domingo, 18 de fevereiro de 2007

Cinema

Hoje vou falar de filmes! No fim do ano, prometi aqui que iria mais vezes ao cinema em 2007. E estou cumprindo a promessa! Quinta passada, ao ver "A Rainha", completei a marca de vinte filmes assistidos na telona. Análises de filmes geralmente são horríveis, porque cada um tem um gosto bem específico em relação a esse assunto. Mesmo assim, escreverei um pouco sobre os filmes a que assisti.

Começarei pelas minhas decepções. Duas películas (só escrevi esse termo para não ficar repetindo "filmes"!) realmente não me agradaram: o chinês "Dias Selvagens" e a super-produção "Babel". Especialmente desse último, eu esperava muito mais. Tem vencido os prêmios do cinema, mas eu não gostei mesmo.

Os outros dezoito filmes me agradaram. "Mais estranho que a ficção" conta a história de Harold Crick, um sujeito que começa a ouvir a narração da sua vida, e descobre que a autora pretende matá-lo. Dustin Hoffman dá um show, apesar de ser coadjuvante. Ele também participa de "Perfume", um filme dramático que prende a atenção do início ao fim, baseado no livro de Patrick Süskind.

"Uma Noite no Museu" também é ótimo, me fez rir um bocado. Um filme com Robin Williams nunca é ruim! Em geral, também gosto bastante das atuações do Ben Stiller e da Kim Raver (a fantástica Audrey Raines de "24 Horas"). Continuando, "O Segredo de Beethoven" é um excelente filme de música, com uma interpretação magistral de Ed Harris. "O Amor Não Tira Férias", comédia romântica, me agradou também (não tenho vergonha de assumir que adoro esse tipo de filme!). "A Rainha" é o máximo que um filme sobre a rainha poderia ser (:-D).

"Fonte da Vida" é um filme bem doido; confesso que não entendi algumas partes, mas gostei mesmo assim. "Déjà Vu" é o filme policial-futurista típico. Minha irmã definiu bem: "o tipo que a Globo adora passar". É mesmo, e eu gosto desses filmes! Destaco as atuações de Denzel Washington e Jim Caviezel (que fez Edmond Dantes em "O Conde de Monte Cristo" e Jesus no filme dirigido pelo Mel Gibson). Falando nele, "Apocalypto" é excelente!

O representante brasileiro da lista é "A Grande Família!". O melhor programa de televisão do país ganhou um representante à altura na telona! Adoro ver a bandeirinha do Fluminense na mesa do grande Lineu! Também gostei de "A Conquista da Honra", embora eu esperasse mais do filme. O diretor Clint Eastwood arrebentou mesmo em "Cartas de Iwo Jima": que filmaço! Ainda bem que consegui pegar o último ingresso da pré-estréia gratuita promovida aqui no Rio pelo Consulado do Japão. Como vocês podem ver, às vezes aquele Murphy está de folga! Outro filme japonês que eu vi (e gostei) graças a essa iniciativa do consulado foi "A Espada Oculta".

"Rocky Balboa" é legal; gosto de filmes sobre esporte. "O Último Rei da Escócia" também é excelente: um verdadeiro show de Forest Whitaker! O filme ensina valiosas lições sobre poder e preconceito.

Os últimos três filmes do meu texto, caros leitores, são os meus destaques: "Pequena Miss Sunshine", "À Procura da Felicidade" e "Diamante de Sangue". Não consigo justificar o que me faz gostar tanto de certos filmes. Simplesmente saio da sala com a sensação de ter visto uma obra-prima. Foi o que aconteceu nessas sessões. Garanto: essas três películas (!) valem o ingresso. Ao lado de "Cartas de Iwo Jima" (também vale o ingresso, né, Murphy?), são minhas torcidas para o Oscar!

O texto ficou grande, e deve ter ficado confuso. Me perdoem os nossos seis leitores, mas escrever sobre 20 histórias em alguns parágrafos não é fácil. Espero continuar assistindo a muitos filmes esse ano ("Pecados Íntimos", "Borat", "Vênus" e "Volver" estão na minha lista imediata). Agradeço ao IMDB (http://www.imdb.com/) por informações que me ajudaram a compor essas mal traçadas linhas. Agradeço também ao U2, que foi a minha trilha sonora durante a redação. Por fim, meu "obrigado" para vocês que leram o texto (e evidentemente me mandarão suas sugestões de filmes!).
Arrivederci.
PC

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Educação

Estava conversando outro dia com um de nossos seis leitores, enquanto esperávamos o começo do filme “Cartas de Iwo Jima”, que vimos numa pré-estréia aqui no Rio. Aliás, recomendo que assistam; é melhor que “A Conquista da Honra”, também dirigido pelo Clint Eastwood (o primeiro conta o lado japonês, e o último o lado americano de uma das batalhas da II Guerra). Nossas conversas são muito produtivas para mim. Um dos assuntos que discutimos foi educação.

