quinta-feira, 2 de outubro de 2008
1 a 1 no Maracanã
Ontem, noventa dias após a quase conquista da Libertadores, vivemos um inferno. O time não é nem sequer uma caricatura do grande quadro que deu show na Libertadores. Saíram Gabriel, Cícero e Thiago Neves. Saiu também o Renato Gaúcho do comando. A garra, a vontade, o élan e o ímpeto inexcedíveis que caracterizavam o plantel igualmente saíram. Boa parte da torcida também saiu do Maracanã: ontem, havia apenas 15 dos 90 mil que lá estavam em 2 de julho. Saiu tanta coisa que o Fluminense de hoje é outro Fluminense.
E foi esse outro Tricolor que entrou em campo ontem. Sem garra, sem vontade, sem ímpeto, sem o élan que caracteriza um time vencedor. O Goiás meteu uma bola na trave, e nada de o Fluminense reagir. Resultado: o lateral-direito Vitor abriu o placar para o alviverde goiano. O quadro esmeraldino fez o gol, mas logo cometeu o erro fatal: o de recuar. E mais por isso que por mérito próprio, o Pó-de-arroz empatou. O argentino Conca, um dos poucos resquícios do time que assombrou a América, fez o gol, de falta.
Eis que, ainda no primeiro tempo, o Fluminense recebe uma preciosa ajuda. Um tal de Fredson, reserva que acabara de entrar no Goiás, dá um carrinho violento e desnecessário, e é expulso de campo. Com um homem a mais, o Flu tinha a faca e o queijo na mão para, finalmente, conquistar a doce e santa vitória. Porém, a superioridade numérica não durou muito: nosso atacante Maicon botou a mão na bola, e foi expulso também. E assim fomos para o intervalo: dez contra dez.
O Goiás voltou para a segunda etapa com a postura incorreta: a de se defender para garantir o empate. A estratégia que, por si só, seria um tiro no pé ainda recebeu um duro golpe: mais uma expulsão. Os nove remanescentes goianos então recuaram ainda mais. O gol da vitória Tricolor parecia questão de tempo.
Porém, no inferno as coisas não dão certo como no céu. A bola não entra tão facilmente. Ciel que o diga: perdeu gols aos borbotões. Os gols feitos que ele desperdiçou são como proezas de Hércules às avessas. O Goiás lá, recuadinho, esperando sofrer um gol, quase pedindo para sofrer um gol... E o Tricolor não conseguia arrombar as redes adversárias. O tempo foi passando, e o Fluminense não desempatou mais. Nunca mais.
Na volta para casa, um dos arrasados e desanimados torcedores me disse a verdade: a torcida merecia a Libertadores; a diretoria merece o rebaixamento - proferiu ele. Sábias palavras. O time hoje está desfigurado por causa da falta de planejamento da diretoria. Já se sabia que alguns bons jogadores iriam embora no meio do ano, mas nenhuma contratação de substituição a eles foi realizada previamente. A demissão de Renato Gaúcho foi outro erro, o qual eu alertei aqui. A mudança de treinador só traria efeitos ruins a curto prazo. Nem mesmo as duas vitórias de Cuca me animaram: disse aqui que o time ganhou por causa da sorte, porque não havia padrão de jogo. Desde então, não houve mais vitórias: somente empates e derrotas.
Hoje, foi a vez de Cuca dar adeus. Ele realmente não vinha bem, mas novamente duvido que a mudança de técnico melhore nossa dramática situação. Na minha feliz condição de Tricolor nato, confesso, fanático e hereditário, evidentemente espero estar errado. Que chegue Renê Simões, e salve do naufrágio o barco das três cores que traduzem tradição.
PC
4 comentários:
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Melancólico demais...
ResponderExcluiré hora de ter a cabeça fria.
ResponderExcluirDifícil ficar calmo...
ResponderExcluirNão costumo ser favorável à troca de treinador, mas alguma coisa tinha que ser feita...
ResponderExcluirPode ser que agora nossas chances de cair sejam enormes, mas com o Cuca essas chances eram certeza.
O grande erro foi a demissão do Renato justo na época em que tinha conseguido acertar o time sem os Thiagos.
E a verdade é que a preparação da diretoria no início do ano foi de altíssimo risco. Dodô e Leandro Amaral estavam por um fio das rescisões e nós não tínhamos time reserva. Veio a belíssima campanha na Libertadores e a diretoria não segurou jogadores essenciais...esse planejamento só daria certo se ganhássemos a Libertadores ou se não passássemos das quartas, como o flamengo.
Pagamos o preço de termos o melhor time do mundo no primeiro semestre sem uma diretoria capaz de administrar um time grande.