Nesta quarta-feira, fui ao Maracanã ver Fluminense x Cruzeiro. Minha saga já começara na noite da véspera, quando tentei comprar meu ingresso no site da Futebolcard, mas não consegui. Na manhã do dia do jogo, fui avisado pela Futebolcard via twitter que a venda só poderia ser feita até as 18 horas do dia anterior ao jogo, "por determinação do consórcio do Maracanã". O Fluminense, além de não ter divulgado tal informação, não respondeu as minhas solicitações de informação sobre a situação.
Restou para mim, então, a compra na bilheteria, no dia do jogo. O jogo começaria às 19:30. Alguns amigos chegaram aos arredores do estádio às 18:15, mais de uma hora antes do jogo, e já me avisaram que a situação estava difícil, com muitas filas na bilheteria, tanto para compra, quanto para retirada de ingressos comprados na internet, e até mesmo para o atendimento aos sócios (que também precisavam retirar seus ingressos). Eu cheguei lá às 19:00, e presenciei uma situação tão caótica que parecia um jogo de apelo das antigas, daqueles que levavam mais de 100 mil pessoas ao Maracanã.
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O início da imensa fila de atendimento ao sócio no Maracanã. Foto: Edgard Maciel de Sá. |
Diante daquele cenário (uma única bilheteria estava disponível para o atendimento a todos), logo calculei que só conseguiria entrar no Maracanã no início do segundo tempo (com sorte). Desisti de entrar e, junto com um amigo, rumei para um bar próximo, onde assisti à partida, pela televisão mesmo. Lá estavam diversos outros tricolores, sócios e não-sócios, na mesma situação que a nossa (ou até pior: alguns estavam até com o ingresso comprado, e não conseguiram retirá-lo). Pelo menos a picanha do bar estava gostosa.
O caos no atendimento aos torcedores não é novidade no Fluminense. Notadamente de 2008 para cá, inúmeras foram as ocasiões em que fomos tratados feito gado pelo clube, em Laranjeiras, no Maracanã e no Engenhão. As justificativas são sempre as mesmas: "incompatibilidades tecnológicas", "sistemas caindo", "torcedores que deixam para comprar em cima da hora". (Sim, acreditem: no futebol carioca, e especificamente no Fluminense, jogar a culpa da própria incompetência nos clientes é uma prática comum. Às vezes me divirto imaginando a mesma bizarrice aplicada a outros cenários - uma emissora de televisão culpando os telespectadores por não ter audiência, ou um shopping culpando a população por não ter clientes.)
Os relatos que li nas redes sociais após o jogo deixam claro: as filas intermináveis duraram até o meio do segundo tempo, quando enfim os torcedores acabaram mesmo desistindo de entrar no estádio. Situação lamentável, vergonhosa e triste.
Cagada feita, espero sinceramente que a diretoria do Fluminense assuma a responsabilidade pelo lamentável episódio e peça desculpas a seus clientes (sócios e não-sócios). Já imagino que a culpa será colocada no Consórcio do Maracanã – que realmente dá mostras de que ainda não compreendeu bem o negócio –, mas me parece muito claro que o maior interessado em atender bem seu torcedor é – e sempre será – o clube. Ainda mais no momento atual, em que tanto se fala em "associação em massa" da torcida. Na melhor das hipóteses, o Fluminense errou – e errou muito feio – ao não se certificar de que o Consórcio garantiria um atendimento adequado aos seus torcedores. Espero, no mínimo, um pedido de desculpas à torcida. (e que não nos venham com o discurso bizarro de culpar os torcedores, com argumentos ridículos como "os ingressos poderiam ter sido comprados e trocados na véspera")
O público anunciado foi de 13.882 pagantes e 18.042 presentes, com renda de R$ 397.505,00. O público e a renda poderiam ter sido muito maiores, dadas as milhares de desistências de quem estava na porta do estádio e não pôde entrar, como eu.
Um extraterrestre que pousasse no Rio de Janeiro esta noite veria milhares de torcedores assistindo ao jogo em televisões nos arredores do Maracanã, e se surpreenderia quando descobrisse que o estádio em si estava às moscas, com menos de 25% de sua ocupação máxima. Certamente anotaria em seu caderninho: "o ser humano não é um animal muito inteligente".
PCFilho
PC,
ResponderExcluirEstou pasmo com a resposta do 'gerente de arenas', o cara joga a culpa no consórcio e na torcida, fala em limitações tecnológicas e físicas, a primeira eu posso - com muita resistência - aceitar, mas a física é inaceitável, será que exigir do consórcio uma maior oferta de bilheterias é muito? qual o custo de mais bilheterias? depois não sabem os motivos dos públicos ridículos...
Gustavo Caetano.
Gustavo,
ResponderExcluirEu já desisti de esperar respostas decentes do "gerente de arenas". Sei que ele lê tudo que escrevo, aqui e no twitter, porque ele sempre critica (sem me citar diretamente).
Mas respostas reais às minhas críticas, nunca há. O que há sempre são desculpas esfarrapadas, como jogar a culpa nos outros (e até na torcida, como de praxe).
Um clube sério demitiria qualquer "gerente de arenas" após o inacreditável episódio de hoje. O prejuízo que ele causou ao Fluminense hoje é certamente maior que o salário do sujeito (que, pelo que dizem, não é baixo).
