O Santos possuía aquele que é, para muitos, o melhor time de futebol de todos os tempos. Em 1962 e 1963, foi campeão de quase tudo o que disputou (duas Copas Libertadores, duas Copas Intercontinentais, duas Taças Brasil, um Campeonato Paulista e um Torneio Rio-São Paulo). Liderava o Torneio Rio-São Paulo de 1963 e, nos seis meses anteriores a este jogo contra o Fluminense, havia perdido apenas duas partidas (uma para a Portuguesa de Desportos e outra para a Universidad de Chile). Era a base da Seleção Brasileira, contando, entre outros, com os craques Gilmar, Mauro, Lima, Mengálvio, Coutinho, Pepe e, claro, Pelé.
Para dificultar ainda mais as coisas para o Fluminense, o jogo estava marcado para o Pacaembu, a casa do Santos. Estava o Tricolor diante de um desafio quase impossível. E, logo no começo da partida, o Santos mostrou sua força: após receber excelente passe de Lima, Mengálvio acertou um chutaço de cerca de 40 metros de distância, marcando o primeiro gol. Um a zero para os donos da casa.
Quando eram transcorridos 31 minutos, o Fluminense conseguiu o empate após escanteio bem cobrado por Maurinho, com o atacante Ubiracy completando para o gol. Não satisfeito, o Tricolor continuou atacando e conseguiu a virada, ainda no primeiro tempo, com Manoel aproveitando rebote de Gilmar após chute de Maurinho. Entretanto, o Santos não deixou barato, e nos acréscimos empatou: Mengálvio cruzou e Pelé empatou com uma cabeçada perfeita, sem chances para Castilho, que se esticou todo mas não alcançou. Terminada a etapa inicial, o placar do Estádio Municipal de São Paulo marcava 2 a 2.
No segundo tempo, o Fluminense conseguiu dominar completamente o jogo, mesmo enfrentando aquele time extraordinário do Santos. Aos 12 minutos, Manoel enfiou uma bola na trave de Gilmar. Aos 23, novamente Manoel perdeu um gol incrível. O terceiro gol tricolor finalmente aconteceu seis minutos depois, quando Mauro falhou e Manoel aproveitou para chutar colocado e vencer Gilmar.
Logo depois, aconteceu o grande lance do jogo, daqueles que valem o ingresso. O Fluminense envolveu o fantástico Santos em um olé que durou exatos sessenta segundos. Imaginem, o melhor time do mundo numa roda de bobo, em sua própria casa! A belíssima troca de passes do onze tricolor terminou com Maurinho lançando Ubiracy, que apostou corrida com Mauro, ganhou e chutou rasteiro para as redes. O goleiro Gilmar caiu sentado, e a elegante torcida paulista rendeu-se em aplausos efusivos à grande jogada. Fluminense 4, Santos 2, placar final.
Enquanto isso, no Maracanã, o vice-líder Botafogo e o São Paulo empatavam em 1 a 1. Os alto-falantes iam anunciando os gols do Fluminense em São Paulo, mas isso só aumentava o nervosismo dos atletas botafoguenses, desesperados para diminuir a diferença de pontos para o Santos. O Botafogo acabou não conseguindo marcar o gol que lhe daria a vitória, ficando assim a três pontos do líder Santos (que acabaria campeão do Torneio Rio-São Paulo).
PC
Ficha Técnica
23/03/1963 - Santos 2 x 4 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
Motivo: Torneio Rio-São Paulo de 1963.
Renda: Cr$ 2.207.150,00.
Público: 10.278 pagantes.
Árbitro: Antônio Viug (Rio de Janeiro).
SFC: Gilmar; João Carlos (Tite, aos 19' do 2º tempo), Mauro, Maneco e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho (Pagão, no 2º tempo), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
FFC: Castilho; Carlos Alberto Torres, Wilson Silva, Dari e Altair; Oldair e Gonçalo; Maurinho (Calazans, aos 44' do 2º tempo), Manoel, Ubiracy e Escurinho. Técnico: Newton Anet.
Gols: Mengálvio, aos 6' do 1º tempo (1-0); Ubiracy, aos 31' do 1º tempo (1-1); Manoel, aos 45' do 1º tempo (1-2); Pelé, aos 49' do 1º tempo (2-2); Manoel, aos 29' do 2º tempo (2-3); e Ubiracy, aos 31' do 2º tempo (2-4).
Um belo placar para o próximo jogo: Fluminense 4x2 Santos.
ResponderExcluirST
Com certeza, Leandro!
ResponderExcluirMas qq vitória me deixa satisfeito! :)
Comentário do professor Jomar Gozzi no facebook:
ResponderExcluir"Maravilhosa lembrança. Era criança e ouvi a narração desse jogo pelo rádio, achava inacreditável a vitória. O camisa 10 deste time era o meia Gonçalo, cracaço vindo do S. Paulo. Ficou pouco tempo, completamente maluco extra-campo ... O time estava se renovando. Wilson veio da Portuguesa carioca. Maurinho voltava do Boca Juniors. Ubiraci vinha do interior paulista. Carlos Alberto era lançado nos profissionais ..."
Minha resposta:
"Adorei ler seu depoimento, professor Jomar! Eram outros tempos, em que a única alternativa a ir ao estádio era ouvir os jogos pelo rádio. E nem faz tanto tempo assim! E o time do Flu que conseguiu esse feito é bastante desconhecido hoje em dia, até para quem conhece muito a história do clube. Eu mesmo não sabia desses detalhes que você citou sobre Wilson, Maurinho e Ubiraci. PS: infelizmente não encontrei registro em vídeo desse jogo, talvez nem exista."
Sobre o Gonçalo, jogou um período em 1963 e depois outro em 1965, fez ao todo 24 jogos.
ResponderExcluirLegal, PC. Seria interessante ler mais comentários do Professor Jomar por aqui. Muitas informações só quem viveu a época pode transmitir, não fica registrado em lugar algum.
ResponderExcluirValeu, Professor!
ST