Sport Recife 1 x 0 Fluminense

Juizão, juizão...

Amigos, se a imprensa esportiva brasileira fosse honesta, as manchetes berrariam nesta segunda-feira 14: "Fluminense é garfado de novo e perde para o Sport Recife". Nem mesmo o geralmente bom juiz Heber Roberto Lopes escapou à incontrolável sanha anti-tricolor que parece tomar conta da arbitragem brasileira.

Com apenas seis minutos de jogo, Gustavo Scarpa lançou Gerson, e o jovem tricolor partiu com tudo para abrir o placar na Arena Pernambuco. Entre ele e o gol, havia apenas o goleiro Danilo Fernandes, que pouco poderia fazer. Foi quando o bom zagueiro Durval escolheu se sacrificar para salvar o gol certo: deu um carrinho por trás, derrubando Gerson, naquele tipo de lance que costuma ser descrito como "trocar o gol certo pelo cartão vermelho".

Último homem, carrinho por trás: uma infração em que não cabe a menor margem para discussão, em que não há a menor sombra de dúvida. É cartão vermelho com certeza, e o árbitro Heber Roberto Lopes sabe disso. No entanto, inexplicavelmente, ele escolheu aplicar apenas o cartão amarelo. Com apenas seis minutos de jogo, prejudicou irremediavelmente o Fluminense, transformou a realidade do jogo e já garantiu sua nota zero. (vejam o lance aqui, se acharem que estou exagerando)

No fim do segundo tempo, num jogo em que houve apenas 45 minutos de bola rolando - a FIFA recomenda pelo menos 60 - o árbitro ainda teve a cara-de-pau de dar somente dois minutinhos de acréscimo. Se tivessem sido cinco minutos, eu ainda consideraria pouco, e ele deu dois! E não deixou nem o Fluminense cobrar o escanteio: encerrou segundos antes de chegarmos aos 47 prometidos. O que justifica tanta pressa para encerrar o jogo, compadre? Medo de o resultado se alterar?

Como tenho escrito aqui, não nego os diversos problemas que o Fluminense enfrenta - a maioria dos quais já enfrentava até mesmo nos anos recentes em que conquistou o Campeonato Brasileiro. De fato, há atletas em péssima fase, há deficiências no elenco, há o amadorismo dos dirigentes, há a falta de estrutura, há as invenções de Enderson Moreira, há o trânsito da Pinheiro Machado, há tudo isso. Porém, é impossível negar que o fator decisivo para o declínio do Fluminense neste Campeonato Brasileiro é a sequência de roubos sofridos em arbitragens criminosas.

Alguns jornalistas e torcedores insistem em negar o óbvio, em tentar colocar as más arbitragens em um segundo plano. OK, liberdade de expressão, cada observador das partidas tem o direito sagrado de atribuir os resultados aos fatores que bem entender. No entanto, insisto, discutir problemas técnicos, táticos e filosóficos do Fluminense, diante do que está acontecendo no quesito arbitragem, é equivalente a reclamar de uma rachadura na parede quando a casa está pegando fogo.

Faço aqui uma breve retrospectiva, apenas dos seis jogos do segundo turno. Contra o Sport Recife, Heber Roberto Lopes não expulsou Durval. Contra o Coritiba, Leandro Pedro Vuaden deixou de marcar pênalti claro em Michael no primeiro tempo. Contra o Flamengo, Ricardo Marques Ribeiro validou aquele surreal gol com passe de mão. Contra o Corinthians, Sandro Meira Ricci invalidou gol regularíssimo de Cícero. Contra o Joinville, Emerson Luiz Sobral deixou de marcar um pênalti para o Fluminense. Somente contra o Atlético Mineiro não houve prejuízo claro ao Fluminense em lances cruciais. Nos últimos seis jogos, em cinco houve erros grosseiros contra o Tricolor.

Repare que não estou reclamando de erros simples, de coisas banais. Não, nada disso. Foram erros grosseiros, falhas monumentais contra o Fluminense. No gol de Cícero contra o Corinthians, havia quatro zagueiros dando condição, quando apenas um já seria suficiente. O lance do Flamengo foi provavelmente o gol-de-mão mais escandaloso da história do Maracanã. A falta de Durval foi tão cartão-vermelho que a própria mãe do zagueirão o mandaria para o chuveiro, se fosse a árbitra. Sempre contra o Fluminense, haja coincidência! Será que há um item no regulamento do Campeonato que não permite a realização de uma partida do Fluminense sem um erro grotesco contra o time?

Escrevi, outro dia, ironicamente, que o Fluminense deve ser a instituição mais azarada do hemisfério sul. Claro que não é. O que está acontecendo diante dos nossos olhos e poucos têm coragem de dizer é o seguinte: há um evidente complô contra o Fluminense. Já conseguiram eliminar nossas chances de título (seria o terceiro em seis anos). Já conseguiram diminuir consideravelmente nossas chances de obter uma vaga na Copa Libertadores. E eu já não duvido que consigam até a proeza de nos rebaixar para a Série B na marra. A diretoria do Fluminense que não abra os olhos logo, para ver o que acontece...

Eu, sinceramente, me cansei da palha assada. A partir de agora, peço desculpas aos leitores, mas só escreverei resenhas sobre jogos em que a arbitragem for isenta. Enquanto a sacanagem continuar, não perderei mais meu tempo com isso, porque eu gosto de escrever sobre futebol, não sobre putaria.

PCFilho