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A Lamia adesivava seu avião com os escudos de seleções e clubes contratados. Na foto, o CP2933 com o distintivo da Seleção Nacional da Venezuela. |
A empresa boliviana Lamia, proprietária da aeronave que caiu com a delegação da Chapecoense na Colômbia, aparentemente era indicada pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) aos clubes e federações do continente, apesar de ser uma companhia pequena - o avião prefixo CP2933 era o único operando em sua frota. Os sócios da empresa são Marco Antônio Rocha Venegas e Miguel Quiroga - este último foi o piloto do catastrófico voo da Chapecoense. Dos 15 funcionários da empresa, 7 faleceram no desastre - dentre eles, o próprio Quiroga.
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Miguel Quiroga, sócio da empresa e também piloto. Na ocasião, a Lamia levava o Blooming, da Bolívia, para jogar no Uruguai. |
O avião da Lamia era um Avro Regional Jet 85, quadrimotor fabricado pela British Aerospace (BAE Systems), também conhecido como Jumbolino. Tendo começado a operar em abril de 1999, tinha portanto 17 anos e 8 meses de uso. Antes de ser utilizada pela Lamia boliviana, a aeronave voou pela estadunidense Mesaba Airlines, pela irlandesa CityJet e pela Lamia venezuelana.
As delegações de seleções e clubes de futebol eram os clientes mais fiéis da Lamia, embora a empresa tenha esporadicamente prestado serviços para outras instituições, como o Fénix Entertainment Group da Argentina e o Ministério das Minas da Bolívia. Pelo menos três seleções nacionais (Argentina, Bolívia e Venezuela) e dez clubes (Atlético Nacional (da Colômbia), The Strongest, Blooming, Oriente Petrolero, Real Potosí, Jorge Wilstermann (da Bolívia), Olimpia, Sportivo Luqueño, Sol de América (do Paraguai) e a Chapecoense) utilizaram os serviços da Lamia recentemente.
No dia 23 de junho, o Olimpia, do Paraguai, viajou de Asunción até a cidade de Salta, na Argentina, para disputar um jogo amistoso contra o Boca Juniors. A equipe paraguaia contratou a Lamia para os voos de ida e volta, que foram realizados no avião CP2933.
No dia 10 de agosto, a aeronave da Lamia levou a delegação do Jorge Wilstermann da Bolívia até o Aeroporto de Luque, nos arredores de Asunción, onde a equipe boliviana enfrentou o Sol de América, pela primeira fase da Copa Sul-Americana.
Uma semana depois, em 17 de agosto, a Lamia levou a delegação do Blooming da Bolívia até o Uruguai, onde a equipe boliviana enfrentou o Plaza Colonia, pela primeira fase da Copa Sul-Americana.
Em 24 de agosto, foi a vez de o Atlético Nacional utilizar os serviços da requisitada empresa: o quadro colombiano voou no CP2933 até a Bolívia, onde enfrentou o Bolívar, em partida válida pela segunda fase da Copa Sul-Americana.
No dia 1º de setembro, a seleção da Venezuela visitou a equipe da Colômbia em Barranquilla, em confronto válido pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo da Rússia. Na ocasião, os trajetos de ida e volta da Vinotinto (apelido do escrete venezuelano) entre Caracas e Barranquilla foram realizados no avião CP2933 da Lamia.
Em 27 de setembro, o clube paraguaio Sol de América enfrentou o Atlético Nacional em Medellín, na partida de volta das oitavas-de-final da Copa Sul-Americana. Foi a Lamia que levou a delegação paraguaia no voo de Asunción até Medellín, com escala em Cobija, no norte da Bolívia, para reabastecimento.
No dia 5 de outubro, o CP2933 voou de Santa Cruz de la Sierra até Natal, com escala em Brasília para reabastecer. A aeronave levava a bordo a seleção nacional da Bolívia, que, no dia seguinte, enfrentou a Seleção Brasileira na Arena das Dunas, pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo da Rússia. No dia 7, foi realizada a viagem de volta, novamente com escala em Brasília.
Em 19 de outubro, a Chapecoense foi até Barranquilla, na Colômbia, para enfrentar o Junior Barranquilla, pelas quartas-de-final da Copa Sul-Americana. Foi quando o clube catarinense utilizou os serviços da Lamia pela primeira vez. Na volta, no dia 20, o CP2933 fez escala em Cobija, pousou no Aeroporto de Foz do Iguaçu (onde a delegação da Chape desembarcou) e seguiu para Ciudad del Este, no Paraguai.
