sexta-feira, 14 de maio de 2010

Os brasileiros na Libertadores


Amigos, restam oito agremiações na Copa Libertadores da América, quatro das quais brasileiras: o Flamengo representa o Rio de Janeiro, o Internacional representa o Rio Grande do Sul, o Cruzeiro representa Minas Gerais, e o São Paulo representa São Paulo.

Começo pelo confronto entre Cruzeiro e São Paulo. Os mineiros haviam se classificado com duas insofismáveis vitórias sobre o Nacional do Uruguai. Os paulistas tinham penado para passar pelo Universitário do Peru, após dois empates melancólicos. A grande imprensa, vomitando as obviedades de sempre, repetia aos quatro ventos: "o Cruzeiro passará fácil". No entanto, ocorre o primeiro jogo no Mineirão, e o resultado é 2 a 0 para o São Paulo. O grande personagem desta partida foi Fernandão, o estreante são-paulino. O seu passe para o segundo gol, de Hernanes, foi cinematográfico. Tal qual Amoroso na Libertadores de 2005, Fernandão parece ter caído como uma luva no São Paulo. A equipe do técnico Ricardo Gomes, o ex-zagueiro do Fluminense, deu um grande passo rumo às semifinais. Mesmo com os reveses acumulados nos últimos anos, o São Paulo prova que vive um caso de amor com a Copa Libertadores. O São Paulo não vive sem a Libertadores, e a Libertadores não vive sem o São Paulo.

Nesta quinta-feira, jogaram Internacional e Estudiantes. O último campeão da Libertadores, único argentino ainda vivo na competição deste ano, jogou errado no Beira-Rio. Com o estúpido regulamento do saldo qualificado, a equipe visitante precisa ser ofensiva, precisa buscar os gols. No entanto, a equipe de Verón preferiu jogar recuada, atraindo o Colorado para seu campo. Quase consegue o 0 a 0, mas Sorondo fez, de cabeça, no finalzinho, o gol do triunfo do Internacional. Os gaúchos viajam a La Plata na semana que vem, e levam na bagagem uma generosa vantagem. A semifinal brasileira está desenhada.

Na quarta-feira, o Flamengo jogou contra a Universidad de Chile, no Maracanã. Na primeira fase, as equipes já haviam guerreado, com empate no Rio de Janeiro e vitória chilena em Santiago. A tabela do mata-mata pôs os clubes novamente no caminho um do outro, mas o rubro-negro parece não ter aprendido a lição da derrota na fase inicial. A derrota por 3 a 2 em pleno Estádio Mario Filho doeu na carne e na alma do Flamengo. Mas pior que a derrota em si foi a atuação do rubro-negro carioca.

Amigos, às vezes o placar nu e cru esconde a verdade da partida. Foi o caso do jogo do Flamengo. Os chilenos vieram ao Rio de Janeiro esperando enfrentar um grande time. Afinal, o Flamengo é o atual campeão brasileiro. No entanto, os jogadores rubro-negros não mostraram em campo aquela alma que caracteriza o Flamengo desde 1912. Com honrosas exceções (Vagner Love em especial), os atletas do quadro da Gávea caminhavam em campo, como se estivessem passeando na beira da lagoa. Os chilenos, é claro, se aproveitaram da sonolência do Flamengo, e logo abriram 2 a 0 em pleno Maracanã. As mais de 70 mil vozes subitamente calaram, formando um constrangedor silêncio no Maior do Mundo.

O rubro-negro não parecia uma equipe profissional de futebol. Juro que já vi mais organização tática em algumas peladas do Aterro. Faltava garra, faltava organização, e faltava talento ao Flamengo. De cinco em cinco minutos, os chilenos apareciam na cara do goleiro Bruno. A sorte rubro-negra reside na incompetência dos chilenos, que só assinalaram três gols. Amigos, não é exagero dizer que a Universidad teve dez chances claras. Isso mesmo, o Flamengo poderia ter levado um banho de dez em pleno Maracanã. Pior: talvez o Flamengo tenha mesmo merecido sofrer a goleada astronômica.

Com muita sorte, o Flamengo achou seus dois gols, um com Adriano (após empurrar o marcador), outro com Juan (com um desvio para matar o goleiro). E assim o rubro-negro ainda pode sonhar com a classificação em Santiago. Porém, para obter a grande vitória, o Flamengo precisará mudar da água sanitária para o vinho chileno. Para obter a grande vitória, o Flamengo não pode jogar como um Bonsucesso. Para obter a grande vitória, o Flamengo precisa ser Flamengo.

PC
(sobre os jogos Cruzeiro 0 x 2 São Paulo, Internacional 1 x 0 Estudiantes/ARG, Flamengo 2 x 3 Universidad/CHI)

Um comentário:

  1. Acho que Estudiantes passa.
    São Paulo praticamente já passou.
    Do outro lado a tendência é a semifinal Chivas x La U. Não me surpreenderei se o grande campeão for mexicano ou chileno.

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