Falávamos do bom resultado obtido no último ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio – por escolas consideradas tradicionais, que priorizam um ensino “humano”. Elas obtiveram resultados melhores que as escolas ditas modernas, as quais incentivam a competição entre os alunos.

O cursinho que tem obtido os melhores resultados nos vestibulares do Rio nos últimos anos adota essa segunda filosofia de ensino. A competição é incentivada o tempo todo. Ano passado, tomei conhecimento de uma prática desse curso que eu considero absurda, imoral, inaceitável! Lá pela metade do ano, a turma é dividida em duas, de acordo com o resultado de uma prova. Dali em diante, os “melhores” receberão mais atenção; são os que têm mais chance de passar e dar fama ao curso. Os “piores” receberão menos atenção; provavelmente serão aconselhados a tentar um vestibular mais fácil, ou a pagar mais um ano de curso. Como se uma prova pudesse distinguir os “melhores” dos “piores”! Como se alguns fossem mesmo “melhores” que outros! É melhor eu nem começar a citar os possíveis efeitos psicológicos sobre os ditos “piores” alunos...

O relativo sucesso recente desse tipo de educação é preocupante. Os bons resultados obtidos no vestibular têm incentivado pais a matricular seus filhos em escolas que estão ensinando a seus filhos valores incorretos. “Seus colegas não são mais seus amigos; são seus concorrentes!”.

Considero importantíssimo discutir sobre educação; afinal, as deficiências na educação brasileira são as principais responsáveis por nossas mazelas. Enquanto nossos governantes não considerarem a educação como prioridade absoluta, veremos a desigualdade social e a violência aumentarem. Infelizmente, o menino João Hélio foi apenas mais uma vítima da falta de visão, caráter e comprometimento de gerações de políticos brasileiros. Eles ganham um salário astronômico, e só trabalham de terça a quinta. Claro! O Brasil é um país perfeito! Quase não há problemas para resolver!

PC

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Até a violência tem limite

A semana que passou foi marcada por uma atrocidade: o assassinato de um menino de 6 anos, chamado João Hélio. Mas não foi “apenas” um assassinato (como se algum assassinato pudesse ser precedido de um “apenas”). Foi um crime brutal, hediondo! O garoto ficou preso pelo cinto de segurança do carro de seus pais, que estava sendo roubado, e foi arrastado pelas ruas da cidade do Rio por 7 km!!! Os criminosos se recusaram a deixar a mãe soltar a criança, e também não pararam, simplesmente arrastaram o pobre João, que, esperamos, tenha partido no primeiro choque.

Hoje vi duas coisas relacionadas a esse fato que me chamaram muita atenção: primeiro, foi a entrevista concedida pela mãe... me deixou profundamente entristecido... mais do que isso, me deixou indignado! Indignado com a frieza daqueles imbecis que praticaram esse crime; com a possibilidade de a justiça não ser feita; e principalmente com a perda daquela família. Ninguém merece passar pelo que eles estão passando, ainda mais da maneira com isso aconteceu.

O segundo fato foi o coro das torcidas de Flamengo e Botafogo no Maracanã, e as homenagens prestadas pelos dois clubes, o que fizeram com o que o futebol fosse apenas um motivo para que mais de 30 mil pessoas, juntas, pudessem mostrar às autoridades, toda a sua revolta com o acontecido, e à família do João, toda a sua solidariedade.

Essa morte chocou a todos pela brutalidade com a qual aconteceu. Não poderia haver uma definição mais perfeita para um “crime hediondo”. Até mesmo a violência tem seus limites, e a violência praticada por esses bandidos na semana passada, extrapolou todas as barreiras do inconcebível.

Escrevo esse texto para manifestar a minha indignação com o que aconteceu, e engrosso o coro entoado no Maracá e em todos os corações bons dos cidadãos de bem.

João! João! João!


