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Amigos, quando Flamengo e Fluminense entram em campo para um Fla-Flu, estão em jogo passado, presente e futuro. Castilho está sempre zelando pela meta tricolor, Zico orientando o meio-campo rubro-negro. Assim será para sempre.
Deco, num sonho genial, enviou a bola flutuando para a área, um cruzamento suave. Fred emendou de voleio, um chute acrobático irretocável. Não foi só um gol do Fluminense, amigos: foi uma autêntica obra-de-arte. O Louvre e o Musée d'Orsay já estão disputando a imensa honra de guardar o golaço para a eternidade.
Mas o clássico não se resumiu ao gol tricolor. Houve também outros lances que fizeram o torcedor prender a respiração. As duas bolas na trave nas faltas cobradas por Thiago Neves, por exemplo. O gol anulado de Vagner Love no finalzinho. Logo antes disso, o pênalti para o Flamengo. Ah, o pênalti!
Já haviam transcorrido quarenta minutos no segundo tempo. Diguinho, afobado, esticou a perna e derrubou Wellington Silva, dentro da área. O árbitro Marcelo de Lima Henrique, em tarde de pouquíssimos erros, assinalou corretamente o pênalti para o Flamengo. Era a grande chance rubro-negra para o empate.
Bottinelli cuspiu na bola e a ajeitou na marca de cal. Sobre a linha do gol, Diego Cavalieri fitava a bola com olhos de esfinge egípcia. Uma épica tensão tomou conta do Engenhão. O Rio de Janeiro, o Brasil e o mundo voltaram suas atenções para o lance definitivo. Até os movimentos de rotação e translação da Terra cessaram. Era um suspense total. Eu relembrava as monumentais defesas de Marcos de Mendonça em 1919, de Paulo Goulart em 1979, de Paulo Victor em 1988. E pressentia a apoteose de Diego Cavalieri.
Vem o tiro de Bottinelli, forte, quase rasteiro, à direita. O pênalti é uma covardia com o goleiro. Mas, como se tivesse asas de anjo, Diego Cavalieri voa para defender. Voa para a história e a lenda do Fla-Flu.
Em sua distante caverna, o Profeta sorri, e calmamente repete seu vaticínio: "Fluminense campeão! Fluminense campeão!".
PC