sexta-feira, 21 de julho de 2023

Fluminense 121


Convido os leitores a um exercício de imaginação.

Imaginem um clube de futebol que perde nove de seus onze titulares campeões e, mesmo tão desfigurado, vence o primeiro jogo contra os desertores.

Imaginem um clube que, para festejar seu 12º aniversário, resolve juntar em seu campo os melhores jogadores do país, em um mesmo time, fundando assim a tal Seleção Brasileira.

Imaginem um clube que, com recursos próprios, constrói o primeiro estádio do país, para que a Seleção Nacional pudesse sediar – e vencer – seu primeiro campeonato.

Imaginem um clube que descobre uma falha própria e, sem que nenhum rival solicite, devolve a taça conquistada em campo.

Imaginem um clube que, mesmo dominando o futebol nacional em sua era amadora, lidera o movimento pelo profissionalismo, entendendo que era o melhor caminho para o esporte no país.

Imaginem "a mais perfeita organização desportiva de todo o mundo" (palavras ditas por um tal Jules Rimet).

Imaginem um clube cujas partidas e personagens tenham inspirado as mais espetaculares crônicas esportivas jamais escritas.

Imaginem um clube capaz de vencer um Campeonato Brasileiro exatamente em 1970, com todas as estrelas do tri desfilando talento e magia em nossos gramados.

Imaginem um clube capaz de receber um Bayern de Munique no auge de um tricampeonato europeu e lhe dar uma aula de futebol – e depois ir a Paris dar um baile na seleção do velho continente.

Imaginem um clube em que pessoas de todas as crenças se juntam para cantar em uníssono "a benção, João de Deus".

Imaginem um clube cujo futebol encanta crianças de todas as idades, com uma dupla dinâmica tão entrosada que ganha o apelido de Casal 20 – e um craque paraguaio esticando a perna para aproveitar o rebote e fazer o gol do título.

Imaginem um clube que tira oito pontos de vantagem do rival para sair campeão, com um gol aos 42 minutos do segundo tempo do jogo final – terminando a batalha com sete jogadores na linha.

Imaginem um clube que, num inferno nunca antes visitado por nenhum outro grande brasileiro, é dado por todos como morto e acabado – mas ressurge das cinzas como uma inabalável fênix.

Imaginem um clube que, onze anos após a primeira "morte", é novamente sentenciado por gregos e troianos – e novamente demonstra que o impossível não existe.

Imaginem um clube que, mesmo sem poder atuar em sua casa, levanta o Campeonato Nacional mais difícil de todos – duas vezes em três anos.

Imaginem um clube capaz de produzir um épico minuto de silêncio no maior estádio do mundo, para homenagear um de seus heróis em seu momento de dor imensurável.

Imaginem um clube que consegue virar uma final que o rival milionário estava vencendo por 2 a 0, terminando gloriosamente bicampeão.

Eis o Fluminense Football Club.

E se passaram apenas cento e vinte e um anos de sua eternidade...

PCFilho
(texto modificado do original publicado neste blog, por ocasião do 110º aniversário do Fluminense)

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