sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O Grenal do século

O Campeonato Brasileiro de 2008 está para acabar, e o Internacional está a um passo de conquistar a Copa Sul-Americana. Esses dois fatos me motivaram a escrever um texto sobre o maior Grenal de todos os tempos. Há quase 20 anos...

No dia 12 de fevereiro de 1989, Grêmio e Internacional se enfrentaram em Porto Alegre. O Estádio Beira-Rio estava completamente lotado (78.083 pagantes), para o segundo jogo da semifinal do Campeonato Brasileiro de 1988. O Inter chegara à semifinal após passar pelo Cruzeiro, e o Grêmio eliminara o Flamengo. A primeira batalha foi no Olímpico, e terminou 1 a 1. Assim, a melhor campanha do Colorado permitia-lhe empatar após tempo normal e prorrogação.

Um Grenal é sempre emoção, do início ao fim. Quando eram contados 25 minutos do primeiro tempo, o tricolor gaúcho explodiu em êxtase: gol de Marcos Vinícius. A torcida gremista, minoria no Beira-Rio, começou a sua festa. A comemoração aumentaria aos 38 minutos, quando Arnaldo César Coelho expulsou o colorado Casemiro. O Internacional, que antes do jogo parecia um gigante imbatível, via suas chances de chegar à final cada vez mais reduzidas.

Amigos, vejam que ironia do destino: o técnico do Grêmio era Rubens Minelli, que havia conquistado o bicampeonato brasileiro pelo Inter, em 1975 e 1976. Justo ele tiraria do Inter a chance de disputar o tetra! No comando do Colorado, estava Abel Braga. Ele tinha a dura missão de fazer o time empatar, com um jogador a menos, no segundo tempo.

Falta perigosa para o Inter, aos 16 do segundo tempo: Edu na bola! Os microfones à beira do campo captam o grito de Mazarópi, goleiro gremista: "Cuidado com o Nílson! Marcação cerrada nele, porra!". Bola alçada na área, e Nílson sobe sozinho. Ele desfere uma cabeçada mortal, um verdadeiro chute com a cabeça. 1 a 1, e o Beira-Rio explode com o urro colorado: GOL! Estava empatada a peleja.

Agora, era o tricolor gaúcho que tinha a obrigação de marcar um gol. E, partindo para cima do rival, abria espaços para os contra-ataques, mesmo jogando com um a mais. Um desses contra-golpes foi fatal. Maurício rabiscou a defesa pela direita e chutou. A pelota passou por Mazarópi, mas se encaminhava para a linha de fundo. Eis que, por trás da zaga, surge o carrasco Nílson! Ele escora para o gol. 2 a 1 Inter, e a vaga colorada na final assegurada.

Assim foi o Grenal do século. Mesmo com um a menos, o Internacional conseguiu modificar o destino da batalha. Mais uma vez, o futebol nos ensinou: não devemos desistir nunca.

Na outra semifinal, o Bahia venceu o Fluminense. Na final, o tricolor baiano bateu o Inter e sagrou-se campeão brasileiro. Maurício, autor da jogada que resultou no segundo gol de Nílson, se transferiu para o Botafogo. Meses depois, ele faria o gol do título carioca, em cima do Flamengo. O tento ficou famoso, porque acabou com o jejum do alvinegro carioca, de 21 anos sem títulos.

PC

domingo, 23 de novembro de 2008

Personagem do fim de semana - Washington

Amigos, chega o fim do domingo e, como sempre, eu me pergunto: quem será o meu personagem do fim de semana?

O jogo mais dramático da rodada foi, sem dúvidas, Vasco 1 x 2 São Paulo. Porém, não vejo na batalha de São Januário nenhum nome iluminado que tenha modificado o destino da batalha. Os são-paulinos vibram, pois, com a derrota do Grêmio, praticamente asseguraram o tri. Os vascaínos lamentam, pois a queda para a Segundona parece iminente. Entretanto, alerto aos cruzmaltinos: não se deve desistir nunca. O Fluminense nos ensinou isso no primeiro semestre, durante a épica campanha na Libertadores.

