quarta-feira, 6 de maio de 2009

O juiz-ladrão

Amigos, que jogaço foi a semifinal no Stamford Bridge, entre o espanhol Barcelona e o inglês Chelsea. Ou melhor, entre os internacionais Barcelona e Chelsea. O mercado capitalista engoliu o futebol de tal forma que o Barcelona não é mais espanhol, o Chelsea não é mais inglês, o Milan não é mais italiano, e por aí vai. Os clubes da América do Sul mantêm a identidade da pátria, mas os europeus são equipes globais. Os destaques do Barça são o francês Henry (que não jogou), o argentino Messi e o camaronês Eto'o. O brasileiro Daniel Alves e o francês Abidal também têm jogado muito bem. Vejam só que há até os espanhóis Xavi e Iniesta na equipe azul-grená! O Chelsea não é muito diferente: os brasileiros Alex e Belletti, o marfinense Drogba, o tcheco Cech, o francês Anelka, o alemão Ballack e o ganês Essien são alguns dos estrangeiros que povoam a equipe de Londres. Até no banco o Chelsea é internacional: depois de um português e um brasileiro, o técnico é o holandês Guus Hiddink. As equipes são tão globais, que há de chegar o dia em que Barcelona e Chelsea se enfrentarão no Maracanã, e o estádio estará lotado como em um Fla-Flu decisivo. E ambas as equipes se sentirão em casa, como se o Barcelona fosse o Fluminense e o Chelsea fosse o Flamengo.

Logo no início do jogo em Londres, Essien fez um golaço para o Chelsea. Isso possibilitou a manutenção da estratégia utilizada no jogo de ida: defender, defender, e defender. Ao Barcelona, por sua vez, só restava atacar, atacar, e atacar. Um único golzinho seria suficiente para a equipe catalã, mas a defesa londrina era inexpugnável. A bola era chutada diversas vezes, mas voltava sempre antes de chegar ao gol. Há aquele ditado de que "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Porém, a parede azul parecia mesmo impenetrável.

No segundo tempo, Abidal foi expulso, em lance duvidoso: confesso que não vi nem falta em Anelka. Foi a primeira ação do juiz-ladrão: deixou o Barcelona com dez, beneficiando o Chelsea. O tempo escorria por entre os dedos do Barça, de modo que o time ia cada vez mais para a frente. Isto, evidentemente, abre espaços na defesa. Assim, o Chelsea passou a ser perigosíssimo nos contra-ataques. Num deles, novamente entrou em ação o meu personagem da quarta-feira: o árbitro norueguês Tom Henning Ovrebo. Analisemos o lance: o atacante "londrino" só tinha o zagueiro e o goleiro à sua frente. Então, fez o óbvio: tentou driblar o primeiro defensor. O drible foi perfeito, e a bola só não passou porque o zagueiro meteu a mão na bola, com uma cara-de-pau inacreditável. O árbitro mandou seguir, amigos, mandou seguir! Ignorou um pênalti mais cristalino que as margens plácidas do Ipiranga, com um descaro e um cinismo impressionantes.

A batalha continuava assim: ataque do Barcelona, defesa do Chelsea, contra-ataque do Chelsea. O cronômetro ultrapassou a marca dos quarenta e cinco minutos, e o placar mantinha-se rígido: Chelsea 1, Barcelona 0. Até que, aos 48, aconteceu o milagre: o chute fatal de Iniesta conseguiu furar a muralha de Londres. 1 a 1, e classificação do Barça! Detalhe patético e sublime: foi o primeiro chute catalão a alcançar a meta de Petr Cech.

E então tudo se inverteu. O Chelsea passou a atacar desesperadamente, e o Barcelona passou a defender. Restava pouco tempo, mas houve lances de perigo. Por exemplo: o chute de Ballack. Mais uma vez, a bola bateu no braço de um jogador "catalão", no caso o camaronês Eto'o. De novo dentro da área. E, mais uma vez, o larápio norueguês mandou seguir! O alemão do Chelsea só faltou desferir um soco no árbitro, de tanta raiva. Reclamou acintosamente, levou cartão amarelo, e de nada adiantou: o classificado foi mesmo o Barcelona.

O jogo de Stamford Bridge entrou para a história: qualquer jogo decidido nos acréscimos do segundo tempo merece ser relembrado para sempre. Ainda mais quando se trata de uma semifinal de Liga dos Campeões. E, com uma atuação indecente, o personagem da partida só pode ser o juiz-ladrão. O norueguês Ovrebo apareceu mais que todos os jogadores, e por isso conquistou o ilustre posto.

Dia 27, no Stadio Olímpico de Roma, Manchester United e Barcelona lutarão pela glória suprema da Europa. Tenho a sensação de que será uma das finais mais dramáticas de todos os tempos. Mal podemos esperar pela batalha.

PC

5 comentários:

  1. É foda!!!
    A ladroagem não se restringe mais ao futebol carioca, brasileiro e ao sulamericano...até tu UEFA???

    Aí sempre vem aquela galera que diz:
    - Ah, mas o Barça mereceu!!! Foi o melhor time.

    O Barça foi o melhor? Eu acho que sim! Mas uma das graças do futebol é a incerteza, a possibilidade do mais fraco bater no mais forte.
    Se o melhor tem que ser o campeão, então pega a taça e entrega pro melhor!!! Não precisa de futebol!!!

    Quando o bom senso vai predominar?
    Quando as câmeras serão usadas nas arbitragens?
    E não me venham com essa palhaçada de que a polêmica do erro dá mais graça ao futebol...se fosse assim ninguém jogaria Winning Eleven!

    A consulta às imagens deixaria o futebol muito menos exposto à corrupção e faria predominar apenas o que interessa, o espetáculo!!!

    Parabéns ao Barça pelo futebol arte!
    E parabéns ao Chelsea pela constância na apresentação de um grande futebol!!!
    Não adianta, um dia a Europa será do Chelsea!!!

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  2. quando passou a camera na torcida do Chelsea,vi um garotinho chorando e fiquei até com pena

    mas felizmente o Barcelona passou,e será campeão,o Chelsea perderia denovo pra esse time que eu odeio.

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    1. Perderia de novo? O Chelsea perdeu?????? Que eu saiba o jogo terminou empatado. Teve que roubar pra terminar EMPATADO

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    2. Nossa, um comentário SETE ANOS depois!! hahahaha!

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  3. Quando eu vi o garotinho chorando lembrei no ato da Liberta =(

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