terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A ética dos apaniguados


(por Ana Rosa Amorim)

E a Lusa perdeu os pontos. No julgamento, auditor cita farta jurisprudência, faz distinção entre início da condenação e prazo judicial, enumera precedentes da FIFA, alguns recentes e esclarece que cumprir o regulamento é regra moral. Decisão unânime.

Este post poderia ser sobre o Fluminense, sobre o meu Fluminense. Poderia ser sobre o time que fascina pela sua disciplina. O Fluminense me domina, todos sabem. Poderia, mas não será.

Na verdade, quero escrever sobre algo que me estarreceu profundamente: não foi apenas o Fluminense o alvo de achincalhe da imprensa marrom. Nunca, até hoje, vi tamanho ataque ao princípio da legalidade. Nunca.

A legalidade não é, como pretendem os jornalistas tornados rábulas, uma aplicação da letra fria da lei, numa expressão carregada de pieguice e de má-fé. A legalidade é um dos pilares para sustentação do sistema democrático. Um Estado de Direito é um Estado regido por leis. E um Estado regido por leis é um Estado que não faz distinção entre seus cidadãos. A legalidade e a igualdade, ou isonomia, como queiram, é o que nos garante direitos. Elas delineiam o espaço da liberdade, restringida apenas porque é o povo, por meio do Poder Legislativo, que constrói suas próprias leis.

Pois bem, o que vimos nesse episódio "lusitano"? 

Um ataque frontal, aberto, escancarado, ao primado da legalidade. E o que se propõe para substituí-lo? Uma ética de apaniguados.

A discussão não era, nem nunca foi, sobre se a Lusa deveria perder pontos ou não. A discussão era saber se aquele a quem se odeia, se o Fluminense, poderia ou não ser o beneficiário da aplicação da norma. O apaniguado era a Lusa, alçada à condição de vítima de sua própria circunstância, vítima do sistema. O odiado era o Fluminense, o time da elite, essa elite branca e má, acostumada com manobras. Uma palavra sequer para lembrar que em 1996 foram dois times de massa, o Corinthians e Atlético Paranaense, que compraram a arbitragem. Seriam rebaixados, caso a norma fosse cumprida. Para evitar o rebaixamento, deram pena branda (são apaniguados, lembram?) e rasgaram a norma: naquele ano não houve rebaixamento. Infelizmente, na memória coletiva aparece outro gesto: o inconsequente e deprimente gesto do estourar do champagne, esse gesto de elite branca e má. O gesto foi infame, mas a virada de mesa foi do Atlético Paranaense e do Corinthians.

Em 1999, foi a vez de o São Paulo escalar o "gato" Sandro Hiroshi irregularmente. O Botafogo, então rebaixado, após ter perdido por 6 a 1 pro SP, e o Inter pleiteiam os pontos das partidas e levam. Levam porque o regulamento previa isso. Gama, por força disso, é rebaixado e ingressa na Justiça Comum. Não se pode ter Campeonato Brasileiro em 2000. O Clube dos 13 organiza o monstrengo Copa João Havelange, competição para a qual o Fluminense, então campeão da série C, foi convidado, juntamente com o Bahia, para participar do módulo principal. Alguém se lembra de pedir para o Bahia pagar a série B? Que virada provocou o Fluminense? Nenhuma. Em 2001, ocorre uma espécie de refundação do campeonato; em 2003 criam o sistema de pontos corridos, vigente até hoje.

Era, no entanto, preciso fazer algo. Não era possível que o Fluminense, o time a quem se odeia, pudesse ser o beneficiário da aplicação da norma.

E se a norma confere benefícios ao inimigo, o que se faz? Propõe-se destruir a norma. A norma não presta. 
"É, realmente, um absurdo que se imponha a perda de pontos a quem escala jogador irregular. Onde já se viu tamanha barbaridade?". Eis os que diziam, numa cantilena, os defensores da ética dos apaniguados.

Num requinte de cinismo, invertem a moral. Dizem ser imoral cumprir a norma, é injusto. 

