Amigos,
escrevi aqui, no dia 11/11, exatamente estas linhas:
"Daqui a menos de um mês, teremos o jogo Fluminense x Guarani, que, se tudo der certo, selará o triunfo no Campeonato Brasileiro, conquista que a geração atual nunca vivenciou. A procura pelas entradas será enorme, uma demanda muito maior que a oferta de lugares no Engenhão. Como o Fluminense lidará com a situação? Será que os dirigentes aprenderam as lições de 2008?".
Ao contrário do meu amigo Profeta, eu não tenho poderes mágicos para prever o futuro, não. O que escrevi foi apenas um alerta para uma situação óbvia. Qualquer pessoa com um mínimo de informação e experiência no assunto poderia ter feito a previsão da catástrofe. Ainda mais nós, tricolores, que vivemos a traumática experiência da "farra dos ingressos", em 2008. Era, sim, uma tragédia anunciada.
Relembrando o caso de 2008: na ocasião, o Fluminense chegou à decisão da Copa Libertadores da América, e teve que organizar uma venda de ingressos para a finalíssima no Maracanã. Foram vendidos 78.918 ingressos, e o Fluminense obteve a maior renda da história do futebol brasileiro até então. O problema foi a distribuição dos ingressos. Entre outras farras, 5.200 bilhetes foram vendidos para os 26 dirigentes do clube (200 para cada um), e milhares de outras entradas foram comercializadas para empresas de turismo. A venda para os sócios foi feita na arquibancada do Estádio de Laranjeiras, com o limite de três ingressos por associado (que pôde passar a madrugada dentro do clube, aguardando o início das vendas). Havia uma carga separada para os sócios (como tem que ser, uma vez que são estes os mantenedores do clube). Os ingressos restantes eram poucos, ainda mais se levando em conta as quilométricas filas formadas durante a madrugada, no Fluminense e no Maracanã. O caos era iminente e previsível. A organização das filas foi catastrófica, sem distribuição de senhas, e o que se viu foi aquela tragédia, até com pessoas feridas.
O clube, desde então, teve que se submeter a um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), para evitar confusões em venda de ingressos. Durante 2009 e 2010, tivemos alguns jogos de apelo, como a final da Copa Sul-Americana, e as vendas transcorreram dentro do aceitável. O Fluminense parecia ter aprendido a lição de 2008 (embora ainda não tivesse passado por um teste de verdade, isto é, um jogo de grande apelo). Quando esta prova real chegou, hoje, vimos que não, o Fluminense não aprendera nada.
Anunciou-se a venda de ingressos com as mesmíssimas regras da famosa catástrofe de 2008. Com alguns agravantes:
- a carga de venda muito menor, dada a capacidade do Estádio Olímpico João Havelange, aproximadamente metade do Maracanã.
- o tratamento dado ao sócio, suposto cliente VIP do clube, que, pasmem!, passou a noite na fila, do lado de fora do clube (!!!).
- o atendimento lento ao sócio, em um único guichê, numa venda realizada online, o que acabou deixando sócios do clube sem ingresso, enquanto torcedores comuns conseguiram suas entradas em outros pontos.
Um senhor, de 52 anos, morreu ao sofrer um infarto fulminante, na fila de não-sócios em Laranjeiras. Muita tristeza...
Este episódio lamentável fecha com chave de ouro a brilhante gestão de Roberto Horcades. Que o presidente eleito Peter Siemsen cumpra a promessa feita ontem, aos torcedores e sócios na rua: "isto nunca mais acontecerá". Já será uma evolução.
O Fluminense não pode mais continuar vendendo ingressos como se estivéssemos na década de 50. Nós estamos vivendo o século XXI, e a internet apresenta diversas soluções para o problema. (por falar nisso, o site Ingresso "Fácil", obviamente, travou e não vendeu ingressos para Fluminense x Guarani)
A mais elegante saída para esse problema crônico da venda de ingressos é a implantação de um programa de associação em massa decente, nos moldes do que faz o Internacional. Nas últimas finais importantes do Colorado, simplesmente não houve venda de ingressos para torcedores comuns: apenas sócios puderam assistir às partidas, comprando suas entradas sem maiores dificuldades. Passar noite em fila? Isso ainda existe em algum lugar do mundo?
Só pra lembrar: ihhh, Libertadores qualquer dia estamos aí...
PC
Se a nova diretoria transformar a venda de ingressos algo eficiente, moderno e que gere renda pro clube, diferente do passaporte tricolor, já terá dado um grande passo, mesmo não melhorando em outra áreas.
ResponderExcluirA venda de ingresso era pra ser algo tão simples e a diretoria do Flu faz questão de complicar.
Enfim, ST.
Fui à final em 2008 e sei o que precisei passar. É triste, revoltante. O pior é a sensação de impotência, ver tanta coisa suja e não pode sequer reclamar seus direitos. Sim, porque lá, nas filas, ai de quem não saiba reclamar "baixinho". Desta vez não participei da tragédia, mas me senti ofendida e triste pelos torcedores que lá estiveram e foram tratados como verdadeiros pedintes. Parabéns mais uma vez!
ResponderExcluirPC, só para avisar que eu consegui comprar meu ingresso, para Oeste Inferior. ahahhaa, e mais uma vez, belíssima interpretação e exposição de fatos!
ResponderExcluirCaríssimo,
ResponderExcluirAfora a excelente abordagem aqui traçada sobre o tema, eu sugeriria a inclusão de mais um único ponto, que me parece crucial dentro de todo este caos: o interesse do clube em consignar ingressos para cambistas, que fatalmente vendem tudo o que tem em mãos com ágio entre 100 e 200%. Parte deste ágio retorna para o clube. O cambista ganha, o clube vende um ingresso com preço dobrado e o ágio retornado não entra na renda oficial e em eventuais bloqueios de natureza judicial. Com exceção do sacrificado torcedor, todos saem rindo ostensivamente.
Brax.
Ano passado, qd era o Fla q estava na "final", foi a mesma coisa. Dormi na fila, passei perrengue, mas no fim não consegui ingresso. Não é difícil fazer algo direito, mas falta vontade para isso...
ResponderExcluirPC, claro que temos interesses por trás dessa vergonha dos ingressos! É descobrir quais são, quem está comprometido com a bagunça e punir!
ResponderExcluir*
Presidente eleito, moralize essa bandalha, por favor! É uma vergonha e desestimula ir ao jogo dessa forma.
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E por favor, punição a quem comprar ingressão em mãos de cambistas. Isso, junto com os empresários (não todos, claro), são um cancro a mais para nosso futebol! Tá na hora de dar um basta nisso. E ainda querem fazer Copa do Mundo aqui! É brincadeira!
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ST Tricolores!!!
A corja aparentemente está saindo das Laranjeiras e dias melhores virão !
ResponderExcluirForam 16h de fila, mas ingresso na mão !
P.S.: Durmir em fila foi um absurdo!!! Nunca Mais !!!!!
É completamente desnecessário o que essa diretoria faz com a gente. Comprando ingressos pra participar do show do Paul McCartney no Morumbi, precisei passar apenas 10 min em frente ao computador, e pra tentar conseguir um ingresso pra final em 2008, foram horas e horas na fila pra terminar sem ingressos. Não é difícil organizar uma venda, mas não é do interesse deles que seja facil.
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