Outro confronto carregado de emoção foi Cruzeiro 3 x 2 Flamengo. Os mineiros fizeram 1 a 0 com Fernandinho. Os cariocas empataram com Ibson, de cabeça. A equipe celeste, então, marcou 2 a 1, com Thiago Ribeiro. O rubro-negro, com seu ímpeto característico, não desistiu e empatou novamente, com gol do folclórico Obina. E coube a Ramires fazer o gol da vitória cruzeirense. O Flamengo não empataria mais. Nunca mais. Tampouco nesse confronto vi um personagem de destaque.

No jogo do Beira-Rio (Internacional 0 x 2 Fluminense), nesse sim, houve um grande nome. O jogo estava 1 a 0 para o Fluminense, gol de Romeu, em belo chute de fora da área. Eis que, numa disputa de bola, o zagueiro colorado pisa na bola, e ela sobra para Washington. O Coração Valente dribla o goleiro e chuta... para fora! O lance deveria ser imediatamente enviado ao quadro "Bola Murcha", em que são mostradas as grandes pixotadas do futebol amador Brasil afora. Sim, Washington protagonizou uma jogada típica de uma pelada, como aquelas disputadas acirradamente no Aterro do Flamengo.

Observo que, na mesma batalha, o Coração Valente Tricolor foi capaz de cobrar o pênalti com uma categoria digna de um Pelé, sem chances para o goleiro Lauro, do Internacional. E é por isso que eu elevo Washington Stecanela Cerqueira, novamente, à ilustre posição de personagem do fim de semana. No futebol atual, somente ele é capaz de aliar tamanhas pixotadas a grandes demonstrações de categoria. Ele é o Waldo dos novos tempos: perde gols aos borbotões, mas também marca gols aos borbotões. Quanta versatilidade possui o artilheiro do Fluminense!

PC

Acabo de inaugurar minha Lista Negra

Caros leitores, hoje não vou escrever muita coisa. Para evitar poluir esse brilhante blog com palavrões e também como forma de protesto, deixo apenas registrada minha revolta contra a não marcação de um pênalti mais claro que a operadora do meu celular pelo senhor Carlos Eugênio Simon. Não bastasse isso, ainda expulsou o nosso Capitão após o término da partida.
O jogo entre Flamengo e Cruzeiro foi emocionante, e várias vezes a vantagem na tabela mudou de mãos.
Paro por aqui. PC, desculpe por todas as vezes que falei que você chorava demais pelos erros da arbitragem. Hoje senti na pele.
Faço minhas as palavras do Fábio Luciano: Como pode um árbitro com tamanha experiência ter medo do Mineirão?

rafs

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Há 20 anos

Hoje é dia 18 de novembro, e há dois dias, conforme bem escreveu nesse espaço o Rafael, Flamengo e Palmeiras se enfrentaram no Maracanã, e o rubro-negro venceu por 5 a 2, em grande tarde de Ibson e Kléberson. Vou contar aqui a história de um outro Flamengo x Palmeiras, com um final diferente e épico.

Há exatos 20 anos, no Campeonato Brasileiro de 1988, Flamengo e Palmeiras protagonizaram um jogo inesquecível no Maracanã. No estranho sistema daquele campeonato, a vitória valia três pontos (na época, o normal era valer dois). Se houvesse empate, cada time ganhava um ponto, e um ponto extra era decidido nos pênaltis.

O Flamengo, comandado por Zico e Bebeto, com Telê Santana de técnico, jogava muito melhor. No Palmeiras, o então garoto Zetti vivia seu segundo ano como goleiro profissional, e vinha tendo grande atuação, salvando a equipe alviverde.

No início do segundo tempo, as coisas ficaram piores para o Palmeiras: o lateral Denys foi expulso após jogada violenta. Porém, a zebra alviverde resolveu passear no Estádio Mário Filho: o ponta Mauro, em jogada de bola parada, estufou as redes flamengas: 1 a 0.

O rubro-negro, com um a mais, foi com pressão total ao ataque, em busca do empate. O Palmeiras resistia bravamente. Eis que, aos 44 do segundo tempo, acontece o lance que mudaria a história do jogo: Zetti fratura a tíbia, ao se chocar com Bebeto. As duas substituições a que o Palmeiras tinha direito já haviam sido realizadas. (apenas duas substituições eram permitidas nesses velhos tempos)

O centroavante Gaúcho, então, foi para debaixo das traves. Com dois a menos na linha, e um atacante no gol, o quadro paulista não resistiu: Bebeto empatou. O jogo foi para os pênaltis - o goleiro do Verdão seria Gaúcho. O atacante alviverde disse aos repórteres, antes da disputa: "vou pegar, e nós vamos ganhar".

