Por:
Pedro Gilio.
"Quando eu nasci não chorei, eu vibrei. Vibrei por saber estar vindo ao mundo com o destino traçado. Meu destino? Ser Tricolor.
Eu podia começar a enumerar centenas de motivos que me fazem amar o Fluminense, mas na verdade não há motivo nenhum. Eu amo por amar. Amo ser tricolor tanto quanto amo o Tricolor.
Cantei, vibrei, gritei, me emocionei e chorei. 2008 foi intenso. Ser tricolor é viver a intensidade. Nascemos com vocação para a eternidade. Mas a eternidade deve ser chata, por isso vivemos cada jogo, cada campeonato, cada momento como se fosse o derradeiro. E quando chegar ao fim, vou me recordar de quando chorei e vou sorrir. O momento era nosso, o estádio era nosso, a festa era nossa mas e o título? Não foi. Azar dele que vai demorar mais alguns anos para fazer parte da nossa galeria. Torci pelo Coração Valente, pelo argentino baixinho e frágil, pelo meia que fazia nevar com a bola nos pés. Mas não deu.
E aí vou me lembrar de quando eu sorri e vou chorar. O resultado era adverso, o tempo era adversário, a volta era redonda nas a gente tinha o Papa. E também uma nuca abençoada.
Nesse momento eu me lembro de um gol de um tal de Magrelo, Fininho, Magrão, já nem me lembro o nome dele, no Maracanã e depois um gol logo no comecinho, no despertar de um jogo sofrido na terra do Guga. Como era mesmo o nome daquele zagueiro reserva que fez o gol e virou herói? Ah, era o Roger.
Roger... isso me lembra o fundo do poço. E o curioso foi onde esse tormento terminou. Com dois gols de um habilidoso meia que também se chamava Roger no sugestivo estádio dos Aflitos. Dizem que quando estamos no fundo do poço nossos amigos nos dão a força que precisamos para a subida e a nossa torcida fez muito bem esse papel. Esteve lá o tempo todo dando show. Ah, disso eu me lembro, como me lembro.
Assim como eu me lembro como chegamos lá no fundo. Tudo começou com uma derrota para o time do Rei (que uma certa vez foi o nosso Rei) lá em São Paulo. Sim, a queda do gigante começou contra um outro gigante adormecido, numa certa semi-final, um ano antes da queda anunciada. Um 4x1 que eu nunca me esquecerei.
Na verdade, eu nunca vou me esquecer mesmo é do Rei do Rio. O churrasqueiro gaúcho que veio dos pampas para virar um autêntico carioca rato de praia e, principalmente, de Maracanã. Viva a gordurinha acumulada. Viva o Fla-Flu. Viva o nosso Renato. Ave ao Rei do Rio!
Daí pra trás eu não tenho mais lembranças, só histórias que outros tricolores, entendiados em sua ociosa eternidade vão nos contando. Me falaram de um tal carrasco que tinha um parceiro para formar o Casal 20. Tinha também um paraguaio que fazia o futebol de qualquer outro parecer falsificado. E o Brasil era nosso.
Soube também de uma Máquina que tinha o bigodudo paulista, o Pôl Cêzár entortanto os beques adversários, o Capita no comando e um presidente que gostava de trocar figurinhas.
Dos nossos ancentrais tricolores bem mais da velha guarda escutei falar de um tanque, uma leiteria e um fio de esperança. Fora outros tantos nomes como o maior de todos os atletas, Preguinho.
E assim vai se construindo a história do meu Tricolor. De imortal para imortal, na ociosidade da eternidade a nossa história vai sendo levada e contada. Saudações Tricolores. A todos. Aos vivos que saem de suas casas e aos mortos que deixam as suas tumbas. Nos vemos no Maracanã."
boa, PC!
ResponderExcluirlindo
ResponderExcluirParabéns ao Pedro Gilio!!! Ele deve ter mais ou menos a minha idade, já que não se lembra de 84, mas tem um talento e tanto para a prosa.
ResponderExcluirBelo texto!!!
Fantástico!!! Parabéns!!
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