A Lusa? A Lusa é pequena, pobre, vítima do sistema. É a ideologia dos que colocam a prática de crimes na conta da crueza da sociedade. E que bom ter sido a Lusa! O argumento ficaria perfeito! Na ética dos apaniguados, em que o ódio seria direcionado ao time da aristocracia carioca, ao time da rica Unimed, esse patrocinador privado que a tantos irrita, enquanto o dinheiro da Caixa é usado, sem maior contestação, para apoiar tantos outros clubes, a contraposição entre aristocratas e proletariado seria perfeita. A pobre Lusinha!

Nada foi dito sobre meritocracia. Sobre ter a capacidade de conhecer o regulamento e obedecê-lo. Foi preciso o advogado do Inter, em entrevista, dizer que ganhar em campo era ganhar obedecendo às normas, para o constrangimento da bancada de jornalistas que o ouviam. 

A Lusa até admitiu que errou, mas não por sua própria culpa. Ora, assumir a culpa? Jamais! Ela era pobre e indefesa! Seria o time da elite branca e má quem a rebaixaria, apesar de ter sido a CBF a denunciar o erro.

Na ética dos apaniguados, cumpre atacar o inimigo e minimizar a culpa do apaniguado: não houve dolo! Como lembrou o auditor, em seu voto, não se cogita de dolo. Trata-se de uma infração semelhante aos crimes de mera conduta. A responsabilidade é objetiva.

Restou escancarada a manobra: para privar direitos de quem não se gosta, valeria tudo. Deturpar a lei. Rasgar a lei. Culpar o sistema. Lançar o argumento da vitimização. 

É por essa postura de parte da imprensa que outro exemplo da ética de apaniguados foi pouco contestado. Sim, falo sobre o tema que me inquieta, que também me estarreceu: o famigerado Programa Mais Médicos. O apaniguado, aqui, é o Governo Cubano. E pra ajudar o governo cubano o que se faz? Desconsidera-se a legislação trabalhista. Chama-se de bolsa o que na verdade é relação de emprego. Legitima-se o leasing de seres humanos criado por Cuba.

Felizmente, o STJD refreou, neste primeiro momento, a aplicação da ética dos apaniguados. Não se iludam, porém. Hoje pode ser divertido compartilhar do ódio a um time (não é ódio, é mera rivalidade) e apoiar, pretendendo-se moralista, o desrespeito à legalidade. Não se iludam. Hoje, vocês podem estar entre os que atiram pedras. Amanhã, entre os que são apedrejados.

27 comentários:

  1. A palavra que resume toda a polêmica do caso Héverton é hipocrisia.

    Vi pessoas que respeito afirmarem pouquíssimo tempo atrás que o que o Botafogo fizera em 99 era cumprir o regulamento (e de fato era, sem entrar no mérito da justiça do regulamento). Essas mesmas pessoas acusaram o Fluminense de clube sujo, corrupto, rei do tapetão e das manobras por se beneficiar do regulamento. O caso do Fluminense ainda tem dois atenuantes: o clube não foi autor da denúncia e não herdou os pontos perdidos pelos rivais.

    Citei o exemplo do Botafogo, por ser mais análogo ao atual. No entanto, representantes de todas as torcidas foram igualmente hipócritas.

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  2. O que mais me revolta, no entanto, não é a perdoável hipocrisia do torcedor rival, sentido com as recentes conquistas do Tricolor.

    Revoltante é a postura dessa imprensa calhorda. Tudo pra alimentar a polêmica, resguardar a imagem de seu clube predileto e achincalhar o clube mais tradicional do país. Desde a patética e inválida analogia com o caso Tartá/2010 que, pasmem, foi parar no julgamento, até a veiculação direta de piadinhas colocando o Fluminense como autor das denúncias feitas pela CBF.

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  3. Enquanto isso, o predileto da imprensa calhorda segue arrotando falsos moralismos e mantendo sua imagem intacta.

    Poucos abrem o olho para ver que o "erro" da Portuguesa é conveniente e improvável demais pra ter sido um erro...