RAFS

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

À Crase

Estou há um tempo sem produzir textos para esse fenômeno de audiência que é esse maravilhoso blog, principalmente pela falta de criatividade, estimulada mais ainda pela falta de tempo (apesar de eu estar de férias, sem nem mesmo saber o que são férias!).
Mas eis que hoje, ao olhar uma daquelas propagandas coladas no vidro de trás de um ônibus, surgiu a inspiração. A frase “Promoção válida de segunda à sábado” serviu para acender a chama que há muito estava apagada. Resolvi, portanto, escrever sobre um dos sinais mais violentados da Língua Portuguesa: a Crase.
Raramente eu vejo por aí alguma frase na qual a Crase seja empregada corretamente. Quando ela não é necessária, está sempre lá, manchando a propaganda com a nódoa da incorreção ortográfica; quando ela deve ser empregada, é inexplicavelmente substituída pelo seu primo, o Acento Agudo. É incrível como maltratam essa pobre coitada, que só existe para facilitar a nossa vida...
A função da Crase é evitar que escrevamos “vou aa casa de Fulano”; simplesmente, devemos escrever “vou à casa de Fulano”. Se ao invés de “casa”, estivéssemos utilizando um substantivo masculino, com “apartamento”, escreveríamos “vamos ao apartamento de Fulano”. Note que nesse caso, não há escapatória, temos que colocar a preposição e o artigo ali, juntos e visíveis aos olhos de todos.
Certa vez, durante um evento que estava ocorrendo no meu colégio, a diretora mandou fazer uma placa anunciando que ele seria realizado de 12 à 23 de junho (!!!). A professora de Português, ao ver essa barbárie, foi falar com a diretora, para que esse grave erro fosse corrigido. Obviamente que para a maioria das pessoas desse mundo, acostumadas a fazer a Crase de gato e sapato, pouco importava se estava errado ou não. Mas como pode uma escola ostentar um cartaz em sua fachada com um erro grosseiro desses? Essa foi a primeira vez que prestei atenção a esse tipo de coisa, e a partir daí, nunca mais errei questões relacionadas à Crase (sem trocadilho) nas provas de Português. Em compensação, fui amaldiçoado com o poder de enxergar essas humilhações praticadas sobre a nossa pobre Crase que, repito, só existe para facilitar nossas vidas.
Para colocar fim a quaisquer dúvidas, aqui vão algumas dicas:
1) Se a palavra que vem a seguir da candidata à crase for de gênero masculino, NÃO use a Crase;
2) Se for feminino, substitua esta por uma palavra masculina e veja se você diria “a” ou “ao”. No primeiro caso, não há Crase, mas no segundo, sim.
Espero que de alguma forma tenha contribuído para o engrandecimento cultural de nossos seis leitores. Abraços a todos (todos, masculino, sem Crase no “a”).
RAFS

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Morte

Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 2007.

Após um mês de entressafra, estou de volta! Espero sinceramente que nossos seis leitores não tenham desistido de esperar. Apesar do título sombrio do post de hoje, nosso blog não morreu!

No fim do ano passado, andei pensando sobre a morte, devido à perda de uma das minhas queridas cadelas. Prometi um texto sobre o assunto, e cá está. Quem nunca se pegou tendo pensamentos depressivos relacionados a esse tema assustador? Vou tentar ser o menos depressivo possível. Também evitarei abordagens religiosas, ou filosóficas. Contarei a história de um garoto de nove anos, que descobria num triste domingo que a morte não tinha volta...

Minhas primeiras lembranças relacionadas à morte vêm da infância. Meus avós faleceram antes que eu pudesse ter consciência do que significava um avô; muito menos do que significava a morte. Os primeiros falecimentos de que me recordo são de parentes relativamente distantes, e de personalidades queridas (como o saudoso Zacarias, dos Trapalhões!). Mas eu ainda não tinha consciência do que era a morte. Não até aquela manhã de domingo.

Primeiro de maio de 1994. O domingo começara como todos os outros. Família reunida em frente à televisão para assistir à corrida de Fórmula 1. Acho que era a rotina de quase todas as famílias brasileiras! No meio da corrida, meu pai precisou visitar um conhecido (marido de uma prima minha, hoje já falecida). Fui com ele, mas não imaginava que estaria vendo pela última vez meu ídolo na televisão. Quando chegamos ao nosso destino, o acidente já havia ocorrido. Ayrton Senna estava no hospital, com grandes riscos de morrer.

Na hora do almoço, veio a notícia, que escutei de um rádio: - anunciada a morte cerebral de Ayrton Senna da Silva. Ainda me lembro onde eu estava! Exatamente onde eu estava! Olhei para minha mãe e a vi chorar. Mas ainda não foi nesse momento que o garoto de nove anos descobriu o significado da morte (na verdade, o garoto, hoje com 22 anos, ainda não sabe!).

O impacto aconteceu na hora de ir dormir. Eu estava triste, e minha mãe percebeu (é incrível como ela sempre percebe! – às vezes até pelo telefone). Ela me disse, com essas exatas palavras (não consigo acreditar que ainda me lembro de cada detalhe desse longínquo dia): “é, Paulinho, nunca mais vamos ouvir o Tema da Vitória”. Caiu a ficha. O menino desabou em lágrimas.

Depois, ainda tive outras experiências traumáticas com a morte, a mais recente citada no início do texto. Perdi amigos jovens, parentes, conhecidos, cinco cães... Em algumas vezes, o avanço de uma doença me preparou aos poucos; em outras, sofri com o choque da notícia inesperada. É evidente que a perda de seres queridos nos traz tristeza. Porém, é necessário seguir em frente. Infelizmente, todos nós temos que passar por isso.

Prometo que meu próximo post será sobre assunto mais agradável. Afinal, não podemos nos dar ao luxo de espantar nossa meia dúzia de leitores! Arrivederci.

PC