"Filho, hoje vamos ver o jogo da Seleção!", disse o pai, naquela quarta-feira, na saída da escola. A criança retrucou: "o Ronaldo vai jogar?". "Vai, sim, filho. O Ronaldo vai jogar, e vai jogar muito!".
Chegaram ao Mineirão uma hora antes do pontapé inicial: era dia de Brasil x Argentina, pelas eliminatórias da Copa do Mundo. E aquela noite de dois de junho de 2004 seria inesquecível, para pai e para filho. Por obra de Ronaldo.
A Argentina começou melhor, atacava mais, levava perigo ao gol de Dida. Mas, quando eram decorridos dezessete minutos, Ronaldo recebeu um passe no bico da área, passou por dois adversários, e foi derrubado por Heinze. Pênalti para a Seleção. Ronaldo chuta e vence Pablo Cavallero, mas o árbitro Oscar Ruiz manda voltar, alegando invasão: o mesmo pênalti se desdobra em dois. Na segunda tentativa, novo gol: Brasil 1 a 0. Ronaldo 1 a 0. A noite de pai e filho começa a se encher de estrelas.
A cada vez que Ronaldo recebe a bola, o Mineirão treme. Aos oito do segundo tempo, ele dribla Quiroga e chuta de pé esquerdo. Para fora. Cinco minutos depois, ele se livra da marcação, arranca pela direita e chuta forte. Para fora, de novo. Passam mais cinco voltas do relógio, Juninho Pernambucano cruza, e ele cabeceia para o alto. Após mais cinco minutos, ele arranca pela direita, passa por dois defensores, e é derrubado por Mascherano. Novo pênalti para a Seleção. Ele mesmo cobra: Brasil 2 a 0. Ronaldo 2 a 0.
Aos 35 da etapa complementar, Sorín desconta para a Argentina. Mas a noite é de Ronaldo: já nos acréscimos, ele recebe livre, invade a área e é derrubado por Pablo Cavallero. Terceiro pênalti para a Seleção. Novamente ele cobra: Brasil 3 a 1. Três vezes Ronaldo.
O diário argentino Olé se rendeu, na internet: "Apareció el talento de Ronaldo y Brasil venció por 3-1 a la Argentina". A capa da edição impressa, no dia seguinte, preferiu dar destaque à vitória de David Nalbandián sobre Gustavo Kuerten em Roland Garros: "Lo que importa es el tenis". Não, eles sabiam que o que importava era o futebol. O que importou, naquela noite de quarta-feira, foi Ronaldo.
Ronaldo que, quatro anos antes, tivera a carreira "encerrada" por jornalistas do mundo todo, que não acreditavam na recuperação de seu joelho.
Ronaldo que, dois anos antes, assombrara o mundo na Copa do Mundo da Coréia e do Japão, assinalando oito gols, e levando o Brasil à quinta conquista de Mundial.
Ronaldo que, naquela noite, igualava Pelé e Rivaldo, ao marcar três gols no mesmo jogo contra a Argentina.
Ronaldo que, dois anos depois, superaria Pelé, Just Fontaine e Gerd Müller, tornando-se o maior artilheiro da história das Copas do Mundo.
Ronaldo que fez pais e filhos vibrarem juntos, no Mineirão, no Camp Nou, no San Siro, no Santiago Bernabéu, no Pacaembu...
Ronaldo que, fortuna, idade e peso à parte, ainda é o menino de Bento Ribeiro, que ia bater sua bola no campo da rua Figueira de Melo, em São Cristóvão.
Ronaldo, o Fenômeno.
PC
Lembro desse jogo. Sentirei saudades ver o Ronaldo.
ResponderExcluirGrande jogador.
ResponderExcluirTop 5 que vi jogar:
Romário
Ronaldinho
Messi
Zidane
Ronaldo
Fenômeno do marketing!
ResponderExcluirNunca ganhou um Campeonato Italiano, um Holandês, uma Champions League, uma Libertadores, um campeonato Brasileiro, um carioca.
Ganhou dois espanhóis nas costas do Zidane.
No mais um ótimo velocista e finalizador.
Marcelo Ferreira disse...
ResponderExcluirFenômeno do marketing!
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PRO AZAR DO ITALIANO, DO HOLANDES, DA UCL...
Ronaldo foi foda...