Os idiotas da objetividade diziam: "acabou, a vitória é do Flamengo". Amigos, eis por quê eu os qualifiquei de idiotas. O zagueiro rubro-negro Aldair partiu para a bola e - pasmem! - Gaúcho voou e defendeu! Porém, o meia Bandeira, do Palmeiras, desperdiçou sua cobrança. Gaúcho converteu a sua, e voltou para o gol. O flamenguista Zinho chutou e - milagre! - Gaúcho voou e defendeu de novo! O alviverde paulista venceu o rubro-negro carioca, em plena disputa de pênaltis, com um atacante no gol! Um autêntico Maracanazo!

Vários personagens desse jogo voltariam à tona nos anos seguintes. O herói palmeirense, Gaúcho - quem diria! - seria campeão brasileiro pelo Flamengo, em 1992. Os rubro-negros Aldair, Leonardo, Bebeto e Zinho e o palmeirense Zetti estariam no elenco que conquistaria a Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.

PC

domingo, 16 de novembro de 2008

Feliz Aniversário, Mengão!!!

Alô Nação Rubro-Negra! Que belo presente recebemos hoje!!!

No fim-de-semana em que o Mais Querido do Brasil completa 113 anos, fomos agraciados com uma vitória maiúscula sobre o Palmeiras, daquelas que ficam gravadas na história do confronto.

Destaque para o meio-campo do Flamengo, mais uma vez composto por quatro jogadores terminados em “on”: Kléberson, Ibson, Aírton e Jaílton. Tudo bem, na verdade o Jaílton joga como terceiro zagueiro, e o meio é completado pelos alas Juan e Léo Moura, mas eu não podia perder a piada. E o placar foi tão dilatado graças ao meio-campo.

Enfim funcionou a dupla formada pelos filhos de Kleber e de Ib! Pela primeira vez no campeonato os dois jogaram bem numa mesma partida, e presentearam a torcida com um show de bola, com direito a três gols do camisa sete, sendo um deles encobrindo São Marcos, com a bola morrendo na gaveta, e outro de letra! Uma pintura.

Mas não foi só isso que determinou o placar. O meio-campo alviverde não jogou. E deixou o Flamengo jogar. Assim fica mole! Eles até tentaram engrossar um pouco a partida, mas os dois golzinhos palmeirenses só engrandeceram ainda mais a vitória do Mengão.

Outro fator que acho que foi decisivo foi a agressão sofrida pelo técnico rubro-negro do Palmeiras por um bando de pseudo-torcedores antes mesmo de deixarem as terras paulistanas. O técnico estava visivelmente abalado, e acho que isso contribuiu para o fraco desempenho do time.

Vou fazer como o meu companheiro de blog e eleger um personagem para o jogo. Ibson? Kléberson? Não! Escolho o nosso técnico, Caio Júnior. Eu mesmo já o critiquei algumas vezes, mas sou um dos poucos flamenguistas que conheço que apóiam plenamente o seu trabalho. Ele está muito certo em pedir que seja mais valorizado, pois temos o segundo melhor ataque da competição sem um matador no time. Fiquei muito feliz ao ouvir a torcida fazer o que ele havia sonhado: gritar seu nome (sem a palavra “burro” logo depois).

Assim como o nobre colega afirmava na primeira metade do ano, eu também afirmo agora: EU ACREDITO! Já nem ligo mais para o G4 inferior da tabela, se Vasco ou Fluminense vão ouvir as piadinhas sobre a diferença entre eles e o Faustão ou não. Prego a união dos times cariocas contra os paulistas! Que Vasco e Fluminense consigam derrotar o virtualmente imbatível São Paulo. Só assim para sermos campeões, mas repito: Eu acredito!

Próxima final será contra o Cruzeiro, que levou uma chinelada do Náutico e agora está mais aflito que o próprio Timbu. Espero que o Fla mantenha o mesmo espírito do jogo de ontem, e a Raposa mantenha o do jogo de ontem. Aliás, até os placares poderiam ser mantidos: Flamengo vencendo por 5 a 2, Cruzeiro perdendo por 5 a 2. Tomara...

