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Foto posada do time do Fluminense naquela tarde no Morumbi. Em pé: Jefferson, Carlinhos Itaberá, Luís Marcelo, Julio Alves, Mazzola e Paulo Afonso. Agachados: Pires, Marcelo Gomes, Ézio, Bobô e Paulinho. |
São Paulo, 11 de abril de 1992.
O São Paulo tinha um timaço, dirigido por Telê Santana - um ídolo do Fluminense. Aquele time havia sido campeão brasileiro em 1991 e caminhava para conquistar a Copa Libertadores em 1992 (e ainda seria bicampeão do torneio em 1993). Por outro lado, o Fluminense vivia uma época de vacas magras, com resultados ruins em campo e contratações um tanto exóticas. Uma delas foi o lateral-esquerdo Paulo Afonso, que estreara no mês anterior, e fazia sua quarta partida pelo Fluminense naquela tarde.
O Fluminense, naturalmente, jogava na retranca. Empatar com aquele São Paulo, no Morumbi, seria um excelente resultado. O ferrolho tricolor funcionava bem, com o São Paulo tendo poucas chances de gol. Entretanto, durante esta etapa inicial, dois lances inusitados chamaram a atenção.
Nas duas jogadas, o habilidoso meia Palhinha lançou o atacante Macedo, e este inexplicavelmente parou após invadir a área. Em ambas as ocasiões, Macedo relatou ao árbitro Márcio Rezende de Freitas que parou porque ouviu seu apito. O juiz, entretanto, alegou que não havia apitado para parar os lances.
Aos 28 minutos de jogo, o bandeirinha Marco Martins descobriu o que estava acontecendo: Paulo Afonso, o camisa 6 do Fluminense, estava imitando o som do apito do árbitro com a boca, com uma fidelidade impressionante (!!). Foi a artimanha encontrada pelo lateral-esquerdo tricolor para parar aquele poderoso ataque são-paulino. Márcio Rezende de Freitas ouviu o relato de seu auxiliar e imediatamente apresentou o cartão vermelho a Paulo Afonso.
O Fluminense, comandado por Arthur Bernardes, reclamou muito da expulsão, ameaçando até mesmo abandonar a partida. Mas acabou cedendo, e com dez homens em campo não resistiu. Aos 5 minutos do segundo tempo, sofreu um gol, marcado exatamente por Macedo, de cabeça. O jogo terminou mesmo 1 a 0 para o São Paulo, dificultando bastante as pretensões de classificação do Fluminense naquele Campeonato Brasileiro.
Nas entrevistas ao final do jogo, o treinador Arthur Bernardes mostrava preocupação com as suspensões de seus dois laterais para o Fla-Flu (Carlinhos Itaberá recebera o terceiro cartão amarelo). Perguntado sobre a "arbitragem paralela" de Paulo Afonso, afirmou: "não sabia que ele tinha essa habilidade".
Paulo Afonso ficou até dezembro em Laranjeiras, e acabou dispensado após 25 jogos, com nenhum gol marcado, duas expulsões e esta bizarra história para contar.
PCFilho
Ficha Técnica
11/04/1992 - São Paulo 1 x 0 Fluminense - Morumbi (São Paulo)
Motivo: Campeonato Brasileiro de 1992 - Primeira Fase.
Público: 15.665 pagantes.
Renda: Cr$ 68.621.000,00.
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas (MG).
São Paulo: Zetti; Cafu, Adílson Pinto, Ronaldão e Nelsinho Kerschner (Ivan Limas); Sidney (Gilmar Estevam), Pintado, Raí e Palhinha; Macedo e Rinaldo Gonçalves. Técnico: Telê Santana.
Fluminense: Jefferson Rochembach; Carlinhos Itaberá, Luís Marcelo, Mazzola e Paulo Afonso; Pires, Marcelo Gomes (Julinho), Bobô e Julio Alves; Ézio (Marcelo Barreto) e Paulinho. Técnico: Arthur Bernardes.
Gol: Macedo, aos 5 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Rinaldo Gonçalves (São Paulo); Mazzola, Pires e Carlinhos Itaberá (Fluminense).
Cartão vermelho: Paulo Afonso (Fluminense), aos 28 minutos do primeiro tempo.
Interessante. Eu não conhecia essa história. Que time, hein! Dá pra ver pq caímos anos depois!!!!!!!
ResponderExcluirEra época de vacas magras, Leandro.
ResponderExcluirOs únicos com talento nesse time eram Bobô, Ézio e Paulinho (que é o Paulinho herói de 85).
Lembro-me perfeitamente desse jogo! Excelente artigo!
ResponderExcluirObrigado!!
ExcluirSou amigo dele, estávamos assistindo um jogo na Rua Javari e ele apitou uns 3 impedimentos e ninguém entendia nada. Só que descobriram e os guardas nos colocaram pra fora do Estádio a pontapés .
ResponderExcluirEntão Paulo Afonso fez isso outras vezes? hahahaha!
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