Triple Corona

Quando duas equipes adentram o gramado para decidir um dos grandes torneios internacionais de futebol, o público espera um duelo equilibrado. Numa final como essas, ninguém aposta em goleada, visto que um onze só chega a uma decisão assim se for muito bom.

A Fúria era a favorita, claro que era. Afinal, as fitinhas amarelas e vermelhas adornaram a Euro de 2008 e o Mundial de 2010. Com esse cartel, a Espanha naturalmente era, desde o início, a mais cotada para o título europeu de 2012.

Entretanto, por mais espetaculares que fossem Casillas, Xabi Alonso, Xavi, Iniesta e companhia, uma goleada sobre a Itália não parecia factível. Eu, mesmo torcendo fervorosamente pela Espanha de meu avô, apostava numa vitória apertada, sofrida, molhada de suor.

Entretanto, a Azzurra, poderosa tetracampeã mundial, não viu a cor da bola. Um alienígena desinformado poderia reportar que se tratava de um time de peladeiros vestidos de azul.

Quatro a zero, fora o massacre tático, técnico, e até filosófico. Quatro tapas na cara dos que chamavam o tico-tico espanhol de chato. Quatro golpes naqueles que debochavam citando os "desfalques de Messi e Cristiano Ronaldo". Quatro odes ao futebol bem jogado. Quatro presentes aos amantes do esporte.

O belo Estádio Olímpico de Kiev presenciou a apoteose dos heróis espanhóis. Aqueles seres vestidos de vermelho furioso não são mais meros homens, são deuses do futebol. Castilho, Didi, Pelé, Garrincha e companhia lhes dão as boas vindas.

E eu mal posso esperar suas divinas visitas ao solo que mais produziu mitos do futebol. Não tenham dúvidas: esses deuses se sentirão em casa na terra de seus semelhantes.

PC