domingo, 2 de novembro de 2014

Resenha: Goiás 0 x 2 Tricolor

Foto: Nelson Perez/FFC.

Já começava o segundo tempo da batalha entre Fluminense e Goiás, no Serra Dourada, quando eu entrei no táxi do seu João. O Tricolor vencera a etapa inicial por 1 a 0, gol de Fred, em jogada arquitetada pelo privilegiado cérebro de Nossa Majestade o Rei Darío Leonardo Conca Primeiro e Único. Meu plano, naturalmente, era acompanhar os quarenta e cinco minutos finais do prélio do modo antigo, pelas ondas do rádio. Nem precisei pedir: felizmente, o aparelho do carro já estava sintonizado no jogo.

Indiquei o meu destino e a referência ao seu João, e depois disso não trocamos mais palavras: eu e o taxista voltamos nossas atenções para os berros do locutor. Nós dois, concentradíssimos, fazíamos um silêncio de sala de aula em véspera de prova final. Na rua Real Grandeza, o Fluminense no ataque, quase gol, olhei para o homem e percebi que o sujeito também era pó-de-arroz de dar cambalhota na arquibancada, como eu. Em nossa cúmplice e silenciosa parceria, tentávamos desenhar o dois a zero na marra.

Quando entramos no Túnel Rebouças, o Goiás no ataque, veio o dramático silêncio do rádio: surdos pela ausência do sinal, fomos tomados por uma angústia, uma agonia que beirava o insuportável. Numa medida desesperada e heróica, seu João aumentou o volume do aparelho, mas nem assim conseguíamos ouvir nada de Goiânia. Tenho a impressão de que aquele foi o minuto mais longo que vivi nos últimos seis meses. Felizmente, a defesa do Fluminense conseguiu afastar a jogada mais perigosa do século.

Na Linha Vermelha, o Goiás de novo no ataque, o espíquer subindo o tom, "olha o gol!", e o berro que soou como música aos nossos ouvidos: CA-VA-LI-ÉÉÉÉ-RI. O espetacular goleiro do Fluminense evitara a catástrofe do gol de empate, com a maior defesa de todos os tempos. Salve São Diego Cavalieri, sagrado guardião da cidadela tricolor.

Na Ilha do Governador, já próximo do meu destino, já nos minutos derradeiros da partida, Chiquinho passou e Conca enfim marcou o santo gol da vitória. Eu e seu João finalmente rompemos nosso silêncio, e urramos o gol libertador, numa só voz. Celebramos a vitória do Fluminense como se fôssemos dois amigos de infância. E a euforia dentro do táxi não foi nada: ele até buzinou, amigos. Ele até buzinou, para compartilhar nosso êxtase com o resto do mundo.

Foi a quarta vitória seguida do Fluminense no Brasileirão. Já estamos no terceiro lugar. Nós, tricolores, que já havíamos desistido do Campeonato, passamos a ter delírios infantis. Se no domingo, de repente, o Cruzeiro tropeça contra o Botafogo, vamos começar a pensar besteira...

PCFilho

NOTAS DO ONZE:
Diego Cavalieri: Excelente atuação, digna de seus melhores dias. 9,0
Bruno: Bem na defesa, tímido no ataque. 6,0
Elivélton: Ótima atuação, de novo. 7,5
Guilherme Mattis: Muito bem, salvou gol em cima da linha. 7,5
Chiquinho: Deu a assistência para o gol de Conca. 7,5
Edson: Incansável na marcação. 6,5
Jean: Deu a assistência para o gol de Fred. 7,5
(Diguinho): Cumpriu bem seu papel. 6,5
Wagner: Ajudou bastante no meio-campo. 6,5
Darío Conca: Atuação magistral, com participação decisiva nos dois gols. 9,5
Walter: Apagado, contra seu ex-clube. 5,0
(Rafael Sobis): Entrou bem. 6,5
Fred: Fez o que dele se espera: mais um gol, seu centésimo em Brasileiros. 7,0
(Kenedy): Puxou o contra-ataque do gol de Conca. 7,0
T. Cristóvão Borges: O onze tricolor voltou à velha forma, organizado e letal. 8,5
Árbitro Ricardo Marques Ribeiro: Não comprometeu. 7,5

MELHORES MOMENTOS:

11 comentários:

  1. Quando liguei a TV já estava um a zero. Damos muito espaço para o adversário, PC. Podia ser menos sofrido. Esse Erik vai para o Flu ano que vem.

