domingo, 22 de novembro de 2009

Recordar é viver - São Paulo 3, Botafogo 2

São Paulo, 26 de abril de 1981.

Quase cem mil torcedores lotam as dependências do Estádio Cícero Pompeu de Toledo. São Paulo e Botafogo decidem uma vaga na final do Campeonato Brasileiro de 1981. A vantagem do empate é do alvinegro carioca, que venceu a partida de ida no Maracanã.

Em um dos certames mais disputados da história do futebol brasileiro, times de alto nível técnico ficaram para trás. O Flamengo de Zico, Leandro e Júnior; o Corinthians de Zé Maria, Wladimir e Sócrates; o Fluminense de Paulo Victor, Edinho, Deley e Cláudio Adão; o Atlético Mineiro de Luisinho, Toninho Cerezo, Éder e Reinaldo: exemplos de verdadeiros escretes, precocemente eliminados.

Na semifinal, chegaram Botafogo e São Paulo, duas equipes com menos técnica que outras, mas que se destacavam pela obediência tática. No Botafogo do técnico Paulinho de Almeida, a principal arma era o contra-ataque mortal.

Isso ficou bem claro logo no começo da batalha no Morumbi. Como precisava vencer, o São Paulo tomou a iniciativa do jogo, lançando-se todo para o ataque. No primeiro contra-ataque do Botafogo, aos 10 minutos, tabela bonita entre Jérson e Marcelo, e acontece o gol de Jérson: Botafogo 1 a 0.

Aos 19 minutos, vem o segundo contra-ataque: Perivaldo arranca em velocidade pelo flanco direito e cruza. O craque Mendonça emenda de primeira: golaço, Botafogo 2 a 0, em pleno Morumbi. É impressionante como Perivaldo e Mendonça jogaram bem neste campeonato. Perivaldo é o melhor lateral-direito do certame, até os paralelepípedos sabem disso. Já Mendonça é a Estrela Solitária, carrega o time com sua habilidade extraordinária. Foram duas atuações memoráveis de Mendonça que eliminaram o Flamengo nas quartas-de-final.

O São Paulo não possui uma equipe ruim, longe disso. No gol, está Waldir Peres, o arqueiro titular da Seleção Brasileira. Na defesa, há Oscar, também do escrete, e Darío Pereyra, que só não joga pela Seleção porque nasceu no Uruguai. Na lateral-esquerda, a qualidade de um Marinho Chagas, também selecionável, e conhecido dos botafoguenses. No meio-campo, o habilidosíssimo Renato, campeão brasileiro pelo Guarani em 1978.

Aos 45 minutos, Serginho Chulapa caiu na área, e o árbitro Bráulio Zanotto marcou o pênalti para o São Paulo. Reza o famoso ditado: "pênalti que não é, não entra". Mas esse entrou: o próprio Serginho cobrou rasteiro, no canto direito do goleiro Paulo Sérgio. Era o gol que dava esperanças aos corações são-paulinos.

No intervalo, que durou intermináveis 28 minutos, o técnico Carlos Alberto Silva faz uma substituição ousada: tira Heriberto para pôr Éverton. Ele estava certo: o São Paulo precisava de dois gols. Ou então estaria eliminado do Campeonato Brasileiro.

Vem o segundo tempo e, aos 21 minutos, o alvinegro Rocha afasta mal, para a entrada da área. Éverton acerta um chutaço de primeira, indefensável: 2 a 2. Explosão de alegria nas arquibancadas do Morumbi, mas a vaga ainda era do Botafogo.

Aos 33 minutos, acontece a jogada que ficaria marcada para sempre nos corações são-paulinos. Darío Pereyra ajeita de cabeça para dentro da área, Serginho tenta dominar e não consegue. Éverton é o herói: de bico, ele empurra a pelota para as redes. Era o segundo gol de Éverton, que saíra do banco de reservas para a glória. Era a virada histórica. Era a classificação do São Paulo à final do Campeonato Brasileiro.

PC

Ficha técnica: São Paulo 3 x 2 Botafogo.
Semifinal do Campeonato Brasileiro de 1981.
Local: Morumbi (São Paulo).
Data: 26/04/1981.
São Paulo: Waldir Peres; Getúlio, Oscar, Darío Pereyra e Marinho Chagas; Almir, Heriberto (Éverton) e Renato (Assis); Paulo César, Serginho Chulapa e Zé Sérgio. Técnico: Carlos Alberto Silva.
Botafogo: Paulo Sérgio; Perivaldo, Gaúcho, Zé Eduardo e Gaúcho Lima; Rocha, Ademir Lobo e Mendonça (Gilmar); Ziza (Édson), Marcelo e Jérson. Técnico: Paulinho de Almeida.
Árbitro: Bráulio Zanotto.
Público: 98.650.
Gols: Jérson aos 10'/1T, Mendonça aos 19'/1T, Serginho Chulapa (PK) aos 45'/1T, Éverton aos 21'/2T e aos 33'/2T.

Fontes de pesquisa:
[4] Programa "Jogos para Sempre", do Sportv (vídeo abaixo).

Resumo do "Jogos para Sempre":

9 comentários:

  1. Muito bom o texto!!!
    Adoro apreciar grandes batalhas!!!

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  2. Roubo roubo roubo o Botafogo venceu o primeiro jogo em casa por 1x0 e calou o Morumbi fazendo 2X0 ..No intervalo o vestiário do árbitro Bráulio Zanotto foi invadido por Seguranças do São Paulo ( como é costume naquele estádio até hoje ) e ameaçaram o juiz a níveis próximos de agressão .( Existe um corredor deles que vai internamente ao Juiz ..Fato que ocorreu agora na Sulamericana e os gringos não voltaram a campo e foram eliminados ). Bráulio voltou acuado e inventou penalidade no chulapa que se jogou ostensivamente na área .. e no outro lance em impedimento claro na pequena área... Ainda expulsou o Gaúcho meia do Botafogo ....O Botafogo foi garfado . Nos moldes de hoje se classificaria pelos 2 gols fora de casa mas o conforto veio dos gaúchos que mandaram 2x1 em casa e mandaram 1xo no Morumbi . Os gaúchos que só pegaram moscas mortas ( Operário e Ponte Preta)acabaram punindo os ladrões..Vida que segue .

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  3. A.Ramos o Botafogo sempre foi freguês do São Paulo, até que perdeu de pouco naquela tarde..eu estava lá no setor "9"

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  4. e o castigo veio depois, Grêmio 1 x 0 sobre o são paulo. campeão, o grêmio, gol de Baitaazar, digo, Baltazar! kkkk

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  5. Foi uma tarde muito triste para o futebol. O que houve ali, foi muito grave.

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  6. Um dos maiores assaltos ao FUTEBOL BRASILEIRO.

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  7. Sem falar da morte de um torcedor que estava no ônibus da torcida do botafogo vítima de assalto e assassinado na ida para São Paulo, o ônibus era da TJB

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