Amigos, sabemos que o gol é o grande momento do futebol. É por isso que, sempre que posso, rendo minhas homenagens aos artilheiros, àqueles que sabem empurrar a bola para as redes. Pois bem, outro dia, me perguntei: quem é o maior artilheiro da história da Libertadores? Me dei conta de que não sabia a resposta, e fui pesquisar.
Sem suspense, apresento logo suas iniciais: Alberto Pedro Spencer, equatoriano, lendário centroavante do Peñarol, do Uruguai. Entre 1960 e 1972, em 87 jogos de Libertadores, Spencer anotou inacreditáveis 54 gols: 48 pelo Peñarol, e 6 pelo Barcelona de Guayaquil. Ao todo, 30 goleiros foram vazados por seus disparos indefensáveis, ou por suas cabeçadas precisas. Seus gols ajudaram o Peñarol a levantar a taça em três ocasiões: 1960, 1961 e 1966.
Tudo começou em 19 de abril de 1960, no primeiro jogo da história da Libertadores, quando o Peñarol bateu o Jorge Wilstermann, da Bolívia, por 7 a 1. Naquele dia, Spencer assinalou quatro gols, o primeiro deles aos 35 do primeiro tempo. O arqueiro boliviano Hernán Rico foi sua primeira vítima.
A última das 54 celebrações de Spencer se deu em Guayaquil, na vitória do Barcelona (3 a 0) sobre o Chaco Petrolero, da Bolívia, em 22 de março de 1972. O arqueiro paraguaio Justo Ramón Zayas Mora foi sua vítima derradeira.
Entre Rico e Mora, alguns goleiros brasileiros sofreram com a artilharia pesada de Spencer. Em 4 de junho de 1961, Peñarol e Palmeiras começaram a decidir a Libertadores, no Estádio Centenário, em Montevideo. As 70 mil testemunhas viram um único gol, de Spencer sobre Waldir. E o Peñarol acabaria levantando o bi, no jogo seguinte.
Em 28 de julho de 1962, o Peñarol começava a decidir a Libertadores, novamente no Estádio Centenário, contra o Santos. O filme do ano anterior parecia se repetir: aos 18 minutos, Spencer venceu
Gilmar. Mas o Santos, aquele timaço, acabou virando, com dois gols de
Coutinho. Porém, na volta, na Vila Belmiro, Spencer voltaria a marcar, duas vezes, na vitória do Peñarol por 3 a 2 (na verdade, este jogo terminou 3 a 3, mas os minutos finais não valeram -
ano passado escrevi sobre esta partida). O Santos só conseguiria ser o campeão após a partida de desempate, em Buenos Aires, com show de
Pelé.
(Outro arqueiro brasileiro vazado por Spencer foi Manga, quando defendia o Nacional, maior rival do Peñarol no Uruguai.)
A carreira de Spencer foi recheada de títulos: além das Copas Libertadores de 1960, 1961 e 1966, o artilheiro ajudou o Peñarol a levantar os Campeonatos Uruguaios de 1959, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967 e 1968, as Copas Intercontinentais de 1961 e 1966, e a Supercopa de 1969. Foi também campeão equatoriano pelo Barcelona, em 1971.
Habilidoso e veloz, ambidestro, com ímpeto de bom cabeceador, Spencer sempre surpreendia os zagueiros rivais, enganando, driblando e rompendo as defesas, sempre de olho no objetivo do gol. Na Copa Libertadores de 1963, fez sua maior vítima: o Everest/EQU, curiosamente o clube que o revelou. No massacre por 9 a 1, Spencer fez cinco gols no arqueiro Hugo Mejía.
Contando toda a sua carreira, Spencer assinalou 510 gols, 326 deles pelo Peñarol. Comemorava sempre com os braços para cima, à frente das arquibancadas. Lá estavam seus fãs, uma geração inteira de uruguaios apaixonados pelo artilheiro equatoriano.
Spencer não chegou a jogar uma Copa do Mundo, o que talvez explique sua ausência na lista dos 100 maiores de todos os tempos, elaborada pela FIFA. No Equador, é até hoje reconhecido como maior futebolista da história do país.
Em 3 de novembro de 2006, o maior artilheiro da história da Libertadores sucumbiu à inevitável força da natureza humana. Hoje, o Estádio Modelo de Guayaquil se chama Alberto Pedro Spencer, em merecida homenagem ao craque. (foi lá que o Peñarol o descobriu, quando ele marcou um gol nos uruguaios, em partida amistosa)
PC
Alberto Spencer, o maior artilheiro da Libertadores, no uniforme do Peñarol.
Alberto Spencer em um treino.
O já senhor Alberto Spencer.
Mais sobre Alberto Spencer:
O cara devia ser sinistro. Veloz, ambidestro e bom cabeceador. Difícil de encontrar...
ResponderExcluirJá simpatizo com o cara só de ele não ter jogado naquele timinho sem tradição que ridiculamente se denomina "Rey de Copas Sudamericano".
Deviam é fazer uma estátua pro Baldassi e pra deusa "Altitude".