Nesta noite de sábado, o botafoguense cumpriu todo o seu ritual pré-jogo, vestiu a camisa alvinegra, tirou a bandeira da gaveta, e finalmente ligou a TV. Até pensara em ir ao Engenhão, mas lembrou sua fama de pé-frio e preferiu ver pela televisão mesmo. Melhor não arriscar, né?
Dez minutos de jogo, e o América Mineiro já vencia por 2 a 0. O botafoguense ficou furioso, descompôs o time inteiro, xingou o treinador Caio Júnior, esbravejou que está tudo errado em General Severiano. Não teve dúvidas: desligou a TV e foi dormir aborrecido.
Na manhã seguinte, o botafoguense verá a manchete espetacular no jornal dominical: Fogão 4 a 2! Invadido por uma euforia intensa, berrará na varanda: "seremos campeões! esse ano é nosso! esse ano é nosso!".
Depois da excitação, virá a certeza de que a virada maravilhosa se deu por evidente e exclusiva responsabilidade sua. Seu ato de desligar a TV certamente desencadeou uma série de reações metafísicas, que culminaram nos gols da virada.
Por fim, o botafoguense sentirá uma óbvia necessidade de não assistir aos próximos jogos do Botafogo. Afinal, se deu certo contra o América Mineiro, certamente dará certo também contra o Internacional.
E ai de quem tentar impedi-lo de cumprir suas intenções. Será esforço em vão: o Botafogo exige grandes sacrifícios de sua gente, mas o botafoguense não hesita em cumpri-los.
Como Nelson já escrevia, é um povo diferente dos demais. Desde 12 de agosto de 1904, quando um grupo de adolescentes resolveu fundá-lo. E para sempre.
PC
rs...agora que o Engenhão não vai encher mesmo...
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