Tricolor nunca desiste

Amigos, qual é a chance de, no dia de uma partida, um atleta ser acometido por uma crise de apendicite aguda? Remota é pouco. A probabilidade é praticamente nula. Semana passada, contra a Portuguesa, aconteceu com Alan, o príncipe pó-de-arroz, centroavante do Fluminense. Nova pergunta: qual é a chance de, na partida seguinte, um outro atleta da mesma equipe sofrer uma nova crise de apendicite aguda? Ontem, aconteceu com Fred, o artilheiro do Fluminense. O evento da dupla apendicite aguda é tão improvável que parece uma piada, tal qual a anedota do chinês.

E então o Fluminense, que já não tinha Darío Conca (suspenso), Maicon (vendido) e Alan (operado do apêndice), ficou também sem Fred para a partida contra o Grêmio. Praticamente toda a força ofensiva tricolor estava no estaleiro. O treinador Muricy Ramalho, estreando, se viu sem escolha: precisou lançar os reservas Marquinho, Wellington Silva e André Lima. Três reservas instantaneamente promovidos a titulares, por conta das circunstâncias.

Na derrota para o Grêmio (3 a 2), o desfalque inesperado de Fred foi a tragédia do Fluminense. Alguns podem objetar que o ataque foi bem, fez dois gols. Mais ou menos. É bom lembrar que, durante todo o segundo tempo, o Grêmio jogou com dez. Em vantagem numérica e jogando em casa, o ataque poderia ter sido mais efetivo. E provavelmente teria sido, com Fred em campo.

Além disso, há o fator da liderança que Fred exerce sobre os outros atletas, que correm por ele, que lutam por ele. Qualquer análise do jogo que não cite a ausência de Fred estará incorreta, pois ela foi de fato o principal motivo da derrota do Fluminense.

Para completar a noite de azar tricolor, a arbitragem de Francisco Carlos Nascimento foi um desastre. Apesar da farta distribuição de cartões amarelos, o juiz não conseguia coibir a violência da equipe do Grêmio. Nem mesmo a expulsão - corretíssima - do zagueiro Rodrigo fez os gaúchos pararem de descer o sarrafo. Houve também os dois pênaltis ignorados, ambos favoráveis ao Fluminense. Mas o pior mesmo foi ver o goleiro Victor fazer cera durante os noventa minutos, e sair do gramado sem sequer um cartãozinho amarelo.

Dizem os mais velhos que águas passadas não movem moinhos. Então, vamos parar de remoer o estrago feito na partida de ida. É hora de pensar na revanche, no Olímpico, quarta que vem. Muricy já declarou: "Vamos para Porto Alegre com o pensamento da vitória".

Os idiotas da objetividade já repetem o discurso do ano passado. Dizem eles que o Fluminense já era, que a eliminação tricolor já é certa. Achei que tinham aprendido em 2009. Mas entra ano e sai ano, e eles não aprendem. Meu professor e amigo Mauros dizia o seguinte: que Deus limitou a inteligência do homem, mas não limitou a burrice. É a única explicação que consigo enxergar.

Não se trata de menosprezar o Grêmio. Sabemos que a tarefa é muito difícil. Mas muito difícil não é impossível. Tricolor nunca desiste.

PC

PS: peço que leiam o relato de meu amigo Pedro Caratori, sobre um episódio profundamente lamentável ocorrido na saída do jogo.