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  4. Brilhante Texto!

    Há dias tento inserir algumas destas ideias na turba que segue a imprensa marrom.

    Hoje o Sóbis teve de correr pra fugir de torcedores do Atlético-MG, amanhã o que será? Quem se responsabilizará?

    Aproveitando o ensejo, não li isso ainda em lugar nenhum e acredito ser info de primeira mão.

    Decidi pesquisar a opinião dos "tão doutos e legalistas" cínicos da crônica paulista sobre os acontecimentos de 2005 e acabei achando uma PÉROLA do Juca Kfouri. Um tímido porém convencido defensor da Lusa no caso 2013.

    "O ideal seria mesmo que as decisões da justiça esportiva acontecessem apenas com base no regulamento, sem que a tradição bacharelesca que caracteriza o Brasil predominasse com tribunais em excesso e com gente que só quer aparecer."

    Aqui pode ser ler na íntegra: http://blogdojuca.uol.com.br/2005/10/o-rei-so-decidiu/

    Lamentável...

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  5. Perfeito, Mr. Pop!

    De fato, uma pérola! Muito perspicaz a pesquisa.

    Sou crítico ferrenho do Juca Kfouri. Pra mim é um jornalistazinho medíocre, que até hoje se aproveita da fama que ganhou por estar na hora certa e no lugar certo, pra impor opiniões suas como verdades a um público pobremente educado que toma qualquer Juca por autoridade.

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  6. A verdade é que cada torcedor tem sua própria teoria da conspiração, é um tal RJ contra SP e o resto da país contra o eixo do mal, os mesmo RJ-SP....

    A autora muito bem coloca como o pensamento pode mudar do dia pra noite indiferente do absurdo que se esteja apoiando, mas a chance de achincalhar o adversário(como se esse fosse um inimigo sanguinário que precisamos extirpar da face da terra) nunca é perdida e quanto mais barulho se faz melhor....

    E isso infelizmente é uma regra para todos, sem exceção, todos fazem isso...

    É o time isso, é o time aquilo, é dos pobres e pretos, é dos ricos e brancos, e dos "viados", ...

    Preferimos criar teorias emblemáticas, conspirações, artimanhas, armações, apadrinhamentos,..... mas não aceitamos que nosso time perdeu por que merecia, por que errou, por que não foi capaz de fazer o combinado junto a lei.. por que no futebol tudo pode acontecer...até mesmo defender ideias que até ontem eu combatia, tudo em nome da paixão, do amor clubístico ....

    Aqui mesmo tem gente que tem imaginação de dar inveja a Dan Brown....

    Então tricolores, fiquem tranquilos, estamos no Brasil lembram... a única verdade que esse povo aceita é aquela que vai trazer algum benefício a ele... o resto é conspiração...

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  7. Cléber, desde 2003 foram 4606 jogos por campeonatos brasileiros. Em apenas 3 houve escalações irregulares. A probabilidade de um jogo ao acaso ter jogador irregular é de 0,065% (6 ou 7 ocorrências em 10 mil casos). A probabilidade de duas ocorrências dessas na mesma rodada? Baixíssima. A probabilidade de acontecerem na mesma rodada e de a segunda ser tão conveniente ao Flamengo...? Zero.

    Lembre-se de que o Flamengo é o único a se beneficiar com o "erro" da Portuguesa...

    Não é imaginação de Dan Brown, é matemática.

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  8. Este episódio só serviu para a máscara dos calhordas que fazem parte da nossa mídia esportiva cair.

    Quando a gente ganha é roubado, quando não é roubado é sorte, quando a gente perde é pq a gente é mediocre, quando alguém erra e isso nos favorece por tabela, punir este alguém se torna imoral.

    Eu não entendo todo este ódio ao nosso time, eu vejo este ódio desde de criança e vejo em todos os detalhes, nunca perdem a chance de nos cutucar e tentar nos diminuir.

