quinta-feira, 5 de junho de 2008

Fluminense 3 x 1 Boca Juniors



Rio de Janeiro, madrugada de 4 para 5 de junho de 2008.

Acabo de chegar do Estádio Mário Filho, o mítico Maracanã, onde assisti à brilhante classificação do meu Fluminense contra o poderoso Boca Juniors!

Cabe relembrar algumas das frases ditas antes do primeiro jogo, 2 a 2 em Buenos Aires.

A primeira veio da "boca" (duplo sentido, por favor!) de muitos argentinos. "Não importa o resultado de Buenos Aires. O Boca vai vencer no Rio."

A próxima demonstra o menosprezo dos próprios jogadores xeneizes em relação ao Fluminense. O atacante Palermo disse, para quem quisesse ouvir: "O Boca ganhará os dois jogos."

Seu companheiro Riquelme não deixou por menos: "Palermo quer a artilharia. Ele fará uns cinco gols no Fluminense."

O camisa 10 do Boca ainda falou mais. Já estava pensando no confronto com seu compatriota Tevez, do Manchester United, contra quem o campeão da Libertadores provavelmente jogará no Japão.

As frases acima foram ditas por argentinos. Nada justifica falta de respeito. Mas eles ao menos tinham uma razão para proferi-las: apoiar o time do seu país. Algo que, infelizmente, a imprensa brasileira não fez pelo Fluminense.

Impossível citar aqui, neste curto espaço, todas as frases infelizes ditas pelos jornalistas brasileiros. Assim, citarei apenas o maior absurdo que ouvi: a frase, repetida à exaustão, pelos mais diversos veículos de comunicação: "O Fluminense não tem tradição." Peraí, volta a fita. Não tem tradição? O clube pioneiro do futebol de alto nível no Brasil não tem tradição? O maior campeão carioca não tem tradição? O detentor da Taça Olímpica de 1949 não tem tradição? O campeão mundial de 1952 não tem tradição? Um time com três conquistas nacionais (1970, 1984, 2007) não tem tradição? Então, tá...

Voltando às declarações argentinas... no início do ano, Riquelme foi sondado sobre a possibilidade de defender o Fluminense na Libertadores. Ele respondeu, seco: "Fluminense? Que Fluminense?".

Os jogadores do Boca não menosprezaram apenas o Fluminense. Menosprezaram também o Maracanã. Ganharam do Cruzeiro no Mineirão e do Atlas no Jalisco. Acharam que o Maracanã era só mais um estádio. Não acreditaram na força do Estádio Mário Filho.

Nesta quarta-feira, aconteceu o suave milagre. Os vivos saíram de suas casas, os doentes de suas camas, e os mortos de suas tumbas. Escorria gente pelas paredes do Maracanã. Todos ávidos por um milagre: a eliminação do Boca, façanha que, dentre todos os times brasileiros, apenas o Santos de Pelé havia realizado.

Começa o jogo. O jogo no primeiro tempo foi estudado. Leve domínio do Boca. Porém, as jogadas de perigo dos xeneizes eram paradas, uma a uma, pelas épicas atuações de Fernando Henrique e Thiago Silva.

Os tricolores sabem que com o Flu tudo é dramático. Evidentemente, no segundo tempo, aconteceu o que todos sabiam que aconteceria: gol dos argentinos. Palermo de cabeça. Seria apenas o primeiro dos cinco que ele achava que marcaria no confronto!

A música mais recente da torcida tricolor diz assim:
"O dale dale dale dale dale Fluminense!
O dale dale dale dale dale Tricolor!
Há tantos anos juntos na vitória e na derrota!
Mas a certeza é que eu nunca vou te abandonar!
Eu canto NENSE quando o time vai bem!
Eu canto NENSE quando o time vai mal!
Um gol sofrido não vai me abater!
NÃO VOU PARAR DE CANTAR!"

Começamos a entoá-la. O Fluminense precisava de nós. Precisou há 10 anos, e nós estávamos lá. Não seria diferente hoje. Nós estávamos lá!

Falta perigosa, sofrida por Dodô, nosso 12º titular, que acabara de entrar em campo. Dali, temos muitos cobradores de qualidade: Thiago Neves, Dodô, Thiago Silva, Washington... Joana, ao meu lado, disse: "O Dodô tem que bater essa falta!". Eu respondi: "Quem bater vai fazer o gol!". Eu tinha certeza. Só não sabia quem faria o gol. Só sabia que faria o gol! Washington executou a cobrança perfeita. Nenhuma chance para o goleiro xeneize. Bola na rede. 1 a 1! Explosão de alegria nas três cores que traduzem tradição!

O Boca novamente se via obrigado a tentar o gol. Com isso, cedia perigosos espaços. Num dos contra-ataques, Dodô achou Conca. O nosso argentino, humilde como não o são os outros aqui citados, partiu em velocidade pela esquerda. Invadiu a área e tocou para o meio. Ibarra desviou, e a bola iria para escanteio. Iria, porque houve um segundo desvio! Sobrenatural de Almeida foi o responsável por ele. Somente os tricolores viram o toque mortal do Sobrenatural naquela bola. Tudo calculado pelo Conca, como disse meu amigo Alan. E ele está certo. Bola na rede! 2 a 1 Flu! E o Boca não empataria mais! Nunca mais!


Isso porque Thiago Silva e Fernando Henrique continuavam com suas atuações épicas lá atrás. O melhor zagueiro do mundo tirou uma bola que já havia passado pelo nosso brilhante goleiro!

O golpe final teria que vir do homem que mudou o jogo, nosso 12º titular. Dodô jogou a última pá de cal no caixão do Boca, aos 47 do segundo tempo (nosso minuto favorito, né, Washington?). 3 a 1. Fim de jogo. Muitas "bocas" caladas na Argentina e no Brasil! Acho que agora o Boca e seu craque Riquelme conhecem o Fluminense. Respeitam o Fluminense. Agora respeitam o Maracanã, e a torcida do Fluminense.

Daqui a décadas, o continente dirá, mordido de nostalgia: "AQUELE Fluminense e Boca!".

Saudações Tricolores!
PC

Vídeo com os gols do Fluminense, na narração emocionante e arrepiante de Luiz Penido:

3 comentários:

  1. e eu não vi a droga do jogo direito... seixas fdp

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  2. PC!!!!

    aqui é a bel lá da comuna, parabéns pela crônica... meu cerebro ainda n tá funcionando direito, n sei como vc consegui escrever tão bem o que se passou durante essas duas últimas semanas, culminando com a nossa classificação ontem!!!

    PARABÉNS!!!

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  3. Texto publicado em: http://ffcamor-incondicional.blogspot.com/2012/03/inspiracao-tricolor-fluminense-x-boca.html

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