Amigos, minha leitura nos primeiros dias de março foi o livro Soccernomics, escrito por Simon Kuper e Stefan Szymanski. Como os assuntos abordados no livro possuem correlação com o tema principal deste blog, resolvi escrever uma resenha sobre a leitura.
Para quem gosta de futebol e números, a leitura é recomendadíssima. Em especial, recomendo-a a um leitor flamenguista, que insistiu recentemente aqui que "números por si só não provam nada".
Os autores são bem qualificados para falar sobre o assunto: Kuper é colunista esportivo do Financial Times, e Szymanski é um dos maiores economistas esportivos do mundo, professor na Cass Business School, em Londres.
Debruçando-se sobre montanhas de números e dados, eles tentam explicar alguns dos mistérios do mundo da bola: por que a Inglaterra perde, por que o Brasil e a Alemanha vencem, por que países pobres geralmente fracassam nos esportes, por que o Manchester United é um gigante... E o melhor é que eles conseguem explicar quase tudo, com números e interpretações bem fundamentadas sobre eles.
Entre as dezenas de tabelas analisadas ao longo do livro, citarei aqui uma específica, referente às estatísticas da Seleção Brasileira. Analisando os resultados do escrete ao longo do tempo, os autores fizeram uma "descoberta digna de nota: o Brasil se sai melhor em anos de Copa do Mundo. Ele vence aproximadamente 5% mais em anos de Copa do Mundo, e a diferença é estatisticamente significativa". A explicação que eles arranjam envolve astros cansados que alegam contusões e empresários espertos que conseguem vagas para seus atletas que querem ir para o exterior. Em anos de Copa, estas coisas não acontecem, ou acontecem menos, o suficiente para melhorar os resultados da Seleção.
Aproveito para fazer um paralelo entre a descoberta dos autores sobre a Seleção e
a minha descoberta sobre o futebol carioca. Eles encontraram uma diferença de 5% no desempenho da Seleção Brasileira dado um fator específico: o ano ser de Copa do Mundo. Eu encontrei uma diferença de 42% (!!!) no desempenho do Flamengo em clássicos e decisões dado um fator específico: o árbitro ser
Marcelo de Lima Henrique. Repito as palavras dos autores:
"a diferença de 5% é estatisticamente significativa", isto é, provavelmente não pode ser explicada por mero acaso. O que Kuper e Szymanski diriam então de uma diferença de 42%?
Voltando ao livro, outra descoberta impressionante dos autores é a de que a pior década da Argentina no futebol foi exatamente a de 80, correspondente ao auge de Maradona. Foi a década em que os hermanos venceram menos e perderam mais. A explicação é econômica: durante a década de 80, a Argentina ficou mais pobre, e isto acabou influenciando no futebol. Chegaram a duas finais de Copa do Mundo, é verdade. Mas a Copa do Mundo é influenciada por um fator muito mais decisivo do que as pessoas normalmente imaginam: a sorte.
Isso mesmo: a sorte faz muita diferença nos torneios futebol mata-mata, como a Copa do Mundo. É a sorte que faz o juiz não enxergar um gol de mão, por exemplo. Nas palavras dos autores, em outro trecho do livro: "os torcedores frequentemente sentem que o melhor time da NFL [Liga de Futebol Americano] não vence o Super Bowl [final do mata-mata]. Na verdade, a NFL se parece muito com a Liga dos Campeões da UEFA, na qual os jogos eliminatórios acrescentam um elemento de aleatoriedade que muitas vezes derruba o melhor time".
Acrescento que este argumento derruba o mito de que Muricy Ramalho não sabe jogar a Copa Libertadores. Muricy é claramente um treinador competente: afinal, venceu quatro dos últimos cinco Campeonatos Brasileiros. Não venceu o mata-mata da Copa Libertadores, ainda, simplesmente por falta de sorte. Lembrem-se que, em 2008, um gol no último minuto eliminou o time dele nas quartas-de-final...
Por esses e outros argumentos, recomendo a leitura: Soccernomics vale a pena. Principalmente para quem ainda acha que "números por si só não provam nada"...
PC
aceita parceria?
ResponderExcluirvisita meu blog e avisa
http://mengaohexa.blogspot.com
Contra números não existem argumentos! Simples!
ResponderExcluirST!
Até existem, desde que baseados em numeros mais consistentes.
ResponderExcluirEncerrou o post com uma pérola de flamenguista revoltado com a verdade.
ResponderExcluirAposto que ele nem vai ler.
Interessante PC, mas o fato de que 5% dos casos foi estatisticamente significante naquele estudo, não quer dizer que seus 42% também o sejam, isso vai depender de uma série de fatores estatísticos. Mas, claro, é bem provável que seja.
ResponderExcluirNo mais, isso apenas comprova o óbvio. Ou quem no mundo acredita que a LDU tinha um time melhor que o Flu em 08? Não, faltou apenas um pouco de sorte!
Sts
Meses depois, releio meu texto e vejo que estava certo: com um pouco de sorte, Muricy conquistou a Copa Libertadores...
ResponderExcluir************
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