sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Brasil 6 x 0 Haiti - O Jogo da Paz em 2004

Em pé: Juan, Júlio César, Ronaldo, Juninho Pernambucano, Gilberto Silva, Roque Júnior e Edu.
Agachados: Ronaldinho Gaúcho, Roger Flores, Belletti e Roberto Carlos.


18/08/2004 - Haiti 0 x 6 Brasil - Stade Sylvio Cator (Port-au-Prince, Haiti)
Motivo: Amistoso internacional oficial - "O Jogo da Paz".
Público: 15.000 presentes (estimado).
Árbitro: Paulo César de Oliveira (Brasil).
Haiti: Fénélon Gabart (Luidgi Beauzile); Dieuphène Thélamour (Peter Germain), Pierre Richard Bruny (Josué Mayard), Jean-Jacques Pierre (David Sancius) e James Dorcélus (Frantz Gilles); Ricardo Pierre Louis (Johnny Descollines), Marc-Hérold Gracien (Wadson Corriolan), Richardson Ulcénat (Barthélémy Gréma) e Monès Chéry (Maxo Sampeur Junior); Romulus Turlien e Stéphane Guillaume (Roosevelt Désir). Técnico: Carlo Marcelin.
Brasil: Júlio César (Fernando Henrique); Belletti, Juan (Cris), Roque Júnior e Roberto Carlos [capitão] (Adriano Correia); Gilberto Silva (Renato II), Edu (Magrão), Juninho Pernambucano e Roger Flores (Pedrinho); Ronaldo (Nilmar) e Ronaldinho Gaúcho. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
Gols:
0-1: Roger Flores, aos 20 do 1º tempo [assistência de Ronaldo];
0-2: Ronaldinho Gaúcho, aos 33 do 1º tempo [assistência de Ronaldo];
0-3: Roger Flores, aos 42 do 1º tempo [assistência de Ronaldo];
0-4: Ronaldinho Gaúcho, de falta, aos 22 do 2º tempo;
0-5: Ronaldinho Gaúcho, aos 37 do 2º tempo [assistência de Juninho Pernambucano];
0-6: Nilmar, aos 41 do 2º tempo [assistência de Ronaldinho Gaúcho].
Cartões amarelos: Roger Flores (Brasil); David Sancius (Haiti).
Cartões vermelhos: não houve.
Observações:
- este foi um jogo beneficente em prol da paz no Haiti, tendo a Seleção Brasileira desfilado pelas ruas de Porto Príncipe, no trajeto do aeroporto ao estádio, acompanhada por uma multidão em êxtase;
- o treinador Carlos Alberto Parreira declarou, sobre este jogo: "Se alguém ainda tinha dúvida em relação à validade desta viagem, deve ter se convencido diante dessas imagens. Na próxima vez que um de vocês me perguntar qual a emoção mais forte que vivi no futebol, direi que foi esta. E olha que todos sabem que já vivi muitas";
- o "Jogo da Paz" foi marcante para dois jogadores do Fluminense: afinal, foi a primeira e única atuação tanto do goleiro Fernando Henrique quanto do meia Roger Flores pela Seleção Brasileira principal (Roger Flores ainda teve o privilégio de vestir a camisa 10, mesmo com Ronaldinho Gaúcho no time);
- o documentário "O dia em que o Brasil esteve aqui", dirigido por Caíto Ortiz e João Dornelas, conta a história desta partida.

Times dos jogadores da Seleção na ocasião:
Júlio César [Flamengo-BRA]
Fernando Henrique [Fluminense-BRA]
Belletti [Barcelona-ESP]
Juan [Bayer Leverkusen-ALE]
Cris [Cruzeiro-BRA]
Roque Júnior [Bayer Leverkusen-ALE]
Roberto Carlos [Real Madrid-ESP]
Adriano Correia [Coritiba-BRA]
Gilberto Silva [Arsenal-ING]
Renato [Sevilla-ESP]
Edu [Arsenal-ING]
Magrão [Palmeiras-BRA]
Juninho Pernambucano [Lyon-FRA]
Roger Flores [Fluminense-BRA]
Pedrinho [Palmeiras-BRA]
Ronaldo [Real Madrid-ESP]
Nilmar [Internacional-BRA]
Ronaldinho Gaúcho [Barcelona-ESP]

Meu texto sobre o jogo:

Porto Príncipe, 18 de agosto de 2004.

Amigos, na longínqua década de 60 o Mané Garrincha era a alegria do povo brasileiro. Fazia que ia, não ia, e depois ia, sempre o mesmo drible, e sempre os joões caindo humilhados no gramado. As arquibancadas do Maracanã então ecoavam gargalhadas épicas. Era o povo brasileiro rindo das travessuras do Mané.

Quando Garrincha faleceu, o gênio Drummond escreveu: "O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho". Em síntese, o Mané era isso: a alegria do povo brasileiro, o alimento do sonho brasileiro.

Voltando do túnel do tempo, retornando para nosso agosto de 2004, as imagens que chegaram do Haiti são impressionantes. Aquele povo pobre, paupérrimo, sofrido, vítima de desastres naturais, vítima da ganância perversa dos países ricos, vítima da fome e vítima da miséria. A Seleção Brasileira desce em Porto Príncipe, e vê aquele magnífico corredor humano. Um turista extra-terrestre tiraria uma foto e anotaria em seu caderninho, "o Haiti foi campeão mundial de alguma coisa".

Nem o Haiti, nem a Seleção haviam sido campeões de coisa alguma. Aquele cenário retratava isto e somente isto: um povo, e a sua alegria.

Não era uma alegria boba, simples, dessas que temos todos os dias. Não, era um sentimento imperecível. O povo mais miserável, a alegria mais intensa: um estado de êxtase coletivo.

Parreira, Zagallo e os craques perceberam, ali, a dimensão épica do futebol. Perceberam que um mero amistoso beneficente poderia valer mais que a final da Copa do Mundo. Repito: os sorrisos que acompanhavam aquela caravana valiam mais que a própria Taça do Mundial.

A alegria do povo haitiano nesta tarde foi uma das maiores conquistas da história do futebol brasileiro em todos os tempos, passados, presentes e futuros.

PCFilho

Um comentário:

  1. Brasil e Haiti se enfrentarão na fase de grupos da Copa do Mundo de 2026, na América do Norte.

    Impossível não se lembrar desse jogo inesquecível de 2004!

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