    Muito bom o seu post. Fiquei imaginando a agonia do túnel... rs. Agora, espíquer!!! kkkk Essa é ótima!!! Faz tempos não ouço.

    Acho que está na hora do Walter voltar para o banco.

    ST

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    1. Obrigado pelo elogio, Leandro. :)

      E sim, espíquer, hehehe. Adoro esses termos antigos do futebol, e tento dar-lhes uma sobrevida. Prélio, espíquer, "onze", beque, córner, e por aí vai. rsrs.

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  2. Pior que não pude acompanhar nem pelo rádio...

    Pelo que vi e andei lendo, foi uma partida parecida com a da campanha de 2012, com o time sendo cirúrgico quando apareceu a oportunidade.

    São mais 6 jogos, sendo um confronto direto com o Cruzeiro, o que dá para reduzir a distância para 4 pontos. Considerando que o Cruzeiro está derrapando e que ainda disputa uma outra competição, com boas chances de fazer a final, é possível que perca mais uns pontos.

    Se conseguir manter a boa sequência, é plausível sonhar com o título.
    E pensar que algumas rodadas atrás, muitos de nós estávamos falando sobre escapar do rebaixamento. hehe

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  3. E mais uma vez a frase surge: Nunca duvide do fluminense.... hahaha, time de guerreiros ta de volta

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    1. O Fluminense insiste em desafiar o impossível, Ana... É a nossa sina. :)

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  4. Boa tarde,

    Gostei do Flu.
    Começou apertando o Goiás e foi mais time que vinha sendo.
    Não achei que o time recuou tanto quanto alguns reclamaram... O Goiás que adiantou muito a marcação e passamos a sair no chutão sem passar pelo meio, o que foi melhorado na segunda etapa.
    Se tivessemos um atacante de velocidade acho que ontem teria sido mais fácil. ..

    Não fosse um elenco mimado que derrapou no meio do certame estaríamos no cangote da raposa... Mas, vai que eles vão derrapando e a gente faz como em 2009? Só que no topo da tabela desta vez... Sonhar...

    Chiquinho é fraco, mas tem produzido a mesma coisa ou mais que Carlinhos... o que por si só justifica a saída do 6.

    O Renato é ruim mesmo! Não barra o Bruno!!!

    Walter não encaixa no nosso time. Em seu auge no Goiás, ficava na frente e o time vinha em velocidade aproveitando sua inteligência, com a equipe vindo tocando, ele é engolido pelo vigor fisico dos zagueiros. ..

    Seguimos sonhando!!

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  5. Mattis se junta a Edson como uma grande contratação do FFC em 2014.
    Que o clube trate logo de prorrogar os contratos dos dois!

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  6. Li comentário de que a Torcida Tricolor estaria em maior número que a do Goiás no jogo de ontem.

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    1. Não duvido, Alexandre. A torcida tricolor no centro-oeste é numerosa e bastante participativa. Nos jogos em Goiânia, sempre há caravanas saindo de Brasília, por exemplo.

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  7. Os botafoguenses dizem que tem muita torcida no Centro Oeste e no último clássico, disputado em Brasília, cerca de 70% da torcida era tricolor, assim com no disputado na Arena Pernambuco e o disputado em Juiz de Fora anos atrás.
    Será que o IBOPE anda misturando dados dos Botafogos, como o da PB, em favor do Carioca?

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    1. Ressalvas: Em PE a diferença não foi tão grande e em Juiz de Fora, cerca de 60% da torcida era tricolor.

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