Curiosidade: o Flamengo foi fundado no dia 17 de novembro de 1895. Mas a data foi mudada para 15 de novembro, para “aproveitar” o feriado, por isso o aniversário do clube é comemorado no dia 15.

rafs

Maicon e Tartá

Amigos, quem poderia ser o meu personagem desse fim de semana? Candidatos não faltam...

Poderia ser o tenista sérvio Novak Djokovic, que arrasou o russo Nikolay Davydenko na final da Copa do Mundo de tênis, em Shanghai. Porém, já escrevi sobre tênis aqui, e nada tenho mais a dizer sobre isso.

Poderia ser a torcida do Fluminense. 42 mil fanáticos foram ao Maracanã, em pleno sábado de sol, dispostos a vencer ou perecer. E venceram, tendo decisiva participação na virada Tricolor. Porém, seria repetitivo demais de minha parte continuar elogiando a torcida mais apaixonada do mundo.

Poderia ser uma torcedora em particular: minha amiga Maria Isabel, que assistiu ao jogo comigo, na arquibancada amarela à esquerda das cabines de rádio. Também ela, com seus 100% de aproveitamento em 2008, teve influência decisiva no destino da batalha.

Poderia ser o técnico René Simões, que mudou o time pó-de-arroz no intervalo. O quadro, que foi apático para o vestiário, retornou eufórico para o segundo tempo. Jogou com garra, com determinação, com o élan característico dos times vitoriosos. As substituições do sósia do Super Mario mudaram o Tricolor!

E é exatamente por isso que são eles os meus dois personagens do fim de semana: Maicon e Tartá. Os garotos entraram em campo com uma vontade e um ímpeto inexcedíveis. Corriam feito coelhinhos de desenho animado! Driblavam com tanta rapidez que os jogadores da Portuguesa não conseguiam nem ver a cor da bola. O placar, mesmo com sua frieza característica, já diz tudo: quando os garotos entraram em campo, estava lá "Fluminense 0, Portuguesa 1"; no fim do jogo, estava lá "Fluminense 3, Portuguesa 1". Os três gols tricolores começaram nos pés de Maicon. No primeiro, Washington desencantou, após passe de Maicon. No segundo, Tartá aproveitou o rebote do goleiro, em chute de Maicon. No terceiro, foi Romeu que emendou para o gol, após passe de Maicon. Até na entrevista pós-jogo, Maicon deu show: "Isso é Fluminense", disse o craque, com toda a razão.

Os idiotas da objetividade não concordarão com o que escreverei a seguir. Mas, diante dessa atuação nota 10 do menino Maicon, sou obrigado a dizer: ele tem grande futuro. Se repetir atuações antológicas como as de ontem, logo vai envergar a camisa amarela do escrete. Se dependesse de mim, já chamaríamos o garoto para o jogo de quarta-feira, contra Portugal, em Brasília. Ele ainda nos dará glórias e vitórias mil, anotem o que estou dizendo!

PC

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O mito Federer

Amigos, o que se viu hoje em Shanghai não foi uma simples partida de tênis. Tivemos o privilégio de assistir à luta de um herói, uma lenda, um mito. Ele se chama Roger Federer.

Há quem diga que já passou a época do suíço. De fato, ele não é mais o número 1 do mundo. Mas o que Federer fez hoje demonstra que ele está acima de qualquer ranking, de qualquer estatística, de qualquer número!

Vocês leitores devem estar pensando: ele está maluco, o Federer perdeu... Realmente, perdeu. Infelizmente, perdeu. Em uma exibição consistente, Andrew Murray derrotou o suíço por 2 sets a 1. Porém, a frieza do placar não mostra o que foi o grande duelo. O escore esconde atrás de si toda a dramaticidade do confronto.

No primeiro set, o suíço quebrou duas vezes o serviço de Murray, e venceu com facilidade: 6 a 4. Trata-se de um grande feito, pois o britânico vem jogando muito bem. Mas esse foi apenas o começo, o prólogo, da saga de Roger Federer hoje.

No segundo set, o britânico foi muito bem. Quebrou duas vezes o serviço de Federer, e abriu 5 a 2, com o saque a favor. Qualquer um, no lugar do suíço, teria jogado a toalha: o set estava perdido. Será que estava mesmo? Em três games espetaculares, Federer materializou o milagre: 5 a 5! Mesmo após a reação espetacular, Murray conseguiu vencer o set, no tie-break.

