terça-feira, 26 de maio de 2009

Recordar é viver - Chuva de gols no Pacaembu

São Paulo, 7 de março de 1958.

Amigos, o Estádio Municipal do Pacaembu estava lotado: 43.068 torcedores escorriam pelas suas paredes. E elas foram testemunhas de uma dessas partidas imortais. O Santos do técnico Lula entrou no gramado com a seguinte escalação: Manga; Hélvio e Dalmo; Fioti, Ramiro e Zito; Dorval, Jair, Pagão, Pelé e Pepe. Que linha, amigos, que linha! O Palmeiras, treinado por Oswaldo Brandão, também possui um autêntico escrete: Edgar; Edson e Dema; Waldemar Carabina, Valdemar Fiúme e Formiga; Paulinho, Nardo, Mazzolla, Ivan e Urias.

Quando o cronômetro marcava 18 minutos, Urias inaugurou o placar: Palmeiras 1 a 0. Aos 21, o menino Pelé empatou para o Santos. Quatro minutos depois, aconteceu a primeira virada da partida, com o tento de Pagão: Santos 2 a 1. Mas a equipe alvinegra não teve muito tempo para comemorar, pois um minuto foi o suficiente para Nardo empatar de novo a peleja: 2 a 2. Quatro gols em 26 minutos: que chuva de gols no Pacaembu!

Porém, sabemos que a linha de frente do alvinegro praiano é insaciável: Dorval aos 32, Pepe aos 38 e Pagão aos 46 deram números finais ao primeiro tempo: Santos 5, Palmeiras 2. No vestiário, Pepe estava eufórico e otimista: "companheiros, temos a chance única de enfiar 10 gols no Palmeiras hoje: não vamos desperdiçá-la!".

Amigos, o que se viu no segundo tempo da batalha no Pacaembu foi surreal. O Palmeiras demonstrava um ímpeto, uma paixão e uma garra inexcedíveis. Aqueles onze guerreiros vestidos de verde estavam definitivamente dispostos a vencer ou perecer! Aos 16 minutos, Paulinho diminuiu para 5 a 3. Aos 19, Mazzolla diminuiu para 5 a 4. Aos 27, de novo Mazzolla estufou as redes de Manga: 5 a 5! Sete minutos depois, aconteceu o improvável e sublime milagre: Urias marcou o gol da virada! Nem o próprio placar parecia acreditar no que exibia: Palmeiras 6, Santos 5! A maior virada da história, e justo contra a seleção de astros do Santos!

Aquilo não era possível. As mais de 40 mil testemunhas estavam atônitas. Os 22 jogadores, o juiz, os bandeirinhas, os massagistas e os gandulas também achavam que se tratava de um delírio coletivo. Disse "os 22 jogadores", mas já me corrijo. Havia, entre os 22 guerreiros que encharcavam as camisas de suor, um jogador com plena consciência do que estava acontecendo. Falo de Pepe, o robusto atacante do Santos. No intervalo, ele queria meter dez no Palmeiras; agora, ele sentia na carne e na alma o duro golpe da acachapante virada.

O jogo foi tão emocionante, tão arrebatador, que houve duas mortes nas arquibancadas: um torcedor do Santos e um torcedor do Palmeiras enfartaram. Invejo a morte destes dois heróis: deram a vida por seus clubes do coração! Eis o exemplo de máximo sacrifício pela paixão clubística! São dois heróis anônimos, mas dois heróis eternos! Merecem estátuas de ouro.

Um jogador comum se resignaria e aceitaria a virada apenas como um duro golpe. Mas Pepe não é um jogador comum. É um craque, um autêntico craque, e essa sua condição não permitia a mera aceitação do escore. Ele pegou a pelota e resolveu: "isso não vai ficar assim". Aos 38, em furiosa penetração, Pepe empatou a partida: 6 a 6! E, aos 41, ocorreu o surreal, o inacreditável, o sobrenatural. Pepe enfiou até o cabo mais um gol nas redes palmeirenses. Sim, amigos: Santos 7, Palmeiras 6!

Não preciso escrever mais nada: Santos 7, Palmeiras 6. Um placar tão estrepitoso, tão acachapante, tão surreal fala por si próprio.

PC

4 comentários:

  1. http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=28077&tid=5340212682006467798&na=4

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  2. PC nao vai falar algo sobr eo ocorrido de ontme nao? foi algo fantastico, tirando a agressão ao diguinho, de resto valeu! pedir rua pra quem nao tme compromisso algum com o time, thiago neves, ratinho, ed carlos, FH,... chega de bonde!

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  3. Esse Santos do Pelé era sinistro demais!!!
    Quando precisavam dos gols faziam quantos fossem necessários...

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