Teoria é um conhecimento especulativo, puramente racional. A humanidade adora teorias. Diziam até, por exemplo, que futebol não era coisa para mulher.
Agora, vos digo: eu tenho uma teoria. E afirmo, com ela, que futebol não é e nem deixa de ser coisa limitada para um determinado alguém, seja lá quem ele for. Não se define. É amor. E nem Vinicius definia amor. Amam homens, mulheres, crianças. Amam os animais.
E eu, que jurava jamais me render, hoje não penso em outra coisa. Então eu vi que não é questão de querer, é domínio. E o meu time, Ah! O meu time me domina! E também independe de sexo. E de idade. É o amor para toda vida. Aquele primeiro amor, que faz o coração acelerar a cada encontro e o peito apertar, na ansiedade de saber se vai dar certo ou não. Futebol é borboleta no estômago. É o namoro com a certeza do eterno. E é o perdão, mesmo quando as coisas não vão lá essas coisas…
É de mulher, sim senhor. E de homem também. É coisa de macho. Mas é coisa de fêmea, por que não? De pequeno, de grande, de quem nem sabe o que quer, mas gosta.
Futebol é comoção nacional. É a casa do sentimento contido e, despretensiosamente, revelado a cada passe. É chutar o pau da barraca, sem ter medo do ridículo. São cores. As minhas três cores. É apropriar-se, com emoção, de um coletivo tão particular. E ser um só nome, vestindo-o dos pés a cabeça.
É torcer o futebol. Ir para campo, mesmo sem sair de casa. Gritar ou calar, esperando que o melhor aconteça. Extasiar segundos antes daquele pênalti decisivo. E chorar, como criança, de emoção ou frustração.
Acontece nas melhores famílias. É comparação. E é relacionamento, logo, comunicação.
É história, espelho, voz, corpo, movimento. É poético, textual, lingüístico… Sinestésico. Futebol é nacional e Brasileiro. Verde e amarelo, em essência. Para mim, verde, branco e grená, por amor.
O futebol tem vida. E como toda vida que se preze, não se isenta do surpreendente.
Eu me surpreendi e aconselho, sob uma teoria fundada, que todo mundo deve experimentar. É mais que esporte – e olha que ser esporte já é bastante! É levar na esportiva e no coração. Representar, permitindo reconhecer-se por tamanha preferência. E é ter orgulho de ser. É escolha, liberdade, paciência. É referência, identificação e declaração.
O meu futebol é tricolor. Tem fé. E é corajoso, assim como eu. Assim como nós que sabemos acreditar. E a vida o que é, se não a crença e o brinde, diário, pelo milagre de existir?
É tri, como o sagrado, e eqüilátero, como a justiça. É memória e é o caminho sem volta, quando já me sinto tão dele, e ele, quando muito já me é. O meu futebol em três cores deslumbra-se. É o inexplicável divino, o mistério e o acontecimento. É gestação e nascimento. E é destino.
Sou fluminense.
E ser fluminense é ser paz. Um centro altruísta, capaz de complacentemente olhar o outro, sem esquecer-se de si próprio. Não é ego. É amor. E é inteligência, na medida em que aprecia vitórias com humildade e encara derrotas de cabeça em pé – entendendo, assim, a sutil diferença estabelecida entre ser e estar. O Fluminense sabe ser… eterno.
Possui gestos fortes, mas nunca violentos; e é seguro, jamais tirano.
E concluo, sem teoria, que na preservação do que não se vê, o Fluminense simplesmente é.
E já ser é muito. Eu sinto. É existencial, é saber crescer e, acima de tudo, é amor próprio.
Faço minhas, as palavras dela... :)
ResponderExcluirSimplesmente lindo!
Esse texto ficou muito lindo! Você já tinha linkado ele na semana passada, não é?
ResponderExcluirST!
Esse texto como nosso Fluminense, simplismente é...
ResponderExcluirMuito bonito.
ResponderExcluirEu já havia lido esse texto. Maravilhoso. Lindo. Só torcedores com alma tricolor são capazes de entender essas palavras! Parabéns à autora. Para escrever assim só podia torcer pelo Flu!
ResponderExcluirOrgulho?! Amor?! Acho que é pouco... ainda não encontrei uma palavra para definir o que sinto pelo meu time!
Sensibilidade à flor da pele. Emoção, paixão e amor finamente misturados e o resultado essa bela obra de arte. Parabéns!
ResponderExcluirFelipe Fleury