quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Resenha do filme: Sétimo

Ricardo Darín é Sebastián em Sétimo (Séptimo, 2014).

Seguindo o relativo sucesso da minha resenha de Interestelar (nenhum comentário, mas mais de mil leitores!), escrevo sobre o suspense Sétimo (Séptimo, 2014), co-produção de Espanha e Argentina, a que assisti hoje.

Eu confesso que estava desanimado com os filmes em cartaz, pois a sinopse de Jogos Vorazes não me atraiu, e os filmes nacionais tampouco (embora eu talvez ainda dê uma chance a Tim Maia). Entretanto, ao checar a programação da semana que começa, me deparei com ele: o ator Ricardo Darín. Tenho uma regra pessoal: se há um filme do mito argentino em cartaz, sou obrigado a ir ver. Nunca me arrependo.

Relatos Selvagens, também estrelado por Darín, continua em cartaz em alguns cinemas brasileiros, e eu insisto: vão ver, é um dos melhores filmes do ano. Mas vamos ao Sétimo: Sebastián, o personagem de Darín, é um advogado bem-sucedido, divorciado de Delia (Belén Rueda), com quem tem dois filhos pequenos - Luca (Abel Dolz Doval) e Luna (Charo Dolz Doval).

Em um dia que prometia ser tenso no trabalho, com um julgamento importante que necessitava de sua presença, Sebastián busca os filhos no apartamento da mãe, para levá-los à escola. Eles repetem a brincadeira de sempre: o pai desce pelo elevador, enquanto as crianças descem pelas escadas, numa aposta para ver quem chegará primeiro ao chão. Sebastián chega ao térreo, e comemora mais uma vitória contra os filhos... até que percebe que eles não chegarão.

Então, começa o suspense, em torno deste misterioso sumiço de Luna e Luca. O pai, desesperado, começa a suspeitar de quase todo mundo - do porteiro do prédio a seus adversários no julgamento daquele dia, passando por todos os vizinhos. E ainda tem que lidar com a desconfiança da própria ex-mulher, que o acusa de arquitetar o sequestro. O filme dura menos de uma hora e meia, mas é bem conduzido, e a atuação de Darín é, como sempre, espetacular, da primeira à última cena. Vale o ingresso.

Enfim, como o cinema argentino está à frente do nosso, né? Vejo muito talento em atores e atrizes brasileiros, mas os filmes nacionais não conseguem atingir o patamar dos vizinhos, ressalvadas as raras exceções, que confirmam a regra. Que há algo errado no cinema aqui de Pindorama, é um fato. A goleada dos hermanos sobre nós nesse quesito é maior até do que aquele dolorido sete a um da Alemanha na Copa do Mundo.

PCFilho

Trailer:

15 comentários:

  1. PC, não dê chances a "Tim Maia". O filme é um desperdício de oportunidades. Conseguiram fazer algo divergente da verdade, o que é um pecado em se tratando de "obra biográfica", é longo, cansativo e muitas vezes chega ao ridículo, como no caso da personagem caricata de Roberto Carlos. Poderia gastar laudas e laudas na crítica negativa do filme, mas pouparei seus leitores.

    Caso tenha grande interesse por cinema, a ponto de querer analisar como se faz um desastre cinematográfico, e isso é de fato um campo de especulação para pesquisadores, então assista.Se quiser um bom filme e alguma diversão, nesse caso, mantenha distância.

    Abs, Fred.

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  3. Concordo com você sobre a goleada do cinema argentino ser maior do que aquele 7x1 no futebol (infinitamente maior). O cinema deles não tem mais dinheiro que o nosso, nem maior pirotecnia, tampouco profissionais melhores. Ganham de nós nos roteiros e nas histórias, que são na maioria das vezes incrivelmente simples e brilhantemente bem contadas. Simples assim. E não é que eles tenham bom gosto e nós não. É o que se valoriza na hora de tocar uma produção. No caso deles, boas histórias. No nosso caso, números. E tome Globochanchada! E tome humorista virando astro de cinema! E tome diretores de novela manjados fazendo nada mais do que novelas manjadas em tela grande! Sem falar naquilo que pra mim é o pior de tudo: a panelinha que existe por aqui. Sempre as mesmas figuras, as mesmas empresas e as mesmas produtoras conseguindo os melhores patrocínios e as melhores distribuições, ganhando consequentemente mais público, fazendo a moviola girar em um triste círculo vicioso.

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  4. Em tempo: no nosso cinema tem muita coisa boa acontecendo, mas que fica naquele circuitinho restrito. O cinema que infelizmente impulsiona nossa indústria eu considero lixo em quase sua totalidade.

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    1. Leo João, obrigado por seu comentário. Engraçado, eu ia mesmo pedir sua opinião sobre isso. Você se antecipou ao meu pedido. :)

      Concordo totalmente com você, principalmente na parte em que diz que o cinema argentino ganha do nosso nos roteiros e nas histórias.

      "Sétimo" mesmo é uma história simples (aposto até que alguns críticos nossos falarão que é "clichê", rsrs), mas muito bem contada.

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  5. Recomendo você buscar opiniões mais abalizadas rs

    Ainda não consegui ver Relatos Selvagens e já surgiu mais uma produção hermana para a lista de pendências cinematográficas, mas assim que assistir voltarei aqui pra conversarmos mais ;)

    Um grande abraço!

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  6. Não sou muito fã do cinema argentino, mas reconheço que é superior ao nosso (que sou menos fã ainda!). Sétimo, pelo trailer, deu vontade de ver.

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    1. Leandro, depois de ver "O Segredo de Seus Olhos", qualquer um vira fã do cinema argentino. :)

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    2. Veja e depois me diga o que achou. O Segredo de Seus Olhos tem, na minha opinião, algumas das melhores cenas da história do cinema.

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    3. Meus caros, entendo que hoje não há a menor possibilidade de comparar o nosso cinema ao Argentino, que está, sem dúvida, em um patamar muitíssimo superior. O cinema brasileiro está completamente dominado pelo comercialismo banal de uma Globo Filmes, que passa para a telona a monotonia e a modorra das séries televisivas. Dois polos interessantes, mas pouco divulgados têm sido Pernambuco e Rio Grande do Sul.
      Léo, Relatos Selvagens é estupendo, não perca. Assisti duas vezes em Montevidéu,cidade na qual passei duas semanas em setembro. Também lá assisti a outros dois bons filmes: o uruguaio Mr Kaplam, e o argentino (de novo eles) Zanahoria, com locação no Uruguai. Outro filme argentino recente e de excelente qualidade, tendocomo protagonista o mesmo Darin é Tesis Sobre Un Homicidio, baseado na excelente novela de Diego Paszkowski.
      Procurando cuidadosamente e saindo dos filmes mais conhecidos, vamos encontrar muitas produções econômicas, com ótimas atuações, roteiro e direção.

      Por fim,vale realçar, o nível do teatro argentino então nem se fala, a diferença em relação ao nacional é um abismo. As temporadas são excelentes.

      Grande abraço, Fred.

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    4. Lá vou eu procurar um jeito de ver esse Tesis Sobre Un Homicidio... :)

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    5. Caro Paulo, você não se arrependerá! rsrs

      Abraço forte!

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    6. Como escrevi na resenha, quando se trata de Darín, eu nunca me arrependo. :)

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