Amigos, quando o Cruzeiro conquistou sua primeira Libertadores da América, no Estádio Nacional de Santiago, em 30 de julho de 1976, uma pessoa no céu também levantou a taça.
O primeiro título internacional do Cruzeiro foi marcado pela dor: um de seus jogadores mais queridos, Roberto Batata, falecera em um acidente automobilístico, no quilômetro 182 da Rodovia Fernão Dias, no dia 13 de maio. O quadro mineiro jogava as semifinais da Libertadores (na época triangulares), e havia acabado de vencer as partidas contra a LDU em Quito e o Alianza em Lima. Aquele jogo na capital peruana, ninguém poderia saber ainda, seria o último da carreira de Roberto Batata. Na vitória por 4 a 0, Batata assinalou um gol, e foi eleito o melhor em campo.
Em celebração do triunfo, Batata e Nelinho foram passear para conhecer a cidade de Lima, antes da volta ao Brasil, e por isso chegaram tarde ao aeroporto. O técnico Zezé Moreira, rígido e disciplinador como sempre, não deixou de repreendê-los pelo desvio. Mas nem este incidente fez cessar a alegria contagiante do grupo, que estava a um passo de chegar à final da América.
Os jogadores teriam uma folga de dois dias, antes do retorno aos treinamentos. E Batata aproveitou para ir ver sua esposa Denize e seu filho Leonardo, de 11 meses, em Três Corações, onde moravam. Ainda no aeroporto de Belo Horizonte, se separou do restante do grupo, e entrou no carro para a última viagem de sua vida. A batida atrás de um caminhão foi fatal.
Da estréia contra o Peñarol, em 1971, até aquele jogo em Lima, foram 281 partidas pelo Cruzeiro, com 110 gols assinalados. Roberto Batata conquistara quatro vezes o Campeonato Mineiro (de 1972 a 1975).
Sete dias após a tragédia, o Cruzeiro entrava no gramado do Mineirão, ainda de luto, para enfrentar o Alianza Lima. A camisa 7 estava ali, à beira do campo, em homenagem dos companheiros a Roberto. E o Cruzeiro venceu por 7 a 1, assegurando antecipadamente a vaga na finalíssima.
O título foi decidido em 3 jogos: Cruzeiro 4 a 1 em Belo Horizonte, River Plate 2 a 1 em Buenos Aires, e Cruzeiro 3 a 2 em Santiago. Após a grande vitória em terras chilenas, todo o elenco se ajoelhou no gramado e orou por seu companheiro, aquele que resolvia os jogos quando a fé estava abalada, aquele que não desistia nunca. Quando levantaram a Copa Libertadores, com uma mistura de dor legítima e alegria imensurável, os cruzeirenses sabiam que alguém lá em cima, sobre o enorme céu desta América de futebol, estava sorrindo.
PC
arrepio com essa história do Batata, mais uma vez ótimo texto PC!!
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