"Santamaría, Brant e Orozimbo! Santamaría, Brant e Orozimbo! Brant era um craque! Brant era um craque!". Era agosto ou setembro de 2009, e meu tio acabara de acordar, no Samaritano, após horas de sono induzido. Eu o visitava, e fiquei encantado ao ouvi-lo recitar a linha média do time que o fez se apaixonar pelo Fluminense, na década de 30. Não tive a honra de ver Brant atuar, mas ali, naquele instante, ele passou a ser meu ídolo obrigatório.
Carlos Brant nasceu em Diamantina/MG, no dia 19 de novembro de 1905. Iniciou a carreira de footballer no Sete de Setembro, de Belo Horizonte, de onde se transferiu, em 1927, para o Atlético Mineiro. Caminhava vários quilômetros por dia, para ir treinar no Atlético. No Galo, jogou até 1932, tendo sido convocado uma vez para a Seleção Brasileira (foi o primeiro jogador do clube a receber uma convocação). Foi também Campeão Mineiro, em 1927, 1931 e 1932, e integrante da Seleção Mineira. Com a implantação do profissionalismo no futebol do Rio de Janeiro, alguns astros do futebol dos outros Estados foram atraídos para a capital federal. Brant foi um deles: veio para o Fluminense, contratado em fevereiro de 1933.
Brant no Atlético Mineiro.
No Fluminense, Brant jogou ininterruptamente durante nove anos, de 1933 a 1941, quando se aposentou. Foi campeão em 1936, 1937, 1938, 1940 e 1941, tendo participado daquele time tricolor que é, para muitos, o melhor da história do futebol carioca. Atuou 248 vezes com a camisa tricolor, tendo assinalado 21 gols. Integrou a Seleção Carioca por várias vezes, e sempre foi apontado como um dos mais profundos conhecedores da posição de center-half. Compensava sua pouca estatura física com uma colocação admirável. E possuía muita técnica: se dizia que ninguém sabia "matar" uma bola na ponta da chuteira como Brant. Grande jogador tecnicamente, Brant também foi um exemplo de disciplina: empregava-se a fundo nas partidas que disputava, mas sempre com lealdade, respeitando o adversário.
Rigorosamente metódico em sua vida particular, Brant chegou a ter fama de pão-duro, porque não fazia despesas a não ser as estritamente necessárias. Porém, emprestava dinheiro de vez em quando aos seus companheiros de clube: era o "caixa econômica" do time das Laranjeiras. Sua disciplina financeira valeu-lhe um emprego no próprio Fluminense, quando pendurou as chuteiras. Durante anos, Carlos Brant foi um dedicado funcionário da tesouraria do clube tricolor, da mesma forma que foi seu dedicado defensor nos prélios de futebol.
PC
Fontes de pesquisa:
- Revista "O Globo Sportivo", janeiro de 1952.
Boa lembrança do mineiro Brant. No Fla-Flu da Lagoa, 2x2 na Gávea em que fomos bicampeões, Brant jogou a partida final em lugar de Spinelli machucado. Ele estava parado e praticamente aposentado, mas voltou nessa partida memorável para com mais razão se perpetuar na história do Fluminense.
ResponderExcluirJomar