Depois não sabem os motivos dos públicos ridículos... [2]
Pois é, PC. Quando fui resgatar meu ingresso para Flu x Vasco nas Laranjeiras já descobri através da menina (que agora não me recordo o nome) que me atendeu (muitíssimo bem, diga-se) que o Maracanã ainda não estaria adaptado para receber os sócios-torcedores apenas utilizando suas carteirinhas.
ResponderExcluirNosso próximo jogo em casa é no dia 11 contra o flamengo. São 10 dias pra "adaptar" algumas catracas para sócios e diminuir a confusão na entrada.
Fora isso, tudo o que você disse é a mais pura verdade. Não que você seja profeta, mas é difícil não acreditar que tudo que você disse vai se concretizar.
"Não é por 20 centavos, é por conseguir comprar uma entrada pra um jogo sem apelo em plena quarta-feira às 19h30m".
Pois é, Bruno. O jogo tinha pouco apelo, o time vinha de 5 derrotas seguidas, e o horário era ingrato.
ResponderExcluirImagina na Libertadores!
Como fizeram o cálculo do público. Peguei meu ingresso no clube na segunda feira e na hora de entrar, ao invés de passar o ingresso na leitora da catraca, tinha uma mulher destacando(rasgando) a lateral do ingresso.
ResponderExcluirCheguei às 19:30 com ingresso na mão e o que vi foi cenário de final de campeonato pela confusão do lado de fora.
Lamentável.
O mínimo era uma retratação pública e oferecer aos sócios o próximo jogo grátis. Mas o próximo jogo em casa é Fla x Flu e eles não vão perderessa bocada.
Como fizeram o cálculo do público. Peguei meu ingresso no clube na segunda feira e na hora de entrar, ao invés de passar o ingresso na leitora da catraca, tinha uma mulher destacando(rasgando) a lateral do ingresso.
ResponderExcluirCheguei às 19:30 com ingresso na mão e o que vi foi cenário de final de campeonato pela confusão do lado de fora.
Lamentável.
O mínimo era uma retratação pública e oferecer aos sócios o próximo jogo grátis. Mas o próximo jogo em casa é Fla x Flu e eles não vão perderessa bocada.
Pedro,
ResponderExcluirA confusão deixa evidente que subestimaram o público que iria ao jogo.
Uma bilheteria apenas para atender aquela multidão foi um erro grosseiro. Muita gente ficou de fora. Ontem foi uma daquelas situações em que, se fosse antigamente, abririam os portões.
Realmente, o próximo jogo deveria ser gratuito para os sócios. Pelo menos os sócios deveriam ser, de alguma forma, compensados.
Cara eu publiquei este comentário no blog do PC e peço licença pra postar aqui tb pois independente da torcida , estamos no mesmo barco nessa zona....
ResponderExcluirOntem fui tentar compra ingresso pro jogo do glorioso , fui ao shopping carioca , pois tinha que ir lá mesmo e aproveitei para comprar antecipadamente o ingresso , para minha surpresa a loja designada a vender os ingressos não estava mais o comercializando , pois simplesmente o sistema de uma loja no shopping que fecha as 22h , comercializa o ingresso até as 17h e hoje até as 14h , e para minha surpresa o famigerado futebol card com sua taxa não sei de que ,seu sistema não funciona , e assim vamos né , prevejo o mesmo problema de entrada no jogo do glorioso hoje !
João,
ResponderExcluirSinta-se à vontade para publicar seus comentários aqui.
De fato, os clubes cariocas são "irmãos" nessa questão de maltratar os torcedores. Agora, convenientemente, estão jogando a culpa no Consórcio do Maracanã, mas e em todas as outras vezes em que isso aconteceu, muito antes do novo estádio?
Faltam no futebol carioca dirigentes MACHOS, que chamem a responsabilidade para si, e assumam os erros que cometem...
Com certeza , mas é complicado quando a renda principal dos clubes não vem da bilheteria , futebol hoje é um programa de TV , o pay per view é o preço de um ingresso ,nos torcedores estamos perdidos! simples assim , e ainda pedem pra aderir um programa sócio-torcedor no qual vc não tem o horário dos jogos (pois muda-se a necessidade da Glogo) e não se pode votar ( no caso do Botafogo , não sei o fluminense).E vamos caminhando com os estádios mega caros e modernos com o serviço antigo , eu penso que a dificuldade pra se comprar ingresso e ir a jogos não é mera incompetência é algo pensado !
ResponderExcluirNão digo para eles começarem com todas bilheterias abertas, mas irem abrindo as bilheterias conforme a fila fosse crescendo. Isso é simples e fácil, só precisava de um remanejamento de pessoal.
ResponderExcluirBotafogo teve 14.825 pagantes e 19.075 presentes hoje. Graças à própria incompetência, o Fluminense teve menos ontem.
ResponderExcluirSegundo informações do Sportv, mais de 5 mil torcedores não conseguiram assistir à partida entre Fluminense e Cruzeiro.
ResponderExcluir( http://netflu.com.br/consorcio-emite-nota-se-responsabilizando-por-fila-gigantesca/ )