O terceiro e decisivo set foi de uma dramaticidade inesquecível. A batalha do set anterior doía no corpo de Federer, que pediu atendimento médico por duas vezes. Quando Murray abriu 3 a 0, a platéia viu que o suíço não conseguiria mais prolongar a batalha. Ou melhor, não conseguiria fosse ele um ser humano como outro qualquer. Mas ele é Federer. Visivelmente lesionado, o suíço novamente fez o que parecia impossível. Duas quebras seguidas, e 4 a 3 no placar do set! Confesso que fiquei assombrado. Era difícil acreditar no que meus olhos viam. Mas Murray é um tenista fantástico, e se aproveitou de um deslize de Federer para quebrar seu serviço e fazer 4 a 4. O britânico confirmou o saque em seguida, fazendo 5 a 4.

Federer sacava sem poder errar: se ele não confirmasse o seu serviço, Murray venceria. Por incríveis sete vezes nesse game, o britânico teve o match point. E, nas sete vezes, o heróico suíço salvou a partida. Por sete vezes - eu disse sete! - a partida esteve por um fio, e nas sete vezes Roger Federer evitou a derrota. O que o suíço fez nesse game não se faz - é pior do que xingar a mãe. Após finalmente confirmar o serviço, Federer não conseguiu quebrar o saque de Murray, e o placar foi a 6 a 5. No décimo-segundo game, o mito não resistiu e capitulou.

Apesar da derrota, Roger Federer viveu o seu grande dia. Daqui a duzentos anos, os chineses dirão, mordidos de nostalgia: aquela partida do Federer...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sujeira no futebol brasileiro


Amigos, o texto de hoje é daqueles que geram muita polêmica: vou escrever sobre a sujeira existente nos bastidores do futebol brasileiro. Começo com a questão das arbitragens: fui especialmente motivado por uma reportagem do site globoesporte.com, que publicou uma tabela fictícia, a qual mostra como estaria o campeonato caso os juízes não tivessem cometido erro algum. Eu forneceria o link aqui, mas a reportagem citada foi estranhamente removida uma hora após a publicação. A censura voltou e eu não sabia? [Nota: uma amiga tirou o print screen, exposto acima.]

Quando reclamei, aqui mesmo nesse espaço, dos seguidos erros cometidos contra o Fluminense, fui tachado de "chorão". "Pára de reclamar, os juízes erram para os dois lados", me diziam alguns. Pois bem, e o que nos disse a referida tabela? Ora, ela nos disse o óbvio ululante! O Tricolor é, disparado, o clube que mais foi garfado durante o certame. Exatamente como eu vinha escrevendo aqui.

De acordo com a análise do globoesporte.com, dez pontos nos foram levados pelos juízes ladrões. DEZ PONTOS! Esses dez pontos catapultariam o Pó-de-arroz para a décima posição na tabela, seis lugares acima do nosso posto atual. Já estariamos livres da patética ameaça de rebaixamento. Disse "patética" e repito: "patética". Sim, "patética". Não há outro adjetivo que defina melhor essa ameaça que tanto atormenta a vida dos Tricolores. O Fluminense é um time que foi o melhor da América no primeiro semestre; um time que jogou as oito primeiras rodadas com os garotos do time júnior; um time que emprestou seus dois melhores jogadores para a Seleção, durante mais de um mês; um time que foi o mais garfado do campeonato, até mesmo na opinião da imprensa que tantas vezes se mostrou anti-tricolor. Qualquer apreciador do bom futebol não pode achar justo um possível rebaixamento desse time.

Voltando à questão da arbitragem: uma amiga me cochicha ao pé do ouvido que, no ano passado, semelhante tabela também foi produzida. Ela me diz, com o olho rútilo e o lábio trêmulo: "Adivinhe qual foi o time mais garfado do ano passado". Eu adivinhei. Você, leitor, também já deve saber a essa altura. Torcida Tricolor, pode comemorar: somos bi-campeões! A pergunta que não quer calar é: por quê isso? Por que o Fluminense é muito mais prejudicado que beneficiado, ano após ano? Por que nós temos que sofrer com os seguidos erros de arbitragem, sempre contra nós?

Vamos ao outro lado dessa perversa tabela. Quem são os mais beneficiados? São Paulo, Palmeiras e Santos - os três clubes grandes paulistas! Coincidência demais para o meu gosto. Logo depois, vem o Flamengo, clube do qual eu falo a seguir.

