Recordar é viver - Fluminense 1, América 0

Rio de Janeiro, 27 de abril de 1975.

Amigos, o Maracanã presenciou um de seus grandes jogos: Fluminense e América quebraram lanças em uma batalha inesquecível.

A partida foi marcada pelo intenso equilíbrio. A recém-estabelecida Máquina Tricolor, comandada em campo por Rivellino, lutou contra um América arrumadinho, com seu perigoso trio gaúcho (Ivo, Bráulio e Flecha). No meio-de-campo, a disputa foi acirrada, principalmente entre Ivo e Rivellino. Os dois brigaram muito, na bola e na catimba.

As defesas tiveram grande atuação. Alex fez uma de suas melhores partidas pelo América. Silveira e Edinho formavam uma bastilha tricolor, inexpugnável. O zero a zero teimoso persistia no placar. Quando o ponteiro Gil, do Fluminense, perdeu um gol inacreditável, a prorrogação tornou-se inevitável. Como se não bastassem os noventa minutos regulamentares, as duas equipes partiram para mais dramáticos trinta minutos.

Quando o tempo extra já estava para se esgotar, Bráulio tentou aplicar um banho-de-cuia em Marco Antônio, ao invés de isolar a bola. Resultado: errou a jogada, e precisou dar um tapinha na bola. O árbitro Carlos Costa assinalou a falta perigosa. Sete jogadores do América na barreira, e o coro pedindo Rivellino vinha da arquibancada lotada.

O ex-Menino do Parque, hoje um revalorizado Curió das Laranjeiras, pegou distância e soltou o foguete. A bola bateu na cabeça de Geraldo, fez uma curva, e foi morrer à esquerda do goleiro País, que só pulou por desencargo de consciência. Em êxtase, Rivellino correu para o fosso, e então começou a festa tricolor.

Com a vitória carregada de dramaticidade, o Fluminense conquistou a Taça Guanabara e o direito de disputar as finais do Campeonato Carioca.

PC

(crônica feita para o Pavilhão Tricolor)

Ficha Técnica:

27/04/1975 - Fluminense 1 x 0 América

Competição: Campeonato Carioca de 1975 (Decisão da Taça Guanabara).

Local: Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro).

Árbitro: Carlos Costa.

Renda: Cr$ 1.910.335,00.

Público: 96.035 pagantes.

Fluminense: Félix; Toninho, Silveira, Edinho e Marco Antônio; Zé Mário, Kléber e Rivellino; Gil, Manfrini (Erivelto) e Zé Roberto. Técnico: Paulo Emílio.

América: País; Orlando, Alex, Geraldo e Álvaro; Ivo, Bráulio e Tadeu Ricci; Flecha, Neco e Paulo César. Técnico: Danilo Alvim.

Cartões Amarelos: Rivellino e Ivo.

Gol: Rivellino aos 119' (14' do 2º tempo da prorrogação).