Recordar é viver - Grêmio 4, Fluminense 4

Domingo tem Fluminense x Grêmio no Maracanã, em mais um jogo da caminhada tricolor rumo ao sonhado tricampeonato brasileiro. Por causa disso, o "Recordar é viver" dessa semana será um confronto entre o quadro de Álvaro Chaves e o time do Rio Grande do Sul. O jogo escolhido aconteceu no turno do Campeonato Brasileiro de 2006, no Estádio Olímpico de Porto Alegre.

16 de julho de 2006: um domingo frio e chuvoso na capital gaúcha. Mesmo com o tempo ruim, mais de 20.000 gremistas compareceram ao Monumental para apoiar a sua equipe. E eles não se arrependeram, pois presenciaram um dos mais espetaculares jogos da história do futebol brasileiro. Ninguém poderia esperar tantas emoções, tantas reviravoltas, em apenas noventa minutos.

A primeira etapa só teve um momento relevante, quando o cronômetro marcava 26 minutos. Rafinha cruzou e Ramon marcou o primeiro do Grêmio, de cabeça. Assim, o intervalo chegou com o placar de 1 a 0 para os anfitriões. Aos 22 do segundo tempo, o meia sérvio Petkovic (do Fluminense) passou errado, o meia Tcheco lançou e o atacante Rômulo ampliou para 2 a 0. Os mais apressados poderiam dizer que a partida acabara ali, naquele segundo tento gremista. Talvez alguns tenham cometido a estupidez de ir embora para casa.

Porém, lembremo-nos do ditado: "futebol só acaba quando termina". Sábias palavras, sábias palavras. Petkovic resolveu correr em dobro, para corrigir sua falha no segundo tento gremista. Vejam só a sucessão de fatos: após bate-rebate na área, o atacante Evando (do Fluminense) descontou aos 26. Seis minutos depois, Petkovic empatou a partida, com um gol olímpico (direto de escanteio, sem trocadilho com o nome do estádio!). Passaram-se mais dois minutinhos, e o lateral-esquerdo Marcelo virou para 3 a 2, de peixinho. Quando a bola arrombou a meta gremista, um silêncio épico tomou conta do Olímpico. Um silêncio tão colossal quanto o do Maracanazo de 1950 (por coincidência, também ocorrido num 16 de julho). Os gremistas costumam chamar seu clube de imortal, e por isso mesmo não conseguiam acreditar naquela derrota tão patética e, ao mesmo tempo, tão surpreendente. Aos 42, Petkovic ainda ampliou para o Fluminense, com outro golaço: 4 a 2.

A essa altura, todos já imaginavam a partida sendo exibida na galeria de grandes triunfos do Fluminense. Afinal, não é todo dia que se consegue uma virada tão espetacular, na casa do adversário, e sendo o Grêmio esse adversário! Aquele jogo era, de fato, um dos grandes momentos da história pó-de-arroz.

Mas o Grêmio é imortal, o Grêmio não desiste nunca, o Grêmio luta com garra inexcedível até o apito final. Não seria diferente naquela tarde chuvosa. Herrera desconta aos 47: 4 a 3. E, aos 49, acontece o milagre: Rômulo empata com um golaço! Grêmio 4, Fluminense 4!

Antes do jogo, se perguntassem a um tricolor o que ele acharia de um empate no Olímpico, ele responderia, com um sorriso no rosto: "está de ótimo tamanho". Se questionassem um gremista, ele diria que não seria um bom resultado. No entanto, o 4 x 4 imortal fez tricolores chorarem, e gremistas sorrirem. Paradoxo esplêndido!

Com o resultado, o Fluminense foi a 23 pontos, seguindo na zona de classificação à Taça Libertadores da América. O Grêmio chegou a 16, permanecendo em posição intermediária na tabela. 2 a 0 Grêmio, 4 a 2 Fluminense, e depois 4 a 4: Grêmio 4, Fluminense 4. Um jogo para sempre.

PC

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Vídeo dos gols:

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Ficha técnica:

Estádio Olímpico, Porto Alegre-RS.

Data: 16/07/2006. 16:00.

GRÊMIO: Galatto; Patrício, Maidana, William e Escalona; Sandro Goiano (Jeovânio), Lucas, Tcheco, Rafinha e Ramon (Herrera); Rômulo. Técnico: Mano Menezes.

FLUMINENSE: Fernando Henrique; Rogério, Thiago Silva, Gabriel Santos e Marcelo; Marcão, Arouca (Beto), Juliano (Jean) e Petkovic; Cláudio Pitbull e Tuta (Evando). Técnico: Oswaldo de Oliveira.

ÁRBITRO: Cléver Assunção Gonçalves (MG), auxiliado por Guilherme Dias Camilo (MG) e Alexandre Santos Conceição (MG).