Resenha: Tricolor 4 x 1 Botafogo

Amigos, a natureza está recheada de exemplos de atrações irresistíveis. No universo, os planetas orbitam em torno do sol, puxados pela imensa força gravitacional da estrela. Nos átomos, os elétrons levitam em torno dos núcleos, eletricamente atraídos pelos prótons. O magnetismo analisa como e por quê os metais não resistem à tentação dos ímãs. O que a ciência não consegue explicar é a atração inigualável que as taças sentem pela Rua Álvaro Chaves.

Sabemos que o Campeonato Carioca não é mais aquela competição que levava multidões de cento e sessenta, cento e setenta mil pessoas ao Maracanã. Há não muito tempo, o torcedor preferia o Estadual ao Brasileiro e à Copa Libertadores. Hoje, não é mais assim, em parte por culpa de dirigentes que incham o Campeonato com clubes menores, e promovem estranhas fórmulas de disputa. Mas é uma taça, o Fluminense a disputa, e sempre que o Tricolor entra em campo, o objetivo é o triunfo, é a glória.

Na decisão deste domingo, os holofotes estavam sobre o Botafogo, que fez melhor campanha, que jogava em sua casa, que ainda não havia perdido um jogo esse ano, que tinha maioria nas arquibancadas. No entanto, ao Fluminense nunca cabe o papel de coadjuvante. Quando é o Tricolor que está do outro lado, os adversários sabem que não terão moleza. A história do futebol ensina que os "timinhos" do Fluminense levantaram muitos troféus.

Quando Renato fez 1 a 0, parecia que o Botafogo confirmaria seu favoritismo. Mas o que aconteceu depois foi o seguinte: regido por Deco - o artista - e Thiago Neves, o Fluminense tomou conta do jogo. Acuou o Botafogo, empurrou o Botafogo para perto de sua meta. E o Botafogo mal conseguia respirar.

Ainda no primeiro tempo, a pressão tricolor deu resultado: Carlinhos levantou na área, Thiago Neves ajeitou de cabeça para o meio, e Fred marcou um golaço, de bicicleta. Começava a desmoronar a cidadela alvinegra no Engenhão.

Quando já haviam transcorrido uns 10 minutos da etapa complementar, o alvinegro Lucas parou contra-ataque tricolor com falta em Thiago Neves, e foi corretamente expulso. Cabe dizer que, ainda no primeiro tempo, Antônio Carlos, ex-tricolor e atual botafoguense, havia alertado o companheiro, que estava cometendo muitas faltas e já tinha cartão amarelo. Lucas não ouviu o conselho do herói do Campeonato de 2005, e esta desatenção pode ter decidido o Campeonato de 2012.

No minuto seguinte à expulsão, lance de cinema: Deco, o artista, deu passe espetacular para Rafael Sobis, o iluminado, que mandou a bola para as redes, sem chances para Jefferson. Era o Fluminense virando a decisão para 2 a 1.

Ali, estava claro que o Fluminense tentaria aproveitar a situação de ter um homem a mais em campo, para liquidar de vez o Campeonato. O Tricolor continuou senhor do jogo, e não demorou muito para Thiago Neves efetuar uma assistência primorosa para Rafael Sobis. O iluminado driblou o goleiro e tocou para o gol com categoria: Fluminense 3, Botafogo 1.

De Deco para Rafael Sobis, deste para Fred, deste para o jovem Marcos Júnior, deste para o gol, num chute cruzado e rasteiro. 4 a 1 para o Tricolor: a antes improvável goleada era agora realidade.

O Fluminense já é o campeão? Não, ainda não. Nossas vitórias nunca são prévias: ainda é necessário o suor da partida derradeira. Não dá para negar, entretanto, que só uma catástrofe tiraria a taça das Laranjeiras. Como escrevi no começo, o Botafogo terá que superar esta atração irresistível entre o Fluminense e as taças. Uma tarefa que beira o impossível.

Quinta-feira à noite, nós tricolores voltaremos ao Engenhão, para a segunda partida do duelo contra o Internacional, pela Copa Libertadores. Preparemos nossos corações e nossas cordas vocais!

PC

Melhores Momentos - Fluminense 4 x 1 Botafogo