esquadrão do Áustria Viena não conseguiu segurar nossos craques, que lutaram com ímpeto e paixão inexcedíveis!
O quadro de Laranjeiras ignorou a vantagem obtida no primeiro jogo, e se lançou todo para o ataque. Logo aos seis minutos, Telê, nosso Fio de Esperança, abriu o marcador. Abençoado seja Telê Santana, cuja vida se confunde com as três cores do querido pavilhão.
Porém, a equipe vienense logo passou a demonstrar sua força. Quando o cronômetro marcava um quarto de hora, o infernal centroavante canhoto Ernst Stojaspal empatou a peleja, dando nova vida às esperanças austríacas. E, cinco minutos depois, Rudolf Pichler venceu Castilho, assinalando 2 a 1. Como o Fluminense vencera por 1 a 0 na ida, estava tudo empatado novamente.
Mas o domingo era tricolor, e empurrado por seu povo o Fluminense partiu para a reação espetacular. E então começou a brilhar a estrela do meu personagem do domingo: Orlando Pingo de Ouro.
Quando se pensa num centroavante goleador, vem logo a imagem de um sujeito forte, com físico privilegiado. Não é o caso de Orlando, que é um pernambucano franzino, praticamente um pingo de gente. Em compensação, a mãe natureza deu a Orlando ginga, malícia e inteligência, que o fazem se posicionar bem, sempre no local certo para marcar os gols. Esse faro de gol e a técnica apuradíssima nas finalizações fazem do Pingo de Ouro um grande gênio do esporte bretão.
Ainda no primeiro tempo, Orlando foi o responsável pela virada pó-de-arroz, primeiro aos 31 minutos, e depois aos 41. O placar de 3 a 2 voltava a dar tranqüilidade ao Fluminense: a vaga de finalista estava próxima.
Então veio a segunda etapa, e o Tricolor continuou arrasador. Logo aos oito minutos, o ponta-esquerda Quincas fez 4 a 2. E aos vinte, Orlando Pingo de Ouro completou seu hat-trick. O score de 5 a 2 era o passaporte tricolor para a finalíssima da Copa Rio.
Na semana que começa, o Maracanã receberá os dois jogos mais importantes de nossa cinqüentenária história. Fluminense e Corinthians quebrarão lanças na batalha pelo troféu mundial. Os tricolores vivos e mortos comparecerão ao Maracanã. Com os torcedores de hoje e os fantasmas de velhos triunfos, o pó-de-arroz tentará conquistar a sua maior glória.
PC
Ficha técnica: Fluminense 5 x 2 Áustria Viena (FK Austria Wien)
Data: 27/07/1952.
Local: Maracanã, Rio de Janeiro.
Fluminense: Castilho; Píndaro e Pinheiro; Jair, Édson e Bigode; Telê, Didi (Róbson), Marinho (Simões), Orlando Pingo de Ouro e Quincas. Técnico: Zezé Moreira.
Áustria Viena: Paul Schweda; Karl Stotz e Karl Kowanz; Walter Schleger, Ernst Ocwirk e Franz Swoboda; Fritz Kominek, Adolf Huber, Rudolf Pichler, Ernst Stojaspal e Lukas Aurednik. Técnico: Heinrich Müller.
Árbitro: Joaquim Campos (Portugal).
Público pagante: 33.897.
Público presente: 45.623.
Renda: CR$ 948.300,50.
Gols:
- primeiro tempo: Telê aos 6 minutos (1-0); Ernst Stojaspal aos 15' (1-1); Rudolf Pichler aos 20' (1-2); Orlando Pingo de Ouro aos 31' (2-2) e aos 41' (3-2).
- segundo tempo: Quincas aos 8' (4-2) e Orlando Pingo de Ouro aos 20' (5-2).
Fontes de pesquisa:
[1] Anuário do Esporte Ilustrado 1953.
[2] Livro "Fluminense Football Club, Histórias, Conquistas e Glórias no Futebol", de Antônio Carlos Napoleão.
Jogos anteriores do Fluminense na Copa Rio de 1952:
Jogos seguintes do Fluminense na Copa Rio de 1952:
Com esse time não tinha brincadeira!!!
ResponderExcluirOs gringos foram inventar de virar o jogo, aí o Didi disse pela primeira vez, "Vamo encher esses gringo de gol!"
Dito e feito, 5 a 2 em mais um show de bola da Máquina I.
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