América 4, Bonsucesso 0

Amigos, começou hoje a caminhada do Mequinha na Segunda Divisão do Campeonato Carioca de 2009. No acanhado mas ajeitado Estádio Giulite Coutinho, a equipe rubra iniciou bem sua longa jornada, diante de 930 pessoas. Os quatro a zero sobre o Bonsucesso foram facilitados, obviamente, pela expulsão do goleiro adversário, com sete minutos de jogo. Romário, agora dirigente do seu clube do coração, assistiu à partida nas tribunas de Édson Passos.

Os jogos desses certames de divisões inferiores despertam um sentimento único de dramaticidade no torcedor. As semelhanças com as peladas do Aterro do Flamengo aproximam a batalha de sua platéia. Vejam que patético: o Bonsucesso não tem goleiro reserva! E o juiz, sem pena, deu cartão vermelho ao arqueiro titular. E agora, o que fazer? O atacante Gil Bala, resignado, resolveu se oferecer para defender a meta de sua equipe. E que tarefa ingrata ele assumiu, afinal ainda havia o jogo todo pela frente. No primeiro tempo, Gil Bala foi heróico. Nenhum atacante do América conseguiu vazar sua meta. Ele foi uma bastilha inexpugnável, amigos, segurando o zero a zero.

Porém, Gil Bala sucumbiu no segundo tempo. A vantagem numérica passou a fazer a diferença para a equipe rubra, que foi metendo um gol atrás do outro. Gérson, nome de craque, saiu do banco para mudar o jogo. Entrou com a camisa 14, tal qual Johann Cruijff, e meteu dois gols. Gérson foi o primeiro herói do América na longa jornada da ressurreição.

Mas o meu personagem da quinta-feira é mesmo Gil Bala, só pode ser Gil Bala, o arqueiro improvisado. Ele envergava o uniforme do Bonsucesso, mas teve seu nome gritado pela torcida do América, que não é ingrata com os ídolos do passado. No Torneio Rio-São Paulo de 2002, o Mequinha terminou na lanterninha, mas teve em Gil Bala seu artilheiro, com incríveis doze gols.

Gil Bala, na entrevista de fim de jogo, revelou até que o seu filho é torcedor do América, porque escolheu o time quando o pai vestia o uniforme vermelho. Quis o destino que ele fosse para o gol exatamente contra o Mequinha. E ele, com coragem e ousadia, aceitou o desafio. Gil Bala mereceu mesmo a minha ilustre indicação.

PC