terça-feira, 3 de maio de 2016

11 termos futebolísticos curiosos utilizados mundo afora

O futebol é o esporte mais popular do planeta, ninguém duvida. Estima-se que a decisão da Copa do Mundo de 2014 tenha sido vista por mais de duas bilhões de pessoas, espalhadas por mais de 200 países. E, em cada uma destas nações, termos são criados para explicar lances ou momentos do jogo. Devido à popularidade do futebol, algumas destas palavras são transportadas e entram na linguagem do cotidiano das pessoas, em situações que extrapolam o próprio esporte.

Seguem abaixo 11 termos futebolísticos curiosos utilizados mundo afora, e as devidas explicações sobre os usos e as origens de cada um deles.

1) Torcedor/Torcida (Brasil)
"No começo do futebol, ir ao estádio era um ato de elegância, principalmente, no Fluminense. Por isso o Fluminense até hoje tem essa fama de clube aristocrático. As mulheres se enfeitavam como se fosse ao Grande Prêmio Brasil, colocavam vestidos de alta costura, chapéus, luvas. Mesmo que a temperatura na cidade estivesse por volta dos 40º, elas iam de luvas. Como o calor era muito grande, elas tiravam as luvas e ficavam com as luvas nas mãos, e como ficavam nervosas com o jogo, elas as torciam ansiosamente. Os homens usavam a palheta, um chapéu de palha muito comum na época, muito elegante e também ficavam com o chapéu na mão enquanto torciam. O Coelho Neto, que além de poeta e cronista era pai de dois jogadores do Fluminense: o Preguinho, que foi o primeiro homem a fazer um gol pela Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, e do Mano, que morreu em conseqüência de um jogo de futebol, levou uma bolada e acabou morrendo; pois o Coelho Neto escreveu uma crônica em que ele usava a expressão “as torcedoras”, referindo-se às mulheres e dali a expressão pegou e nasceu a torcida. Havia quem dissesse que torcida vinha do fato de as pessoas torcerem os fatos, de o torcedor torcer os fatos a favor de seu clube, mas não foi daí que o termo veio não. Apesar de que quem torce, realmente torce as coisas e até distorce. Mas, na verdade, não foi por isso, foi mesmo pelo gesto das moças, principalmente, das que torciam as luvas entre as mãos".
(texto do saudoso jornalista brasileiro Luiz Mendes)

2) Zona Cesarini (Itália)
As narrações esportivas italianas comumente se referem aos minutos finais de uma partida como Zona Cesarini. O termo é uma referência ao futebolista Renato Cesarini, meia-atacante italiano de origem argentina, que atuou com destaque no Chacarita Juniors nos anos 20 e na Juventus nos anos 30. Sua especialidade era marcar gols decisivos nos acréscimos das partidas. Após o gol de Cesarini no apagar das luzes da partida Itália 3 x 2 Hungria (13/12/1931), o jornalista Eugenio Danese cunhou o termo, que é utilizado até hoje. Por metonímia, a expressão é usada também na língua italiana comum, para indicar fatos ocorridos em últimos momentos.

Renato Cesarini, com a bela camisa do Chacarita Juniors.

3) Chaleira (Brasil)
O chute dado com o lado de fora do pé, estando a perna levantada e dobrada para trás, é chamado no Brasil pelo curioso nome de chaleira. A jogada foi criada por Charles Miller, o homem que trouxe a primeira bola de futebol da Europa para o Brasil, e era chamada de "charles", em sua homenagem. Com o passar dos anos, o termo "charles" evoluiu para "chaleira".

Charles Miller, pioneiro na prática do futebol no Brasil.

4) Craque/crack (origem na Inglaterra, utilização em diversos países)
Os ingleses chamavam o melhor cavalo nos páreos do turfe de crack horse. O termo acabou passando naturalmente para o futebol: o melhor jogador de um determinado time era o crack. Aqui no Brasil, a palavra foi aportuguesada para "craque".

5) Pelada (Brasil)
Há divergência quanto à origem do termo "pelada". Uma corrente afirma que a palavra deriva de "péla", referência às bolas de couro ou borracha, do latim vulgar "pilella", diminutivo de "pila", que significa bola ou novelo de lã. Outros dizem que o termo se deve à ausência de grama nos campos onde as partidas costumam acontecer, "terrenos pelados".

