Depois de um longo período sem escrever (longo mesmo), convivendo com o fantasma da “folha em branco”, eis que, finalmente, veio a inspiração! Novamente recorro ao mundo esportivo, dessa vez numa homenagem ao jogador mais importante que eu vi jogar: Romário. Antes de mais nada, só gostaria de dizer que quando comecei a acompanhar o futebol, o Maradona já estava começando a trocar a pelota pelas drogas, e portanto o Romário é o melhor jogador que eu vi em atividade. Não o mais habilidoso, mas o mais decisivo.
Sou um dos que pregam o lema de que o Baixinho ganhou a Copa de 94 praticamente sozinho. Não vivi os 24 anos de espera, nem o desastre da Copa de 90, mas lembro-me perfeitamente da emoção de ver o Brasil conquistar o Tetra nos EUA. Tudo por “culpa” daquele cara marrento, a quem chamam de “baixinho”, mas que é um gigante dentro da grande área (gigante mesmo, vide o gol que ele fez contra a Suécia!!!).
Depois dessa conquista magnífica, ele não precisaria ter feito mais nada na carreira para ser lembrado eternamente entre os gênios do futebol. Mas fez muito mais. Com raro oportunismo e com a língua afiada, ganhou desafetos, mas sempre deixou sua marca. Em gols e frases. Destaco aqui as melhores, na minha opinião:
“O Pelé de boca fechada é um poeta” – sobre uma declaração do Rei do Futebol sobre o Baixinho.
“Agora toda a corte está feliz: o rei, o príncipe e o bobo” – rebatendo uma frase do Edmundo na qual o rei (Eurico) favorecia o Romário (príncipe) em detrimento do Animal (bobo).
“Rei existem vários, qualquer um pode ser rei. Mas Deus, só tem um: eu sou Deus” – sobre o fato de Renato Gaúcho ter sido chamado de “rei do Rio” no Carioca do ano anterior.
Alfinetadas a parte, Romário pode não ser unanimidade, mas foi (e ainda é) um jogador muito importante para a História do futebol mundial. Torci muito para que ele fizesse o milésimo gol (só não queria que fosse contra o Mengão). Preferia que fosse no Maraca, o palco sagrado do esporte, mas o que importa é que ele fez o tão esperado gol 1000. Não importa se os gols foram ou não marcados como profissional. O que importa é que foram gols. E foram 1000! Acho que isso aumenta a paixão que temos pelo esporte (esporte no sentido amplo, não apenas o futebol).
Mais do que ver o milésimo gol do Romário, todos fomos espectadores de um momento histórico, que será lembrado por gerações, e reforçado quando alguém chegar perto da marca outra vez, como aconteceu com o Pelé.
Torci muito para que ele fizesse o milésimo, assim como torci para que o Michael Schumacher fosse heptacampeão vencendo todas as suas corridas há umas três temporadas atrás (quando ele venceu as cinco primeiras e a Ferrari era imbatível); assim como torci para ver o Mão-Santa Oscar jogar no Flamengo ao invés de encerrar a carreira; assim como torci para que Michael Jordan voltasse ao basquete, mesmo que fosse jogando pelo modesto Washington Wizards, com todo o peso dos anos em seus ombros. Torci, para que eu pudesse um dia contar aos meus filhos e netos que vi homens estupendos realizarem feitos gloriosos (como me era contado pelo meu pai). Como fazer o milésimo gol da carreira.
Parabéns Romário! E muito obrigado!!!
by rafs