Amigos, confesso envergonhado: assisti a todo o debate entre os candidatos à Presidência, na TV Globo, na noite desta quinta-feira.
Ouvi Dilma Rousseff descrever todos os feitos extraordinários do governo de Lula, sempre na primeira pessoa do plural.
Ouvi Plínio de Arruda Sampaio discursar sobre não pagar a dívida externa, sobre o imposto da fortuna, e sobre outros delírios.
Ouvi José Serra malhar sistematicamente os oito anos de governo do PT, e inflar suas conquistas como prefeito, governador e deputado.
Ouvi Marina Silva falar que todos os problemas devem ser olhados sob um ponto de vista abrangente.
Ouvi William Bonner repetir que tudo no debate foi decidido no mais aleatório sorteio.
Não ouvi a palavra EDUCAÇÃO.
Por um momento, me perguntei: eu vivo na Finlândia?
(Aliás, minto. Ouvi três vezes a palavra "educação", en passant, perdida no meio de discursos sobre coisas menos importantes. Duas vezes foi o Serra, uma vez foi a Marina.)
Claro que saúde, transporte, meio-ambiente, saneamento, habitação e ajuda social são temas importantes. Ninguém possui dúvidas quanto a isso.
Mas a educação é o maior e principal problema brasileiro. Repito: a educação é o maior e principal problema brasileiro.
Em qualquer debate sobre o futuro do Brasil - qualquer, até mesmo a mera discussão na mesa do boteco - o tema da educação deveria ser obrigatório.
Mas acontece o seguinte: no Brasil, a educação de base é um tema que não dá votos. A população pobre do país - que decide as eleições - acha que não tem direito à educação. Acha que é para os indivíduos das classes superiores. Os pais, que não tiveram educação, consideram que já é suficiente que seus filhos estejam na escola, mesmo que esta seja de péssima qualidade.
A educação é uma aposta de longo prazo, ao passo que a política brasileira é claramente pautada nos resultados imediatos. Lula é o sujeito mais popular do país, exatamente porque é um imediatista.
A educação não foi discutida nem nos blocos com tema sorteado, nem nos blocos com tema livre. O que deveria ser a prioridade foi um assunto solenemente ignorado durante as duas horas de programa.
O maior derrotado nesse debate patético é o povo brasileiro.
É o Brasil.
O Brasil que continuará sendo importador de conhecimento e exportador de bens materiais.
O Brasil que nunca será um país com uma economia baseada no conhecimento.
A Revolução da Educação é para ontem. Se tivéssemos começado ontem, só obteríamos resultados satisfatórios daqui a quinze anos.
Mas, no domingo, elegeremos um presidente que ignorará, por quatro anos, o maior problema da nação. Quatro anos são muito tempo. Trata-se de mais uma geração de crianças brasileiras perdidas, sendo educadas como se tivessem nascido no Gabão, no Zimbábue ou na Etiópia.
Muito se fala de distribuição de renda. Que o Brasil tem a pior distribuição de renda do mundo. Mas eu quero distribuição de conhecimento.
Muda, Brasil!
PC
EDUCAÇÃO... Quando a gente tinha um candidato que falava que tudo se resolvia com EDUCAÇÃO muita gente ria e falava que ele era o candidato de um tema só.. Ta aí... O candidato de um tema só era o único que sabia que a Educação é como aquela única tecla da velha máquina de escrever em que se bate e as outras todas são ativadas... Cristovam Buarque estava certo... e muita gente ria dele.
ResponderExcluirJardel,
ResponderExcluirConcordo com você, votei no Senador Cristovam Buarque, e acho o seu projeto o melhor para o Brasil.
Parabéns pelo artigo. è impressionante com a prática de fazer política nesse país não muda. Até quando esperar? Mas com certeza um povo educado não é interesse dos políticos atuais, eles pensam que o povo não pode pensar..
ResponderExcluirAmigo,
ResponderExcluirte admiro pelo seu conteúdo futebolisco, mas não conhecia essa sua viés política.
Concordo ipsi literis.
Vivo dizendo que o brasileiro precisa de educação.
Não é com medidas tapa buraco do tipo cotas universitárias que se muda o perfil de um país. O plano de mudança no sistema tem que ser na base, no ensino fundamental que, infelizmente, é extremamente fraco.
Um indivíduo educado tem discernimento. Tem noção de seus direitos e de suas obrigações e consequentemente tem consciência política. Mas, veja bem, não é interesse de políticos que o povo brasileiro se torne educado, afinal a perpetuação no poder destes depende da massa ignorante que precisa de medidas populistas para sobreviver e em troca de sua sobrevivência vai-se um voto, dois, três...
Enfim, é uma zona. Eu estou desgostosa com a situação política do país há anos. Não vejo nenhuma perspectiva de mudança e temo e MUITO pelas gerações futuras.
Infelizmente, enquanto não houver uma renovação nesse meio da política eu não acredito em mais nada.
Fui-me!
Educação só será prioridade no Brasil quando tivermos um candidato que não se importe com votos, que se importe com o povo, como acredito que foi (e é) Cristovam Buarque.