Essa semana, ocorreram fatos estranhos nos bastidores do clássico Botafogo 0 x 1 Flamengo. Tudo começou com a transferência do jogo do Engenhão para o Maracanã. Eu mesmo escrevi aqui, após o Botafogo 1 x 1 Fluminense, que o Engenhão não oferecia condições de segurança para abrigar um clássico. Porém, eu queria saber por que o Flamengo foi o único clube beneficiado por dona CBF com a transferência do jogo. Vasco e Fluminense foram prejudicados, pois tiveram que atuar como visitantes no moderno porém acanhado Estádio Olímpico. Não bastasse isso, adivinhem quem foi o juiz escalado para o jogo! Marcelo de Lima Henrique, que errou clamorosamente a favor do Flamengo, contra o Botafogo, numa decisão de turno do Campeonato Carioca desse ano. O árbitro foi mantido, mesmo após as reclamações veementes da diretoria alvinegra. O que aconteceu no clássico? Meus leitores são inteligentes e já sabem. Já no primeiro minuto, o juiz ladrão ignorou um pênalti claro do rubro-negro Bruno no alvinegro Jorge Henrique. No final da partida, em um lance parecidíssimo, o juiz marcou a penalidade para o Flamengo.

Cabe recordar que, já no ano passado, o Flamengo foi beneficiado com adiamento de jogos e inversões de mando de campo, durante os Jogos Pan-Americanos. Enquanto isso, Fluminense e Botafogo foram obrigados a mandar seus jogos em outros estados. No final do campeonato, com uma seqüência surreal de jogos em casa, o Flamengo conseguiu a arrancada rumo à vaga na Libertadores.

Atirei as sujeiras do futebol tupiniquim no ventilador. Aguardo vossos comentários.
PC

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Washington

Amigos, o personagem escolhido por mim nesse fim de semana é Washington Stecanela Cerqueira. O Coração Valente, do Tricolor, teve mais uma atuação patética no domingo.

Washington usou e abusou do direito de perder gols. Há alguns dias em que ele é uma máquina de fazer gols, e há outros dias em que ele é uma máquina de perder gols. No Mineirão, diante do Cruzeiro, ele foi uma máquina de perder gols. Infelizmente para a torcida pó-de-arroz, isso se traduziu no placar do jogo: Cruzeiro 1, Fluminense 0.

Me impressiona essa inconstância do centro-avante do Fluminense. Nos dias bons, o sujeito empurra as bolas mais difíceis para as redes adversárias. Nos dias ruins, perde gols que a sua avó provavelmente faria. Ainda assim, é um dos artilheiros do Campeonato Brasileiro. E isso não é novidade para ele, visto que ele já foi o maior goleador do futebol nacional, quando jogava pelo Atlético do Paraná.

Aos Tricolores do céu e da terra, fica a esperança de que as últimas atuações ruins de Washington sejam a moldura para excelentes atuações nos próximos jogos. Precisaremos dos gols dele para fugir do rebaixamento!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A batalha de Florianópolis

Amigos, o que se viu ontem em Florianópolis não foi uma partida de futebol. Com aquela chuva torrencial, o gramado do Estádio Orlando Scarpelli não era mais um campo de futebol. Mais parecia uma piscina olímpica.

Como o jogo não era de futebol, o Tricolor teve que se privar do raríssimo talento de Darío Conca. Sim, amigos, a substituição do craque argentino fez todo o sentido, embora não pareça. Em um jogo normal de futebol, trocar a habilidade de um Conca pelo poder de destruição de um zagueiro seria um atentado à arte futebolística. Porém, a batalha de Florianópolis não constituiu um jogo normal de futebol. Tratava-se de uma batalha, como a de Waterloo. O baixinho portenho tem talento para jogar bola, e não para guerrear. Portanto, sua substituição foi um acerto de René Simões.

Ainda bem que houve aqueles quinze minutos de semana passada, durante os quais os jogadores puderam jogar bola. Tempo suficiente para que Arouca fizesse o gol da vitória - a doce e santa vitória! O 1 a 0 alivia bastante a luta do Fluminense contra o possível e injusto rebaixamento.

