Rio de Janeiro, 20 de julho de 1952.
Amigos, vocês se lembram da derrota de 1950. Foi uma humilhação pior que a de Canudos, uma vergonha que ainda dói na carne e na alma de cada brasileiro. Os uruguaios ganharam da nossa Seleção, no grito e no dedo-na-cara. E não me venham dizer que a Seleção é apenas um time. Não. Se uma equipe entra em campo com o nome do Brasil e tendo por fundo musical o hino nacional, é como se fosse a pátria em calções e chuteiras, a dar botinadas e a receber botinadas.
Pois bem, no último dia 16 a tragédia completou dois anos, embora tenhamos a dolorida impressão de que foi ontem. Mas hoje tivemos a reedição da batalha: o Brasil vestido de branco, e o Uruguai vestido de preto e amarelo. Escorria gente pelas paredes do Maracanã: eram dezenas de milhares de fanáticos sedentos com o desejo da revanche. Desta feita, são os uruguaios que possuem a melhor campanha, e portanto o direito de empatar. Os brasileiros do Fluminense tinham que vencer. Era essa a atmosfera do confronto que encerraria a primeira fase da Copa Rio, o Campeonato Mundial de Clubes.
O Peñarol, campeão do Uruguai, era o adversário do pó-de-arroz na decisão da chave. O quadro tricolor vem de uma campanha irregular no certame, após o
empate com o Sporting Lisboa e a magra
vitória sobre o Grasshopper-Club. Resultados pouco convincentes, que faziam o Fluminense entrar no gramado sem a credencial de favorito.
Todavia, desde os momentos iniciais da peleja, o time das Laranjeiras, com uma atuação impetuosa e homogênea, mostrou que o esquadrão campeão carioca ainda estava vivo.
Então surgiu o primeiro gol tricolor, com Marinho, aos 36 minutos de jogo. E ninguém mais duvidava do triunfo sobre o campeão do Uruguai. O jogo prosseguiu movimentado e atraente, com o poderoso esquadrão aurinegro resistindo e valorizando a vitória do Fluminense. Mas, aos 44, Orlando Pingo de Ouro amplia para o Tricolor: 2 a 0.
No jogo do time carioca, mais uma vez se destacava, pelo seu jogo de alta classe, o meia Didi. No quadro de Montevidéu, estavam lá várias estrelas campeãs em 1950. Rodríguez Andrade ficou famoso por anular Zizinho há dois anos, mas hoje não conseguia anular ninguém. Schiaffino e Ghiggia cravaram seus gols na final de 1950, mas hoje esbarravam em Castilho, Píndaro e Pinheiro. Romero, Vidal e Míguez, outros co-autores da tragédia de dois anos atrás, também tinham suas potencialidades amenizadas pela eficiente marcação tricolor.
E então surge o terceiro e definitivo tento, novamente por meio de Marinho. Os 3 a 0 eram a sentença da revanche tupiniquim. Enfiando três gols goela abaixo do Peñarol recheado de heróis de 1950, o Fluminense vingou cada lágrima brasileira do Maracanazo. A revanche verde e amarela estava consumada, para sempre, em verde, branco e grená.
PC
Ficha técnica: Fluminense 3 x 0 Peñarol
Data: 20/07/1952.
Local: Maracanã, Rio de Janeiro.
Fluminense: Castilho; Píndaro e Pinheiro; Jair, Édson e Bigode; Telê, Didi, Marinho, Orlando Pingo de Ouro (Villalobos) e Róbson. Técnico: Zezé Moreira.
Peñarol: Nattero; Davoine e Colturi; Rodríguez Andrade, Nardeli e Romero; Ghiggia, Hohberg, Romay (Míguez), Schiaffino (Abadie) e Vidal. Técnico: Juan Lopez.
Árbitro: Eugen Dinger (Alemanha).
Público pagante: 51.436.
Público presente: 63.536.
Renda: CR$ 1.445.643,30.
Gols: Marinho aos 36 minutos do primeiro tempo; Orlando Pingo de Ouro aos 44 do primeiro tempo; e Marinho aos 30 do segundo tempo.
[7] Documentário do Canal 100 (vídeo abaixo).
Vídeo:
Jogos anteriores do Fluminense na Copa Rio de 1952:
Jogos seguintes:
URL curta para esse post:
ResponderExcluirhttp://bit.ly/Ete2C
------
No orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=28077&tid=5360609322781381846&na=1&nst=1
Só por esse jogo o Fluminense já mereceria ser chamado de campeão mundial.
ResponderExcluirSó faltava o Didi pro Brasil ganhar em 50.
Em 52 não faltava mais!!!
MPLT
ResponderExcluir