ResponderExcluirMarina Silva tem propostas boas, mas, ou radicaliza ou se corrompe para realizar todas as reformas (inclusive a reforma na Educação, que ela comentou em outro debate).
Vejo o Brasil como um drogado ou alcoólatra: é necessário chegar ao "fundo do poço" para voltar a viver. "A noite é mais escura antes da aurora".
Mas cuidado! O poço pode ser muito fundo e muitas vezes não é possível sair dele...
Foi por isto que na última eleição eu votei, mesmo sabendo que não daria nada, no Cristóvão Buarque.
ResponderExcluirO engraçado é que em outros debates este tema foi abordado várias vezes.
ResponderExcluir[]'s
Obs: Não vi o debate ontem, alguém esqueceu de pagar a luz e fiquei sem eletricidade em casa..rs.
PC, É por isso que ainda lhe sigo, pq vc escreve muiiiitttttoooooo Bem.rssssssss Parabéns por mais um excelente texto.
ResponderExcluirPC, É por isso que ainda lhe sigo, pq vc escreve muiiiitttttoooooo Bem.rssssssss Parabéns por mais um excelente texto.
ResponderExcluirObrigado a todos pelos comentários.
ResponderExcluirEsse post foi reproduzido no blog Minhas Nuances.
Muitos amigos se surpreendem ao saber que não votarei em Cristovam Buarque para senador. Sabem que trabalhei com ele, mas desconhecem os motivos pelos quais pedi demissão. Para eles, devo a seguinte explicação: a incoerência é apenas uma das razões para ele não merecer mais o meu voto. Afinal, ele desferiu duros golpes em Lula, Sarney e Dilma para, no final, aceitar ao papel de papagaio de pirata nos palanques, entrevistas e horário eleitoral para as pessoas quem criticou e condenou. Qual foi o acordo que calou a boca do senador Cristovam?
ResponderExcluirOutro motivo foi a revelação de que o senador Cristovam Buarque, “paladino da ética e referência moral do Congresso”, responde a um processo de improbidade administrativa da época em que era governador do DF. O furo foi da Revista Mais Capital, publicada em abril de 2010. (leia abaixo o trecho da entrevista). E ele já perdeu em primeira instância. Se já tivesse sido condenado por um colegiado talvez figuraria na temida lista dos fichas-sujas ainda nessa eleição…
Durante muito tempo até entrar na indecente coligação de Agnelo Queiroz (PT e PMDB), que reuniu nomes condenáveis da política brasiliense e nacional, Cristovam discursou e publicou artigos nos principais jornais do país criticando essas mesmas pessoas a quem hoje chama de aliados. Até aí ok. Não se esperava menos de quem tem a confiança do povo de Brasília e se considera o líder da ética no Congresso.
Mas integrar essa coligação foi um retrocesso na biografia do ex-governador do DF e uma traição aos votos recebidos em 2002. Dividir o palanque com Sarney, Gim Argello, Tadeu Filipelli, Agnelo Queiroz é aceitar o continuismo da velha maneira de se fazer política. Método este tão atacado pelo nobre senador brasiliense em diversas ocasiões. Cristovam parece viver em profunda crise de personalidade e, por isso, abre concessões inaceitáveis para alguém que se considera um humanista. Em nota ao Correio Braziliense chegou até a prometer que, se o PDT se aliasse com partidos suspeitos, ele não se candidataria ao Senado. Está tudo aí embaixo. É só ler. Tudo foi escrito pelo próprio senador Cristovam.
Esse é o problema em votar no candidato por considerá-lo ético. Infelizmente, diante de tantos candidatos despreparados e suspeitos, o brasileiro é obrigado a votar no que considera mais ético. Esquecendo-se de que é obrigação de todos serem éticos. Não poderia ser um diferencial.
Como o brasileiro é conhecido por ter memória fraca me dei ao trabalho de reunir alguns desses artigos escritos pelo senador Cristovam e alguns discursos proferidos na tribuna do Senado. É fácil notar que em algum momento houve uma ruptura dos ideais, da ética e da moral pelo apego ao poder por parte de Cristovam. Teria sido pela vaidade, mero oportunismo ou um acordo fechado em reunião sem foto para registro? Já sabemos que o PT exigiu a suplência do mandato em troca do apoio a candidatura de Cristovam. E o nome é Wilmar Lacerda, acusado de integrar a quadrilha do mensalão. A questão é: o que virá depois? Vão lotar ainda mais o gabinete do nobre senador com os correligionários desses partidos oportunistas?
Depois de ler os artigos e discursos que pesquisei no próprio site do senador, mande emails (cristovam@senador.gov.br) para ele ou telefone (3303 2281) para perguntar o que houve. Onde foram parar as críticas? O que teria adormecido a eloquência do representante do DF que apresentou 109 Projetos de Lei mas apenas quarto ou cinco de interesse dos brasilienses?
Para quem leu e ouviu o senador Cristovam vale lembrar. Para quem não teve a oportunidade essa é a hora para decidir. Lembro que os artigos e discursos relacionados aqui estão disponíveis no site do senador: www.cristovam.org.br
Atenciosamente,
Afonso Morais
Comentários no orkut
ResponderExcluir