Amigos, nós, os torcedores e amantes do "violento esporte bretão", estamos acostumados a assistir aos grandes duelos do futebol brasileiro e mundial. Adoramos apreciar e saborear um emocionante
Fla-Flu, um aguerrido
Grenal, um
Barcelona x Real Madrid cheio de craques, um
Brasil x Argentina recheado de rivalidade.
Entretanto, o futebol não é feito apenas de clássicos e de multidões. Há também o "lado B", os confrontos menos badalados, que não passam na televisão, que não atraem tantos olhares. Durante a minha adolescência, eu frequentava o Estádio Eduardo Guinle, em minha cidade-natal Nova Friburgo, para assistir aos jogos do Friburguense. Vibrava com os duelos do Frizão pelo Campeonato Carioca contra os grandes da capital, mas também contra o America, o Bangu, o Madureira, o Olaria e os outros "clubes de menor investimento". Ali, aprendi muito sobre futebol, e aprendi a amar esse esporte.
Para além destes confrontos menos badalados, há também os "jogos bizarros": por exemplo, os duelos de clubes pequenos do Brasil contra seleções nacionais pouco conhecidas (ou até as famosas, por que não?). Vocês sabiam que a Ferroviária de Araraquara fez uma longa excursão à América Central em 1968, e lá enfrentou quatro seleções nacionais? Ou que o modesto Atlético Sorocaba viajou até Pyongyang para jogar contra a seleção da Coreia do Norte, em um estádio lotado, em 2009?
Para relembrar esses e outros duelos "exóticos" e "alternativos" do futebol, resolvi começar uma série aqui no blog, contando detalhes desses jogos bizarros. Começo com a histórica goleada do Friburguense sobre a seleção da Nicarágua, em amistoso realizado no dia 8 de janeiro de 2008, no Eduardo Guinle. Em preparação para o Campeonato Carioca daquela temporada, o Tricolor da Serra não mostrou piedade alguma, e massacrou a seleção do pequeno país da América Central: 9 a 0. Foram quatro gols no primeiro tempo, e mais cinco na etapa complementar.
Naquela manhã, o Friburguense, sob o comando técnico de Cleimar Rocha, jogou no esquema tático 3-5-2, com: Adriano; Sérgio Gomes, Cadão e Tiago Messias; Everton, Bidu, Cassiano, Guido e Victor Hugo; Alex e Hércules. A escalação da seleção nacional da Nicarágua, treinada por Mauricio Cruz Jirón, não foi publicada em lugar algum (estão querendo demais também, né?).
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Estádio Eduardo Guinle, em Nova Friburgo, o palco da goleada histórica. |
O Friburguense já surpreendeu algumas vezes os clubes grandes da capital (
como na histórica vitória de 1999 sobre o Botafogo no Maracanã, por 1 a 0, gol de Nevada). Entretanto, o Tricolor da Serra passa longe de ser uma potência do esporte: disputou apenas uma vez a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, no ano 2000, quando houve mais de 100 participantes - e o Frizão terminou em 80º lugar. Não é à toa que a seleção da Nicarágua nunca conseguiu se classificar para uma Copa do Mundo...
O feito do Frizão, evidentemente, foi noticiado lá na Nicarágua. O jornal La Prensa, da capital Manágua, publicou, no dia seguinte à goleada:
"A la Selección Nacional de fútbol le fue terrible en su partido de fogueo ante el Atlético Friburguense. La mañana de ayer, la tropa nica perdió 9-0 ante el Atlético, uno de los clubes más fuertes de Rio de Janeiro".
No Campeonato Carioca daquele ano, o Frizão não conseguiria provar que era "um dos clubes mais fortes do Rio de Janeiro". Conquistou apenas 17 pontos em 15 jogos, com a irregular campanha de 5 vitórias, 2 empates e 8 derrotas, 17 gols-pró e 26 gols-contra, terminando a competição em 11º lugar dentre os 16 participantes - posição que não lhe garantiu nem mesmo uma vaga na Série C do Campeonato Brasileiro daquela temporada.
Apesar do massacre sofrido naquela manhã, parece que a seleção da Nicarágua gostou dos ares serranos de Nova Friburgo. Um ano e meio após o fatídico 9 a 0, o escrete do país da América Central voltou ao Eduardo Guinle e enfrentou novamente o Friburguense, no dia 23 de junho de 2009. O placar da revanche é um mistério: eu não encontrei nenhuma notícia com o resultado do aguardado jogo... (se algum leitor conseguir a preciosa informação, peço que compartilhe nos comentários!)
Em breve, aqui no Jornalheiros, publicarei o post Jogos Bizarros II, dando sequência a esta série, com outro duelo raro do futebol. Sugestões são bem-vindas, como sempre.
PS: antes de encerrar o post, aviso aos leitores que
Cadão, o Interminável, está participando normalmente da pré-temporada do Friburguense em 2016, e deverá disputar novamente o Campeonato Carioca, aos 44 anos de idade. O Frizão estreia na competição estadual no sábado 30, contra o Macaé, no Eduardo Guinle.
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Cadão, zagueiro e ídolo do Frizão (Foto: Felipe Basílio). |
PCFilho
Descobriu quanto foi a revanche?
ResponderExcluirNunca descobri...
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