Tudo azul no Morumbi

Amigos, foi uma grande partida no Estádio Cícero Pompeu de Toledo. A Taça Libertadores da América teve um dos grandes jogos de sua história nesta quarta-feira. A classificação do Cruzeiro sobre o São Paulo, no campo do oponente, foi épica, inesquecível e recheada de personagens e momentos fantásticos. Diante de 52.809 pagantes, cruzeirenses e são-paulinos participaram de uma batalha única.

Examinemos o primeiro personagem do jogo: Eduardo Costa, do São Paulo. O jogo ainda estava 0 a 0, ele já tinha um cartão amarelo, e resolveu cometer uma falta forte em Jonathan. Foi corretamente expulso pelo juiz argentino Sergio Pezzota, e prejudicou muito a sua equipe. É difícil entender a mentalidade de certos jogadores.

Passemos para um personagem mais interessante: Kléber, do Cruzeiro. O atacante é tido como esquentado: pode ser, mas como tem talento o rapaz! Com suas arrancadas fulminantes, a todo instante ele levava a zaga são-paulina à loucura. E como apanhou o Kléber! Levou pontapés de pelo menos quatro jogadores do São Paulo. Venhamos e convenhamos: quando se apanha tanto, uma hora há mesmo que se revidar. Kléber é um ser humano, de modo que não corre sangue de barata em suas veias. O camisa 25 não foge da responsabilidade, não foge da pancadaria, e por isso deve ser exaltado pela torcida do Cruzeiro. Seu prêmio foi o gol de pênalti no finalzinho.

Voltemos ao time do São Paulo, para falar sobre Washington. Ah, o Coração Valente, que ano passado tirou o próprio São Paulo da Libertadores, com aquele gol imortal no Maracanã! Hoje, não teve a mesma sorte, e nem poderia. Apesar de ser, disparado, o centroavante com mais faro de gol no futebol brasileiro, foi sacado por Muricy Ramalho no intervalo. Não entendi a opção do técnico Muricy: o time precisava de gols, e ele tirou o artilheiro do campo. Substituição infeliz.

Continuando a falar do personagem Muricy: o saque de Washington não foi seu único erro. Posso saber por quê Hernanes não começou jogando? Pelo amor de Deus, Hernanes é um dos melhores meias brasileiros, e portanto um dos melhores meias do mundo! O que poderia fazer um craque do calibre dele no banco de reservas?

Voltemos ao vencedor da noite, para falar de Henrique, o meia cruzeirense que marcou o primeiro gol. Que pintura o tento de Henrique: um balaço de fora da área, sem nenhuma chance para o goleiro. A pelota arrombou a meta são-paulina bem no ângulo. Autêntico golaço: obra de arte que poderia estar nas paredes de algum museu no mundo.

Há outro personagem que merece ser exaltado: o técnico Adilson Batista, do Cruzeiro. Ah, o clube mineiro joga com cooperação, com tática apurada, com ímpeto e garra inexcedíveis. E certamente há nisso o dedo do treinador, que está lá cuidando da estratégia.

O São Paulo perdeu para o Internacional em 2006, para o Grêmio em 2007, para o Fluminense em 2008 e para o Cruzeiro em 2009. Alguma coisa acontece com o tricampeão brasileiro quando ele enfrenta outro clube tupiniquim na Libertadores. Será que é culpa do Sobrenatural de Almeida? Não sei. Azar o dos são-paulinos, que não possuem um Gravatinha para protegê-los dos acasos do futebol.

O Cruzeiro parte com moral alta, para as semifinais contra o Grêmio. O país inteiro baba à espera do grande confronto. Cruzeirenses e gremistas hão de quebrar lanças em mais uma batalha inesquecível.

PC

(o Cruzeiro venceu por 2 a 1 no Mineirão, e por 2 a 0 no Morumbi)

PS: recadinho especial para Arouca, Júnior César e Washington: o São Paulo tem mais estrutura que o Fluminense, sim. Mas a troca que vocês fizeram foi muito infeliz. A torcida tricolor é incomparável, e merecia mais respeito por parte de vocês três. Agora, aturem a torcida são-paulina, que inexplicavelmente culpa Washington pela eliminação. Engraçado, eu acho que foi Washington que fez o único gol do SPFC contra o Cruzeiro no confronto...