Restam as cinco decisivas rodadas do certame. As próximas semanas serão eletrizantes. A briga pelo título está acirrada: São Paulo, Palmeiras, Grêmio e Cruzeiro favoritos, com o Flamengo correndo por fora. Na parte de baixo, Fluminense e Vasco brigam contra o rebaixamento. Na minha feliz condição de tricolor nato, confesso e hereditário, torço para que ambos consigam se manter na elite. Um Campeonato Brasileiro sem o Pó-de-arroz ou o Bacalhau seria como a música sem Tom Jobim ou Chico Buarque.

PC

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pitacos

Amigos, hoje eu só escreveria sobre a histórica corrida de Interlagos, que deu a Lewis Hamilton o título, por ínfimos 500 metros. Porém, o que resta escrever sobre a Fórmula 1 após o brilhante relato realizado pelo meu colega de blog? Perguntei e já respondo: quase nada.

Então, meu espaço aqui será preenchido por pitacos sobre algumas situações que vivi nos últimos dias. Lá vai:

1. Ainda sobre a corrida: a derrota de Felipe Massa foi muito mais cruel e dolorosa do que poderia ter sido. Explico: a situação estava perdida - sete pontos constituem uma diferença considerável, de modo que estávamos todos conformados com a derrota, que já era esperada. Então, a esperança veio em forma de chuva: de repente, o brasileiro passou a ser o campeão. E o que acontece em seguida: o doce da vitória é retirado das nossas bocas, quando já estávamos começando a saboreá-lo. Uma pena.

2. A situação é parecidíssima com a perda da final da Libertadores pelo Fluminense, esse ano. Na ocasião, escrevi que "o esporte não tem nenhum compromisso com a justiça". Assim como o Fluminense merecia a Libertadores após aquela partida fantástica, também Massa merecia o campeonato após a corrida brilhante.

3. Falando em Fluminense, o Tricolor perdeu o clássico contra o Vasco na ousadia de René Simões. Ao tirar o volante Fabinho e pôr o atacante Ciel, o técnico pó-de-arroz mostrou que estava disposto a vencer ou perecer. René está de parabéns por abominar o empate. Infelizmente para nós, tricolores natos, hereditários e confessos, acabamos perdendo o jogo. Faz parte.

4. Em tempo, nenhuma culpa teve o juiz gaúcho Simon. Mais uma vez, como em Curitiba (Atlético PR 1 x 3 Fluminense), ele teve excelente atuação. Não à toa, é o único árbitro brasileiro com chances de apitar a Copa do Mundo de 2010.

5. Minha dentista hoje utilizou uma espécie de mini-foice para agredir minha arcada dentária inferior. A tal "retirada de tártaro" mais pareceu uma escavação arqueológica na minha pobre boca. E ela ainda teve a ousadia de me dizer: "está vendo como a gengiva está sensível? Sangrando à toa!". Eu ficaria surpreso se ela não sangrasse, após tantos golpes!

6. Voltando ao futebol, agora na parte de cima da tabela: a ascensão do São Paulo parece inexpugnável. O tricolor paulista caminha a passos largos para o caneco. O sexto título brasileiro do clube - o terceiro seguido - seria a consolidação do domínio são-paulino no futebol tupiniquim. Nenhuma surpresa - o clube é o mais estruturado do país, sem sombra de dúvida.

Até a próxima!
PC

domingo, 2 de novembro de 2008

1 ponto, 2 curvas


Dizem que o futebol é uma caixinha de surpresas. O que dizer então da Fórmula 1?

Um campeonato marcado pelo equilíbrio desde o seu início não poderia terminar de forma mais espetacular. A Era Pós-Schumacher tem como principal característica os encerramentos mais incríveis que se possam imaginar.

No ano passado, três pilotos chegaram a Interlagos disputando o título, e o caneco foi para o menos provável deles: Kimi Raikkonen. Neste ano, o favorito acabou levando o campeonato, mas de maneira inacreditável!

Felipe Massa, brasileiro da Ferrari dominou o fim de semana, mas os sete pontos de desvantagem para o segundo colocado, o inglês Lewis Hamilton, faziam com que o título da temporada fosse algo utópico, sendo consolado pelo prazer de vencer uma corrida em casa. Mas, já no treino que decidiu as posições de largada, o sonho começou a ganhar contornos mais reais.