6) Gol de placa (Brasil)
No dia 5 de março de 1961, na partida Santos 3 x 1 Fluminense, no Estádio do Maracanã, Pelé marcou um gol espetacular, após driblar meio time do Fluminense. Por iniciativa do jornalista Joelmir Beting, o jornal O Esporte homenageou aquele golaço com uma placa de bronze, que foi instalada no estádio. A partir de então, muitos gols bonitos passaram a ser chamados de "gols de placa". Anos depois, Pelé presenteou Joelmir com outra placa, com os dizeres "gratidão eterna do autor do gol de placa ao autor da placa do gol". Mais detalhes desta história podem ser conferidos aqui.

7) Fergie Time (Inglaterra)
O termo se refere a um acréscimo de tempo exagerado ao final do jogo, permitindo que um time em desvantagem marque um gol para empatar ou vencer. É uma "homenagem" a sir Alex Ferguson, lendário treinador do Manchester United, cujo apelido é Fergie. Na visão dos rivais do clube, as arbitragens sempre eram generosas com o United de Fergie, especialmente nesse quesito do acréscimo de tempo. Duas vezes, gols marcados no "Fergie Time" deram títulos ao Manchester United: em abril de 1993, Steve Bruce marcou aos 52 minutos do segundo tempo, e assegurou o 2 a 1 contra o Sheffield Wednesday, que valeu o primeiro Campeonato Inglês do clube desde 1967; em 1999, na final da UEFA Champions' League, o Manchester United venceu o Bayern de Munique por 2 a 1, com dois gols nos acréscimos. Curiosamente, na última rodada da Premier League de 2012, o Manchester City, rival local do United, sagrou-se campeão inglês com um gol de Sergio Agüero contra o Queens Park Rangers, aos 49 minutos do segundo tempo. O gol no Fergie Time ironicamente tirou o título do United. E os torcedores do City cantaram eufóricos, provocando os rivais: "we won the League in Fergie Time".

8) Hat-trick (vários países)
Quando um jogador marca três gols no mesmo jogo, diz-se que ele fez um hat-trick. A origem do termo remete a um truque de mágica, no qual o ilusionista tirava três coelhos de uma cartola aparentemente vazia. Em inglês, o "truque da cartola" era chamado de "hat-trick". O termo foi utilizado para descrever uma atuação do atleta H. H. Stephenson em um jogo de críquete em 1858, e a partir daí passou a ser utilizado em diversos esportes, entre eles o futebol.

9) Enganche (Argentina)
O termo espanhol "enganche" poderia ser traduzido como "encaixe". Assim os argentinos chamam ao jogador que faz o elo (o "encaixe") entre o meio-campo e o ataque. No Brasil, o termo vem ganhando popularidade, principalmente para se referir a jogadores argentinos que fizeram sucesso executando a função em clubes brasileiros, como Darío Conca e Andrés D'Alessandro. Devido ao fato de o esquema com "enganche" ser chamado de 4-3-1-2, no Brasil muitas vezes o atleta é chamado de "um". Na Itália, é chamado de "trequartista".

10) Falso 9 (Brasil)
Nas formações táticas mais tradicionais, o time de futebol tem um centroavante fixo, que geralmente veste a camisa 9, atua como pivô e é o responsável por finalizar a maioria das jogadas da equipe (exemplo de "verdadeiro 9": Fred, no Fluminense). Entretanto, essa figura do atacante centralizado não está presente em certos esquemas táticos. Em seu lugar, está um atacante que atua "flutuando" pelos setores do meio-campo e do ataque, executando diversas funções, como puxar a marcação, abrir espaços para quem vem de trás, e até mesmo finalizar as jogadas. Este é o "falso 9", que embora apareça no desenho tático como centroavante, "flutua" por todo o meio-campo e o ataque. O exemplo mais famoso de "falso 9" no futebol mundial é o argentino Lionel Messi, que atua assim no Barcelona e, às vezes, na própria seleção nacional.

11) Bater roupa (Brasil)
O goleiro "bate roupa" quando defende e deixa escapar rapidamente uma bola chutada com força, às vezes dando uma nova chance ao atacante adversário no rebote. Por exemplo, na decisão da Copa do Mundo de 2002, o goleiro alemão Oliver Kahn "bateu roupa", e Ronaldo aproveitou o rebote para marcar um dos gols da Seleção Brasileira. A expressão certamente é uma alusão ao secular hábito de lavar roupas na beira do rio, chamado de "bater roupa", no Nordeste do Brasil. Entretanto, o motivo de a expressão ter sido transportada para o futebol é um mistério ainda inexplicado.

PCFilho

2 comentários:

  1. Fala PC, muito bom o sue blog sempre estou acompanhando.
    Pergunta, este ano voce não ira fazer o cartola Fc?
    Abç.
    Felipe

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo prestígio ao blog!!

      Sim, haverá os palpites do Cartola FC. Em breve postarei as dicas da primeira rodada.

      Excluir

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