Hoje escrevo sobre um ponto fraco do Fluminense no atual cenário do futebol brasileiro: a absoluta ausência de um projeto de associação em massa.
Os benefícios da democratização do clube são inúmeros: maior arrecadação, antecipação de receitas, melhor relação com a torcida, menos problemas com vendas de ingressos, maior influência do sócio/torcedor/cliente na política do clube, etc, etc, etc.
No entanto, me restringirei ao simples argumento financeiro. Para isto, citarei o melhor exemplo do assunto no futebol brasileiro. O exemplo é tão bom que, antes de eu dizer, o leitor já sabe qual é: o Internacional de Porto Alegre, com seus 100 mil sócios, ou quase isso. Na semana passada, o clube gaúcho publicou, em seu site oficial, o balanço financeiro de 2010. Na parte de "receita líquida das atividades", está a arrecação com o quadro social. Em 2009, o valor foi de R$ 37.415.874,00. Em 2010, aumentou para R$ 39.032.075,00.
Só para deixar bem claro: são quase quarenta milhões de reais por ano de receitas sociais. Traduzindo para uma linguagem que o torcedor do Fluminense se acostumou a entender: uma Unimed.
Pergunto: com suas finanças arrasadas, a maior dívida dos clubes brasileiros, pode o Fluminense abrir mão de uma receita dessa dimensão? Respondo: claro que não.
A gestão do presidente Peter Siemsen já completou quatro meses e meio, e até agora não deu mostras de ter elaborado um plano verdadeiro de associação em massa (infelizmente, o vice-presidente de marketing Idel Halfen já declarou que o clube não lançará o programa de fidelidade neste ano). Os exemplos estão aí, no Inter e em outros clubes brasileiros: poderiam ter sido copiados, e implementados no primeiro dia da gestão. Claro, o ideal seria um programa adaptado à realidade do Fluminense. Mas é melhor implementar uma cópia de outro clube do que... não fazer nada!
Um programa bem feito certamente contemplaria, pelo menos:
- vários níveis de sociedade (desde o cidadão que só pode ou só quer pagar 20 reais por mês, até o sujeito que está disposto a desembolsar 1000 reais mensais);
- direito a voto nas eleições do clube para todos os sócios adimplentes;
- vantagens interessantes, naturalmente proporcionais ao valor da mensalidade;
- separação entre "sócio de clube" e "sócio de arquibancada" (afinal, não dá para imaginar dezenas de milhares de pessoas frequentando nossa sede);
- modalidade de "associação à distância" com vantagens reais (o Fluminense possui torcedores espalhados pelo Brasil, e também no exterior).
Evidentemente, o sucesso do programa não é instantâneo. O próprio Internacional demorou anos para conseguir alcançar a quantidade de sócios que alcançou. Por isso mesmo, o início do trabalho deve ser imediato. Já deveria ter acontecido, para ser mais exato.
Aos poucos, os clubes brasileiros estão acordando, e percebendo este enorme potencial. Até quando o Fluminense continuará hibernando?
PC
Referências:
"... o sucesso do programa não é instantâneo. O próprio Internacional demorou anos para conseguir alcançar a quantidade de sócios que alcançou. ..."
ResponderExcluirApenas este pedaço de parágrafo, PC, já é o bastante para torná-lo inviável. No Flu tudo tem que ser rápido. A diretoria não espera, o patrocinador não se interessa e a torcida perde a paciência. Acho interessante, mas não creio que dê certo.
Se implantarem, algo realmente sério, conte comigo!
ST
Eles não vão implementar por estas e outras razões:
ResponderExcluir- Diluição do poder de Celso Barros.
- A entrada de novos (e muitos) sócios tbm dilui a influência dos grupos políticos que querem se perpetuar sugando dinheiro do clube em cargos remunerados (Flusócio, Esportes Olímpicos...)
QUE EU ME LEMBRE, ESSA ASSOCIAÇÃO SERIA LANÇADA ENTRE MAIO E JUNHO.
ResponderExcluirALIÁS, ESTOU ANSIOSAMENTE AGUARDANDO POR ELA PARA TENTAR ENTRAR DE SÓCIA.
ST.
ALÊ.
Para falar a verdade, esta opção significa ou a redenção do FFC (desde que o projeto seja bem conduzido) ou a sua transformação em um clube de bairro, pois em estrutura e associação, nós, que fomos modelo internacional durante as primeiras décadas, não apenas paramos no tempo, como regredimos como clube de futebol de primeira linha internacional.
ResponderExcluirDe exemplo de organização e estrutura, a sermos sacaneados por ex-treinador e jogadores pela falta delas, foi uma queda brutal.
O projeto de associação em massa bem sucedido, nos dará independência, poderá sanear as nossas finanças e nos colocar no topo de novo, segundo sonho.
Está certíssimo, Mestre!
ResponderExcluirMas as barreiras políticas são muito fortes...
Com certeza, Ramón, mas espero que o espírito de grandeza daqueles que se consideram donos, patrões, senhores feudais e assemelhados do FFC, fale mais alto em algum momento.
ResponderExcluirQue se inspirem em Oscar Cox, que desenhou o Fluminense e o futebol carioca para serem modelos para o mundo, e menos no Caixa D'Água, Eurico Miranda e seus filhotes que ainda estão no futebol carioca, que fazem do futebol algo pequeno, egoísta e feio.
Essa semana, estive na reunião do Conselho Deliberativo do FFC, quando foram apresentados os números do orçamento. O Fluminense arrecadou em 2010 cerca de 10 milhões de reais de receita social, o que é muito pouco.
ResponderExcluirO Inter arrecadou 40 milhões em 2010...
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