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Foto do CP2933 da Lamia, pousado no Aeroporto de Foz do Iguaçu, em 20/10/2016. Na ocasião, a aeronave trouxera a delegação da Chapecoense de Barranquilla. |
Na última semana de outubro, a Lamia foi contratada pelo Atlético Nacional, para levar o quadro colombiano até o Paraguai, onde jogaria no dia 1º de novembro, contra o Cerro Porteño. No dia 28 de outubro, o CP2933 viajou de Cochabamba (Bolívia) até Medellín, percorrendo uma distância de 2.816 quilômetros em 4 horas e 27 minutos. (Este havia sido o percurso mais longo da aeronave antes do fatídico voo da Chapecoense - foram as duas únicas vezes em que a distância percorrida sem escalas chegou perto dos 3.000 quilômetros de autonomia do avião.) No dia seguinte, o Atlético Nacional viajou no CP2933 de Medellín até Asunción, capital do Paraguai, onde enfrentou o Cerro Porteño, pela fase semifinal da Copa Sul-Americana.
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O CP2933 na noite em que levou a delegação do Atlético Nacional. |
Na semana do dia 10 de novembro, foi o escrete nacional da Argentina que utilizou os serviços da Lamia, para viajar de Buenos Aires até Belo Horizonte, onde enfrentou a Seleção Brasileira, em partida válida pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo da Rússia. A ida para a capital mineira foi feita no dia 6, e a volta para Buenos Aires no dia 11.
Por fim, em 28 de novembro, o CP2933 decolou pela última vez, do Aeroporto Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, levando a delegação da Chapecoense, com destino ao Aeroporto José María Córdova, em Medellín, na Colômbia - onde infelizmente nunca aterrissou. Sem combustível suficiente para terminar a viagem, o avião colidiu com uma montanha, em acidente que matou 71 das 77 pessoas a bordo.
O fatídico voo de Santa Cruz de La Sierra até Medellín foi o mais longo realizado sem escalas pelo CP2933, totalizando 2.985 quilômetros. Em pelo menos quatro oportunidades anteriores, o avião da Lamia teve Medellín como destino, mas em todas elas houve escala em Cobija, no norte da Bolívia, para reabastecimento - algo que deveria ter sido feito na viagem da Chapecoense, de acordo com diversos especialistas.
A Chapecoense pagou 130.000 dólares à Lamia pelo voo fretado da Bolívia até a Colômbia. Em nota oficial, a Conmebol negou que indique os serviços de qualquer empresa para transporte das seleções nacionais e clubes pela América do Sul.
PCFilho
Assim como a barragem de Mariana, a tragédia com o time da Chapecó não foi acidente. Foi crime mesmo! Em 1969 o homem foi à Lua. Em 2016, é inaceitável que um canalha, piloto e dono da empresa, nunca tivesse sido preso pelas manobras que já fazia pra poupar combustível. Além disso, o canalha sabia de todos os riscos que corria e o fazia pra poupar recursos. Canalha e burro, porque estava no avião. Até agora não se fala em se aprofundar as investigações. E parece que esse crime é apenas a ponta de um iceberg, comum em alguns países da América do Sul.
ResponderExcluirAssim como a barragem de Mariana, a tragédia com o time da Chapecó não foi acidente. Foi crime mesmo! Em 1969 o homem foi à Lua. Em 2016, é inaceitável que um canalha, piloto e dono da empresa, nunca tivesse sido preso pelas manobras que já fazia pra poupar combustível. Além disso, o canalha sabia de todos os riscos que corria e o fazia pra poupar recursos. Canalha e burro, porque estava no avião. Até agora não se fala em se aprofundar as investigações. E parece que esse crime é apenas a ponta de um iceberg, comum em alguns países da América do Sul.
ResponderExcluirA Conmebol produziu uma tabela impossível de usar a infraestrutura aérea disponível, pois levaria 10 dias para se fretar um voo. A tabela deveria prever tempo de 3 semanas ente as fases. Com tal tabela malfeita, só com uma LAMIA era possível de uma semana para outra. Conmebol é co responsável. O Calendário precisa mudar
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