    Senhores, o que nós temos que gera tanto ódio contra nós?! Eu quero saber, quero um estudo sobre o assunto pois não consigo entender o que nós fizemos para isso!

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  9. Eu também não entendo todo esse ódio, Bigmontz...

    A mania insuportável do Flu de, mesmo tão bagunçado internamente, levantar taça atrás de taça? Pode ajudar, mas não justifica tanto ódio...

    O que eu sei é que o Fluminense foi escolhido para ser a Geni do futebol brasileiro.

    E que agora, mais do que nunca, estão jogando pedra na Geni.

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  10. "Revoltante é a postura dessa imprensa calhorda." O que leva a essa reação dos torcedores, a cada dia mais agressivos. Isso é um perigo nesse mundo violento de hoje.

    Seremos perseguidos nos jogos, nas resenhas, mas logo surgirá um escandalo qualquer na política, no próprio futebol ou qq outro setor e a fúria diminuirá ou ficará restrita aos dias de jogos. Esse é o nosso país.

    Não se esqueçam que será ano de Copa e eleições.

    ST

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  11. PC, bigmontz e Ramón,

    continuo defendendo a tese que cada torcedor vê a conspiração que quer. O botafoguense, que tem coisas que só acontecem com eles, se acha o mais injustiçado time do mundo, por que sempre é roubado, blá, blá, blá..., só citei o fogão por ser um bom exemplo.... mas eles não gostam de lembrar e menos ainda de serem lembrados das suas próprias conspirações...
    e assim vai todo mundo nessa batida.

    E amigo Ramón, me desculpe, mas ainda é muita imaginação, até por que estamos falando de dois erros de times diferentes.... e a julgar o seu pensamento entendemos que a Portuguesa, levada seja lá por que, resolveu salvar o colega carioca da vergonha????? Lembra, RJ contra SP??? Eu vou para o buraco para salvar um rival que nem é do mesmo estado??? Desculpa, mas qualquer insinuação nesse sentido é puro clubismo...

    E falando em matemática, essa ferramenta incrível para se justificar tanta coisa... eu vos pergunto... qual a probabilidade de um mesmo time em um período de 17/18 anos ser beneficiado 3 vezes e escapar do rebaixamento??? Será que é apenas coincidência mesmo??? Meu amigo, 3 + 1 é 4, mas 2 + 2 também é 4.... depende só das conveniência dos fatos....

    Mas deixo bem claro, não sou a favor de teorias da conspiração, enquanto ficar no campo apenas do eu "acho", pra mim é tudo mero clubismo.

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  12. Atenção;

    Cruzmaltinos, Alvinegros, Rubros, e demais Torcedores, esta luta não é só de nós Tricolores.

    Esta luta é de todos os Torcedores!
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    Ato em defesa do Fluminense (por Marcus Vinícius Caldeira)
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    Tricolores.

    Vamos construir um ato sábado ao meio-dia, no Fluminense, para defendê-lo e denunciar o fascismo de parte da imprensa contra o Clube.

    Vamos promover um grande abraço ao tricolor.

    Além disso:

    1. Exigir retratação pública aos jornalistas André Rizek, Renato Maurício Prado e Mauro Cezar pelo achincalhe que promoveram contra o Fluminense;

    2. Hipotecar nossa solidariedade aos torcedores da Portuguesa e colaborar para que se investigue a fundo o que houve no Canindé, pois é muito suspeito que o Flamengo erre no sábado e eles no domingo;

    3. Exigir imparcialidade e ética por parte da imprensa em relação ao assunto;

    4. Esclarecer que moralidade no futebol é respeito às normas do regulamento por parte de todos os 20 participantes da competição.

    Passou da hora.

    Um grande ato é possível.

    Farei de tudo para realizar o evento com outros blogs, sites, TOs e forças políticas do Clube.

    Quem tá dentro?