Domingo, 15:00, horário da largada, começa a chover. O que seria de uma corrida em Interlagos sem chuva? Largada adiada e garantia de emoções até o final. Dez minutos mais tarde apagam-se as luzes vermelhas e os pilotos partem para uma das mais importantes corridas da História. Todos passam pelo “S” do Senna, menos David Coulthard, que fazia ali a última curva de sua carreira na F1. Ou melhor, não fazia a curva. Pode não ter sido o desfecho que ele esperava, mas ele pode se orgulhar de ter estacionado sua Red Bull na curva imortalizada pelo maior ídolo do automobilismo brasileiro. Um pouco mais a frente, ainda nessa volta, Nelsinho Piquet também encerra sua temporada mais cedo. Safety car na pista, começa tudo de novo.

Após mais uma largada, nenhuma mudança significativa, exceto pelo fato de a pista começar a secar bastante. Isso obrigou os pilotos a trocar os pneus, e após todos terem parado, Massa continuava na liderança, enquanto Hamilton aparecia na sexta posição, o que dava o título para o piloto brasileiro. Isso porque o italiano Giancarlo Fisichella apareceu, sabe-se lá como, à frente do inglês. Por pouco tempo, já que uma Force India não pode competir com uma McLaren.

O texto já está ficando enorme, vou pular então para o final da prova. Oito voltas para o fim da corrida, nada parecia estragar a festa inglesa em São Paulo, já que Hamilton estava em quinto, e em sexto aparecia seu companheiro de equipe, Heikki Kovalainen, que em hipótese alguma comprometeria os planos de Hamilton. Mas nesse momento a chuva voltou. Todos estavam com pneus para pista seca, e tiveram que entrar nos boxes para trocá-los por pneus intermediários. Todos menos um: o alemão Timo Glock, da Toyota, que viria a se tornar um dos personagens mais importantes dessa prova. Ele foi o único a não ir para os boxes, permanecendo na pista molhada com pneus de pista seca. E, num primeiro momento, se deu bem, pois parecia que a chuva não ia molhar muito mais o circuito, e seu desempenho era superior ao dos demais pilotos.

Outro nome decisivo na corrida foi mais um alemão, Sebastian Vettel, da Toro Rosso. Após estar boa parte da prova em segundo, e manter-se sempre entre os postulantes à vitória, Vettel aproximou-se perigosamente de Hamilton, que a essa altura ocupava a quinta posição, e não tinha mais a proteção do seu escudeiro finlandês para garantir-lhe o título. Além disso, o piloto alemão já mostrara em Monza que sabe guiar muito bem quando a pista está molhada. Não deu outra. Após insistir um pouco, Vettel passou Hamilton, que caiu para a sexta posição na corrida e segunda posição no campeonato, perdendo para Massa no número de vitórias na temporada.

A imagem nos boxes da McLaren era de incredulidade e desespero. A poucas voltas do fim Hamilton perdia novamente um título que esteve em suas mãos o tempo todo! E assim foi até a última volta. Massa, anos-luz à frente dos demais competidores, cruza a linha de chegada com gritos de “É campeão!”, pois Hamilton continuava em sexto. Pois aí volta a cena o personagem ao qual me referi. Como a chuva apertara nesta última volta, quem estava com pneus de pista seca perdeu completamente a competitividade. E quem estava com pneus de pista seca? Timo Glock. O alemão fez de tudo para se segurar na pista, e estava a apenas duas curvas de um resultado espetacular (não só para ele como para toda a torcida presente, que comemorava o título tão sonhado de Felipe Massa), quando a distância que o separava de Hamilton deixou de existir, e o piloto inglês assumiu a quinta posição. Vitória de Felipe Massa. Título de Lewis Hamilton. Fernando Alonso e Kimi Raikkonen completaram um pódio com sabor bastante amargo.

Foi de arrepiar, de tirar o fôlego. Por trinta segundos o Brasil teve mais um campeão mundial. Uma temporada espetacular, que não poderia terminar de forma mais excepcional. Aliás, poderia, se o Felipe tivesse sido o campeão.

Fica a torcida para que a temporada do ano que vem seja tão incrível quanto essa, e que a Ferrari possa comemorar o título de Felipe Massa no momento derradeiro.

Fico também na torcida para que Rubens Barrichello possa continuar pilotando na Fórmula 1, com um carro competitivo, pois sua carreira tão brilhante não merece terminar com um melancólico décimo quinto lugar, na segunda pior equipe da competição.

rafs