Resenha: Tricolor 3 x 1 Vasco

Amigos, nas últimas crônicas escrevi aqui que o Fluminense se agiganta na hora da decisão, que tem sido assim há cento e dez anos, e que assim será também nos próximos cento e dez anos. Alguns tentaram contestar minha tese, argumentando que a camisa pura e simples não venceria jogos, quanto mais levantaria taças. Vêm os dois clássicos, o Tricolor obtém duas vitórias acachapantes, e leva a Taça Guanabara. Em suma: eu estava certo, os fatos provaram.

O Fluminense passara os últimos onze ou doze clássicos sem vitória. A crise chegara a tal ponto que escutei um pé-rapado tricolor choramingando, "nunca mais venceremos um clássico". Confesso que cheguei a ficar com medo de uma possível maldição, como aquelas que assombram times de beisebol nos Estados Unidos. Mas chegou a hora de decidir a Taça Guanabara, e enxerguei o óbvio: que o Fluminense obrigatoriamente encerraria esse jejum e levantaria o caneco.

A vitória da semifinal, na quinta-feira, sobre o Botafogo, sofrida, só veio na disputa de pênaltis. Na final deste domingo, contra o Vasco, o triunfo sairia no tempo regulamentar. Quando Fagner derrubou Wellington Nem na área, até o juiz Marcelo, aquele Marcelo, sentiu-se obrigado a marcar o pênalti. Fred cobrou com precisão: Fluminense 1 a 0. Cabe aqui um elogio ao jovem Wellington Nem, que tem sido um dos grandes atletas tricolores neste começo de temporada.

Quando o primeiro tempo já se aproximava do fim (eram decorridos quarenta e dois), Deco acertou um chutaço de longe, observando o posicionamento ruim de Fernando Prass. Um golaço, uma obra de arte que deveria ser imediatamente guardada em algum importante museu. A genialidade do gajo da camisa 20, que já salvara o Fluminense na quinta-feira, voltava a ser decisiva: Fluminense 2 a 0.

Na segunda etapa, o Vasco lançou-se desesperadamente ao ataque, e abriu-se para os contragolpes tricolores. Aos 11, Bruno roubou a bola, tabelou com Deco e acionou Thiago Neves. Este deu a assistência perfeita para Fred finalizar: Fluminense 3 a 0. No finalzinho, o Vasco ainda descontou o placar com Eduardo Costa, e assustou com uma bola na trave de Dedé. Mas já era tarde para iniciar uma reação.

O melhor em campo foi Deco, o artista. Seus geniais e milimétricos lançamentos deixaram os atacantes tricolores algumas vezes na cara do gol. O placar poderia ter sido maior, não fosse um certo nervosismo dos companheiros do craque na hora da finalização. Em pelo menos cinco ocasiões durante a partida, o monumental camisa 20 tricolor mereceu aplausos entusiasmados.

Amigos, a Taça Guanabara sorri, feliz como não se via desde 1993. Luzes tricolores a guiaram de volta para sua casa, na Rua Álvaro Chaves, onde ela repousará eternamente.

PC