    Link para o Facebook: https://www.facebook.com/events/1417953161775632/1417995128438102/?ref=notif&notif_t=plan_mall_activity

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  13. Ao Cleber:


    caso não acredite em papainoel, leia:

    http://aqipossa.blogspot.com.br/2013/12/a-manobra-do-flamengo-para-se-livrar-do.html

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  14. Caro PPP,

    eu até que gostava dos textos do Mauro, mas sua obsessão conspiratória pró Flamengo o faz perder a linha editorial, as vezes até mesmo a boa educação.... façamos assim, acreditemos em nossos próprios papais noeis e façamos nossa própria conspiração....melhor assim...

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  15. Cléber, em primeiro lugar, não há rivalidade entre clubes pequenos de São Paulo e clubes grandes do Rio.

    Em segundo lugar, eu não estou sugerindo que Lusa quis ajudar o Fla por amizade. Estou insinuando que o Fla COMPROU a sua permanência na série A.

    E nem sou eu o articulador dessa explicação.

    Falar em probabilidade de tapetão...francamente, isso aqui é Brasil. Até hoje não tive saco pra contar quantos e quantos tapetões já ocorreram em pouco mais de 40 anos de campeonato.

    Só pro Flamengo já aliviaram a barra duas vezes. Em qualquer país sério, papeletas amarelas (86) e correr de adversário (87) dão rebaixamento.

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  16. É só considerar os fatos.
    O que há de diferente entre os rebaixamentos de 96,99 e 2013 com os de 97 e 98?

    Quantos times grandes estavam envolvidos em quedas ou possíveis quedas nesses anos? Além dos próprios clubes, a quem mais interessa ter mais times grandes na competição mais importante do país?

    Não é necessária matemática para ver que não houve coincidência nenhuma nesses anos.

    Vale o mesmo para agora, só acho que houve mais casos desde 2003, mas não muda que foram raríssimos ao longo dos campeonatos, com muitas vezes não ocorrendo nenhum caso em campeonatos inteiros. Então, acontecem dois na mesma rodada, e ninguém na imprensa estranha tal "coincidência"?

    E quem disse que a Lusa beneficiaria só o Flamengo, ela beneficia a si mesma e a aqueles que ganham mais com um campeonato com mais times grandes.

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  17. Ana, li só agora o seu texto e não pude deixar de perceber um erro fático. A suposta irregularidade no caso Sandro Hiroshi não foi a idade do jogador. Isso apareceu depois do processo do Botafogo no STJD. O caso em tela foi uma alegada irregularidade na venda do jogador entre o Tocantinópolis e o Rio Branco, surgida, curiosamente, na venda do jogador para o São Paulo. O Tocantinópolis disse ter direito a parte do dinheiro da venda. Devido ao imbróglio, a CBF bloqueou o passe do jogador. Ou seja, o São Paulo poderia escalá-lo, mas não poderia vender o jogador, para que não passasse o problema adiante. Por isso considero os pontos obtidos pelo Botafogo como indevidos, pois a CBF dava condições de jogo ao Hiroshi. Como depois veio o escândalo do "gato", um assunto foi confundido com o outro.

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  18. Este comentário foi removido pelo autor.

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  19. "Em 1999, foi a vez de o São Paulo escalar o "gato" Sandro Hiroshi irregularmente. O Botafogo, então rebaixado, após ter perdido por 6 a 1 pro SP, e o Inter pleiteiam os pontos das partidas e levam. Levam porque o regulamento previa isso."

    Não, o regulamento previa SOMENTE a perda de pontos do São Paulo e NÃO a transferência desses pontos para o Botafogo. Esse foi o motivo da ida do Gama a justiça comum e a vitória dele. O STJD "inventou" para salvar o Botafogo, ou seja, não cumpriu adequadamente o regulamento.

