Amigos, eu nunca fui tão feliz quanto em 21 de maio de 2008.
Passei o dia esperando pelo jogo, pensando no jogo, vivendo o jogo. Não conseguia pensar em mais nada. Eu transpirava ansiedade. Havia até sonhado com Nelson Rodrigues na véspera.
Na semana anterior, havia ido a São Paulo só para ver a partida de ida, no Morumbi. A derrota por 1 a 0 tornara complicada a tarefa da classificação. No Maracanã, o Fluminense precisaria vencer o poderoso São Paulo por dois gols de diferença.
Naquela quarta-feira, o Rio de Janeiro transbordava com as três cores que traduzem tradição. As camisas tricolores estavam por toda parte. Em cada esquina da cidade, havia pelo menos um pó-de-arroz ansioso pela batalha que viria à noite.
A minha geração nunca havia vivenciado aquilo. Afinal, o Fluminense jogava a Copa Libertadores da América pela primeira vez em 23 anos. Eu tinha 23 anos. A geração das vacas magras, que sobrevivera ao inferno dos rebaixamentos, se sentia perto do topo da América, pela primeira vez na vida. Estávamos a 90 minutos da semifinal.
Semifinal que ficou mais perto quando Cícero subiu feito um anjo alado dentro da área, e tocou de cabeça para Washington marcar o primeiro gol. As oitenta mil almas no Maracanã vibraram como se não houvesse amanhã, mas ainda precisaríamos de outro gol.
E como a torcida foi atuante nesse jogo! Como foi! Eu nunca vi uma torcida jogar tanto quanto naquele dia 21 de maio de 2008. O apitaço que promovemos deixou o São Paulo atordoado, essa é a verdade. O genial Rogério Ceni, goleiro e lenda do São Paulo, certamente pensou que apitos deveriam ser proibidos das arquibancadas.
O jogo era difícil. Como Muricy arma bem suas defesas... Pra piorar, já lá pelo meio do segundo tempo, Adriano empatou para o São Paulo. Parecia o fim do sonho. Mas era só o começo.
Um minuto depois, Dodô recebeu de Darío Conca na área e errou o chute. O artilheiro dos gols bonitos mal acertou a bola, mas ela, caprichosa, passou por baixo dos pés do mito são-paulino, e morreu mansinha no véu de noiva. Novamente, estávamos a um gol da vaga.
O Fluminense pressionava, atacava, imprensava o São Paulo, mas o gol não saía. Na arquibancada, cheguei a pensar, conformado, "está bom assim, já fizemos bonito demais". Mas aquela torcida merecia mais.
Não havia tempo para mais nada quando arranjamos aquele córner. Já estávamos nos acréscimos do segundo tempo. Aquela certamente seria a última chance. Thiago Neves cobrou o escanteio com veneno, e Washington pulou para cabecear. Quando seus pés tocaram o chão, ele não era mais um mero mortal.
Abracei minha mãe, abracei meu irmão, abracei Lissandro. Abracei mais de cinqüenta desconhecidos. Chorei copiosamente.
Quem nunca viveu um momento assim não sabe o que é felicidade. Eu sei.
3 a 1, com dois gols de Washington, exatamente como Nelson Rodrigues me dissera na véspera. E o Fluminense estava na semifinal.
Nesta quarta-feira, 21 de maio, Fluminense e São Paulo se enfrentam no Maracanã, exatamente seis anos depois daquele jogo.
Nestes seis anos, chegamos a duas finais continentais, protagonizamos o maior milagre da história do esporte, e faturamos dois Campeonatos Brasileiros.
Mas nunca fomos tão felizes quanto em 21 de maio de 2008.
Vivemos um jogo de sonho: até o apito final todos estavam hipnotizados e em êxtase ao mesmo tempo!
ResponderExcluirEu fui neste jogo com um amigo, ele queria jogo fácil e disse que seria com um gol no final.
ResponderExcluirA gente estava nas cadeiras atrás da bandeirinha de corner em que o TN bateu o bendito corner, bem na primeira fila. Vimos o jogo em pé e cantando, montamos uma "organizada" ali!!
Quando o nome do Thiago Silva apareceu no placar (ele era dúvida pro jogo) o estádio veio abaixo, todo mundo ali passou ter a certeza da vitória.
Quando saiu o gol do SP, o meu amigo se desesperou e eu comecei a gritar nense!! O Maracanã gritou Nense e o sobrenatural fez o gol usando os pés do Dodô.
No final, só pressão e numa jogada do Mauricio conseguimos o escanteio. No gol do Xitão foi doideira, até hoje fico com os olhos mareados.
Depois do jogo fui pra Lapa com minha camisa, cada um que nos encontrava nos parabenizava pela vitória. Era um sentimento universal de que o que vivemos ali foi épico!
A Libertadores de 2008 foi épica!
Show, PC! Bom de lembrar!
ResponderExcluirEu recordo que nas férias fui com a família conhecer Buenos Aires. Quando eu saí com a camisa vi pessoas apontando e comentando. Já tínhamos passado pelo Boca. Passamos a ser respeitados. Foi muito legal!
Imagine eu que estava na festa de um casamento de um amigo tricolor e ficava encarregado de lhe contar o resultado? Ainda arrumei briga com uma são paulina babaca...Quase estourei os tímpanos dela na hora do gol, tamanho foi meu grito....Mas valeu demais.....Aquele gol foi e continuará ser único,imápavido e colossal.
ResponderExcluirPC,
ResponderExcluirPoucos momentos na vida de uma pessoa são tão emocionantes como aquele segundo em que a rede balança pela última vez neste jogo!
Me emociono muito!
Fomos muito felizes mesmo!
Sentimento semelhante ao gol de barriga... Mas, para nossa geração, este jogo significou mais!
Merecíamos aquela Liberta!
Cara, confesso que me senti como o PC... Nunca senti felicidade como daquele dia. Foi épico, lembro que liguei pra casa gritando de felicidade, eu sozinho ali no Maracanã, mas ao mesmo tempo rodeado de amigos, que compartilhavam aquele momento. Bons tempos...
ResponderExcluirÉpica partida. Tanto essa quanto as seguintes contra o Boca.
ResponderExcluirA equipe de 2008 foi o melhor time do Flu que vi jogar.
Pena que as datas Fifa atrapalharam o embalo do time, e o resultado é aquele que lamentaremos até conquistar a primeira.