Com a demissão de Eduardo Baptista, o Fluminense procura um novo treinador para seu time profissional de futebol, e o nome mais cotado para assumir o comando técnico do Tricolor é o do experiente Levir Culpi, que treinou o Atlético Mineiro entre 2014 e 2015, tendo conquistado a Copa do Brasil de 2014.
Levir Culpi é o nome predileto do presidente tricolor Peter Siemsen, que já tentou contratá-lo em 2011, após a saída de Muricy Ramalho. Na época, ele treinava o Cerezo Osaka, do Japão, e recusou a proposta do Fluminense, alegando que não poderia abandonar o Japão no momento delicado que o país asiático vivia, após o terremoto, a tsunami e a crise nuclear de Fukushima.
Em 2000, quando treinava o São Paulo, Levir deu uma declaração polêmica, que desagradou os torcedores do Fluminense. Às vésperas do jogo São Paulo x Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro (que o Fluminense liderava), ele foi questionado sobre a presença do Tricolor na competição, e respondeu: "Não fico revoltado, mas acho que a inclusão do Fluminense foi injusta. Outros times trabalharam para estar na primeira divisão e foram prejudicados".
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Trecho do caderno de esportes da Folha de S. Paulo, edição de 09/09/2000. |
Para entender o caso, é necessário voltar até 1999, ano em que o Fluminense disputou e conquistou a terceira divisão do Campeonato Brasileiro. Assim, na ordem natural das coisas, o Fluminense disputaria a segunda divisão do Campeonato Brasileiro em 2000. Entretanto, por problemas alheios ao Fluminense, ocorridos durante a disputa da primeira divisão de 1999, não houve segunda divisão no ano 2000. A CBF entregou a organização do Campeonato Brasileiro ao Clube dos Treze, que então implementou a chamada Copa João Havelange, com 116 participantes (o Fluminense entre eles, naturalmente). Então, a pergunta que os críticos nunca respondem é: como o Fluminense poderia ter disputado uma segunda divisão que não aconteceu?
O curioso é que um dos pivôs dos problemas de 1999 foi o próprio São Paulo, que escalou o atleta Sandro Hiroshi de maneira irregular em algumas partidas, o que acabou gerando transferência de pontos na tabela de classificação para Botafogo e Internacional (mas não para outros clubes, que também enfrentaram o São Paulo com Hiroshi). O Botafogo, que havia perdido por 6 a 1 para o São Paulo, ganhou os pontos do jogo na justiça desportiva, e graças a eles escapou do rebaixamento, ultrapassando o Gama, do Distrito Federal. O clube candango sentiu-se prejudicado e ingressou com uma ação na justiça comum, iniciando assim a confusão que originou a Copa João Havelange (sem nenhuma participação do Fluminense no processo).
Os 116 clubes do Campeonato Brasileiro de 2000 foram divididos em três módulos: 25 no módulo azul (considerado "de elite", com todos os integrantes do Clube dos Treze, incluindo o Fluminense), 36 no módulo amarelo e 55 no módulo verde-e-branco. Todos os clubes eram integrantes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, com chances de se sagrar campeão e de obter uma vaga na Copa Libertadores da América (feito que o São Caetano, integrante do módulo amarelo, acabou conseguindo, ao ser vice-campeão).
O Fluminense perdeu aquela partida para o São Paulo por 2 a 0, mas provou, em campo, de maneira incontestável, que merecia voltar à primeira divisão: terminou o módulo azul na terceira posição, atrás apenas de Cruzeiro e Sport Recife, e à frente do próprio São Paulo, que terminou em sexto. Na fase de mata-mata, o Tricolor seria eliminado pelo São Caetano, que fora o segundo colocado do módulo amarelo e terminaria sendo o vice-campeão do Campeonato Brasileiro de 2000.
Para o Campeonato Brasileiro de 2001, a CBF retomou a organização, e naturalmente se baseou nos resultados do ano anterior para a escolha dos participantes, incluindo o Fluminense, que novamente demonstrou sua força e seu mérito, chegando à semifinal tanto em 2001 quanto em 2002. Desde então, o Fluminense nunca mais foi rebaixado, tendo conquistado o título de Campeão Brasileiro duas vezes, nos anos de 2010 e 2012.
Portanto, essa estória de que "o Fluminense deve a Série B" não passa de conversa para boi dormir. Caso Levir Culpi venha mesmo a assumir o comando técnico tricolor, poderia começar com um pedido de desculpas pelas declarações infelizes de 2000. De qualquer forma, que tenha sorte e que devolva o Fluminense ao topo das tabelas das competições, lugar a que pertence desde 1902 e para sempre.
PCFilho
O mundo dá voltas, PC! Muitas voltas!!!
ResponderExcluirST
Dá mesmo, Leandro... muitas voltas...
ExcluirO sujeito fala besteira sem motivo, depois tem que se explicar...