Amigos, a estréia oficial de Romerito não poderia ter sido melhor. Explico: as goleadas são perigosas. Meu desejo íntimo é que o Fluminense vença todas as suas partidas por um a zero. Se fosse possível, preferiria até mesmo vencer por meio a zero. Hoje, no Maracanã, ocorreu o triunfo perfeito: Fluminense 1, Santo André 0. E o Fluminense já pula na frente da tabela, na terceira fase do Campeonato Brasileiro. Sinto uma saudade de tempos que eu não vivi: aquela época em que os "timinhos" tricolores eram campeões batendo todo mundo por 1 a 0.
Mas por que as goleadas são perigosas? Explico: porque elas escondem os defeitos de um time. Quando se vence de banho, ninguém vê as falhas. Tudo é perfeito, ou melhor, tudo parece perfeito. Então, vem o jogo seguinte e a derrota inesperada. Por quê? Ora, porque ninguém se preocupou em corrigir o que estava errado. Melhor: nem se sabia que havia algo errado. A goleada faz sombra aos erros, e assim o time não melhora. Temos o exemplo de 1950: o escrete bateu a Espanha por 6 a 1, e uma certeza tomou conta da nação: o Brasil é campeão do mundo. Veio então o jogo com o Uruguai, o gol de Ghiggia, e a derrota que dói até hoje. É por isso que escrevo: o melhor é vencer pelo placar mínimo.
Voltando ao Fluminense, há os que criticam a contratação de Romerito. Não se mexe em time que está ganhando, argumentam uns. Foi muito caro, vociferam outros. Pois ele estreou hoje, e já calou os críticos. Sua atuação não foi magnífica, mas a garra demonstrada condiz com o espírito de luta que se espera de alguém envergando o manto tricolor. O paraguaio deu o sangue, e encharcou a camisa. Se continuar assim, será importantíssimo na conquista do troféu nacional, que não vem há quatorze anos.
O gol da vitória veio aos trinta e dois minutos da segunda etapa, e merece descrição detalhada. Branco cruzou da esquerda, e Washington matou no peito com a classe que lhe é característica. Antes mesmo da finalização, a torcida tricolor, na arquibancada, já sabe que a rede balançará. O chute do centroavante pó-de-arroz é perfeito. Porém, Tonho opera um milagre, e consegue espalmar. Mas lá está Wilsinho, para aproveitar o rebote: gol de joelho.
Antes de encerrar, preciso citar Paulo Victor, o guardião dos arcos tricolores. O Santo André não teve muita presença ofensiva, mas o goleiro do Fluminense foi perfeito em todas as suas intervenções. O camisa 1 é a continuação da escola de grandes goleiros tricolores: Marcos Carneiro de Mendonça, Batatais, Castilho, Veludo, Félix e agora Paulo Victor. Suas defesas impossíveis também serão úteis nessas últimas semanas de campeonato.
A taça de 1984 já esboça um sorriso, com a crescente e encantadora possibilidade de envelhecer para sempre na Rua Álvaro Chaves. O troféu de 1970 aguarda ansioso por sua futura companhia. Mickey foi o herói de 70, e já temos alguns candidatos a protagonista de 84. Hoje, Julio César Romero Insfran se apresentou.
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Comentários no site do Pavilhão Tricolor:
1 Sexta, 09 Outubro 2009 08:39 Carlos Clark
Eu estava lá... sabadão à noite, vendo o rolo compressor tricolor, do alto dos meus 16 anos... a confiança era total na época... Fomos ver Don Romero e acabamos vendo um gol do ex-bacalhau "Xodó da Vovó", ou "Tomba Vovô" como meu primo gostava de chamá-lo, por causa do jeitão desengonçado. Bons tempos.
2 Sexta, 09 Outubro 2009 12:04 Maria Alice Pereira Salomão
Pois é, foi depois desse jogo que o técnico Carbone dançou. Começou a inventar, barrando o Washinton, companheiro perfeito do Assis, para colocar o Wilsinho. E tirou o Romerito do meio de campo, onde rendia muito mais, para colocá-lo de atacante enfiado na área e jogando de costas.
Entrou o Parreira que voltou à formação inicial do time formado pelo técnico o Cláudio Garcia, que preferiu se transferir para o Fla e não arrumou nada lá.
3 Sexta, 09 Outubro 2009 17:39 Ivo Coser
Caro Paulo Cesar, efetue uma correção importante o herói da conquista de 70 foi Flávio. Flávio marcou três gols no então campeão brasileiro de 69, o Palmeiras (3x0)e terminou a competição com um gol a menos que o artilheiro Tostão, sendo que não jogou os três últimos jogos. No Fluminense Flávio possui uma média de gols igual a de Waldo, caso não tivesse sido vendido por um motivo tolo muito provavelmente teria sido o maior artilheiro da História do Fluminense. Concordo com vc. que as goleadas servem para esconder, mas em 70 o Fluminense enfiou 3x0 no Palmeiras em pleno Parque Antártica e terminou Campeão. Valeria a pena escrever uma crônica sobre este jogo que entrou para a História do Fluminense e do futebol brasileiro.
4 Sexta, 09 Outubro 2009 18:00 Rodrigo Gonçalves
Esse jogo foi disputado num sábado a noite. Eu estava lá. O Carbone, técnico fraquíssimo, diga-se de passagem, realmente fez a burrice de colocar o Washington no banco pra lançar o Romerito.
Dançou, graças a Deus. Com ele não teríamos sido campeões brasileiro nunca. Parreira, que acabara de ser demitido da seleção brasileira, assumiu o time na partida contra o Operário, em São Januário, colocou Dom Romero no lugar do Leomir, venceu por 2X0, e terminou o campeonato invicto.
Abs,
Rodrigo Gonçalves
5 Sexta, 09 Outubro 2009 18:19 Gustavo
"Voltando ao Fluminense, há os que criticam a contratação de Romerito. Não se mexe em time que está ganhando, argumentam uns. Foi muito caro, vociferam outros."
Percebe-se que os corneteiros já existem na torcida do Flu há anos...
Obrigado a todos pelos comentários, especialmente ao Ivo pelas sugestões.
ResponderExcluirCostumo citar o Mickey como herói de 70 por causa dos últimos 3 jogos, em que ele foi decisivo. Mas reconheço toda a importância do Flávio na campanha do Campeonato Brasileiro.
Sobre o Flu 3 x 0 Palmeiras, a sugestão está anotada. :)
Abraços,
PC
Sábado, 10 Outubro 2009 13:15 João Alberto Ribeiro Britto
ResponderExcluirGente,
Apesar do excelente post acho que poderíamos explorar melhor assuntos mais recentes. Não estou querendo ser indelicado com o autor - no caso o Paulo Cesar - que escreve maravilhosamente bem. Acontece que existem assuntos atuais que estão fervilhando que poderíamos debater melhor. Roni e PC na noitada bebendo.