    Quanto a aplicação do regulamento, seria conveniente a autora do texto dar uma olhada em 2 artigos do CBDJ. O primeiro é o art 214, utilizado para apenar a Portuguesa e Flamengo. Diz o seguinte na parte relativa a pena: "perda do número máximo de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida". Ora, vejam bem, essa parte da pena é do número máximo de pontos da vitória, ou seja, pode variar de 0 a 3 pontos. Logo, é balela, que a pena é sempre de 3 pontos mais a perda de pontos obtidos na partida. Os membros do STJD tinham liberdade para apenar a Portuguesa com a perda de 1 a 4 pontos. E por que isso? Agora, a autora do texto tem que dar uma olhada no art. 2o do CBDJ que diz:
    "A interpretação e aplicação deste Código observará os seguintes princípios, sem prejuízo de outros"
    ...
    IX - motivação;
    ...
    XII - proporcionalidade;
    ..
    XIV - razoabilidade;
    Em outras palavras, o STJD deveria obrigatoriamente pesar o dolo e aplicar os princípios de proporcionalidade e razoabilidade nas suas decisões. Por isso, que o enunciado do art 214 permite a variação da pena (de 1 a 4 pontos no caso da Portuguesa).
    Mas, obviamente, ao STJD não interessava fazer justiça, e nem mesmo seguir o CBDJ.

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  20. Antônio, seu raciocínio parte de uma premissa equivocada. O CBJD não é um código para o futebol, mas TAMBÉM para o futebo. Quando ele diz "perda do número máximo de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida", significa que há competições nas quais os pontos atribuídos podem ser 2, 1, 4... No caso do futebol, são 3. Então, perde-se 3 pontos + os obtidos na partida. Então a variação é de 3 (caso o time punido tenha perdido), 4 (em caso de empate) ou 6 pontos (caso tenha vencido). Veja que é impossível, no futebol, a perda de 5 pontos.

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  21. Caro Flavio Andrade

    Sua interpretação está equivocada. Para justificar o que você diz, o texto deveria ser assim (note que eu retirei a palavra "máximo"):

    "perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida"

    Mas, ao contrário, o texto diz "perda do número máximo de pontos atribuídos a uma vitória"
    O "máximo" é o limite superior da quantidade de pontos que pode ser retirado do clube.

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  22. Exatamente, o máximo. E não "até o máximo".


    Sem edição: "PENA: perda do número máximo de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da
    competição, independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente, e multa de
    R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). (NR).

    § 1º Para os fins deste artigo, não serão computados os pontos eventualmente
    obtidos pelo infrator. (NR)."

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  23. Flavio Andrade

    Voltando ao termo "número máximo de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição", por um acaso existe competição cujo número de pontos da vitória varia ao longo dela? Numa fase vale 3 pontos, noutra 2 pontos, e assim por diante?

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  24. No vôlei. Se o time ganha por 3x1 ou 3x0, faz 3 pontos. Se ganhar por 3x2, ganha apenas 2 pontos.

    Seria muito mais ilógico dizer que o "número máximo de pontos atribuídos a uma vitória" seria aquele atribuído a um empate (no caso do empate, 1 ponto) ou a uma derrota (?!).

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  25. Flavio Andrade


    Você tem razão, o que torna a coisa ainda pior porque desse modo há um sério conflito ou incoerência entre os artigos 214 e 2 do CBDJ (thanks a essa grande sumidade da justiça desportiva, o sr Heraldo Panhoca).

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  26. Flavio Andrade


    Você tem razão, o que torna a coisa ainda pior porque desse modo há um sério conflito ou incoerência entre os artigos 214 e 2 do CBDJ (thanks a essa grande sumidade da justiça desportiva, o sr Heraldo Panhoca).

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  27. Não há absolutamente nenhum conflito. O texto do CBJD é claríssimo:

    "perda do número máximo de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida"

    No Campeonato Brasileiro, o "número máximo de pontos atribuídos a uma vitória" é 3. Logo, a punição tem que ser de 3 pontos (além, é claro, dos pontos obtidos no jogo em questão).

    Suponha uma competição que preveja em seu regulamento um ponto extra por goleada (já aconteceu no Campeonato Brasileiro, antigamente). Nesse caso, o "número máximo de pontos atribuídos a uma vitória" seria 4. E a punição, naturalmente, seria 4 pontos + os obtidos na partida em questão.

    Qual é a dúvida?

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