sábado, 1 de fevereiro de 2014

Resenha: Bangu 0 x 1 Tricolor


Na tórrida tarde deste sábado, dia primeiro, Fluminense e Bangu escreveram mais um capítulo de um dos duelos mais antigos da história do futebol carioca. Sim, para os que não sabem, conto um pouquinho da história: nos primórdios, há mais de 100 anos, não existiam o Flamengo e o Vasco (ou melhor: já existiam, mas não jogavam futebol), e o Botafogo ainda engatinhava. Fluminense e Bangu faziam o grande "match" do Rio de Janeiro, eram a grande rivalidade da cidade. Quando o Fluminense ia à Rua Ferrer enfrentar o Bangu, o clima era de hostilidade. Até chuvas de pedras os tricolores tinham que encarar.

Um elo inquebrantável, entretanto, unia os dois rivais: a origem inglesa de ambos. O Fluminense, então, passou a levar coroas de flores de presente para o Bangu, sempre que ia visitar o adversário. A violência então passou a dar lugar ao espírito esportivo, à rivalidade sadia. E quis o destino que o primeiro título do Bangu fosse conquistado exatamente contra o Fluminense, em Laranjeiras. Foi em 1933: ao ganhar por 4 a 0, três gols de Tião e um de Plácido, o Bangu estava coberto de glórias: era, finalmente, o campeão carioca. Feito que viria a repetir em 1966, já no Maracanã, numa batalha campal contra o Flamengo.

O Fluminense também tem os seus jogos inesquecíveis contra o Bangu: as decisões de 1951, 1964 e 1985 estão vivas na memória de cada pó-de-arroz vivo ou morto. Afinal, os gols de OrlandoTelê, Joaquinzinho, Gilson Nunes, Romerito e Paulinho são obras de arte que ecoarão pela eternidade. Eu não estava fisicamente no Maracanã, em nenhuma das três finais. Mas vibro com esses gols maravilhosos como se tivesse sido testemunha ocular e auditiva dos épicos momentos. Como não se arrepiar com aquela cobrança extraordinária de falta, que venceu o goleiro Gilmar e gravou o nome de Paulinho na história?

Pena que o Bangu apenas sobreviva nos dias atuais. Hoje, é um clube que não é nem sombra do que foi um dia. Mas há a camisa, sempre haverá a camisa. E acreditem: a camisa do Bangu é pesadíssima. Quando onze homens entram em campo envergando o vermelho e o branco, é bom que o adversário o respeite. Não duvido nada que, qualquer dia, o Bangu encare um dos grandes atuais do Brasil e lhe enfie cinco ou seis bolas na rede.

No castigado gramado de Moça Bonita, o Fluminense venceu pelo placar mínimo, com gol do jovem centroavante Michael. Ano passado, o menino foi flagrado no exame anti-doping por uso de cocaína. Muitos acharam que sua carreira estava encerrada. O Fluminense acreditou em seu calouro, e está conseguindo recuperá-lo, em história que já é uma lição de vida.

Que, tal qual o jovem tricolor Michael, o Bangu um dia volte ao seu ápice, aos seus dias de glória. Eu estou na torcida.

PCFilho

Notas do onze:
Diego Cavalieri - 7,5
Bruno - 6,0
(Wellington Silva) - 6,0
Gum - 6,5
Elivélton - 7,0
Carlinhos - 6,5
(Chiquinho) - 6,0
Willian - 6,5
Diguinho - 6,5
Jean - 7,5
Darío Conca - 7,0
Rafael Sobis - 6,5
Michael - 7,5
(Biro Biro) - 6,5
Renato Gaúcho - 6,0

9 comentários:

  1. Esse time está tomando jeito e ficando cascudo!

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  2. Beleza, PC, pena que os jornais não publiquem tais histórias do nosso Tricolor!

    ST

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  3. Eu estava no Maraca no tri de 85 do gol do Paulinho, mas minha melhor lembrança é da final de 64. Foi quando, ainda muito criança, descobri meu amor pelo tricolor. Não lembro de mais nada de quando eu tinha 6 anos, mas lembro exatamente onde eu estava tanto no primeiro quanto no segundo jogo, ligado no radinho de pilhas. Gol do Amoroso de pênalti na primeira partida. Que felicidade! Naquela época nem me passava pela cabeça o risco que é estar vencendo por 1x0. Curti aquele gol até o fim do jogo. Eu sabia que o Fluminense era invencível. Qual não foi minha decepção quando o Bangu fez 1x0 no segundo jogo. Desilusão. Me derramei em lágrimas caído ao chão de uma certa varanda no bairro da Urca. Ninguém da família conseguia me tirar dali nem me convencer de que aquilo poderia ser revertido. Lá fiquei até o final do jogo: Flu 3 x 1. Campeão! Em algum momento as lágrimas se transformaram, ficaram mais doces. Não lembro se foi no segundo ou no terceiro gol, mas do sabor eu lembro bem. Doce sabor. Doce vitória. Doce infância.

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  4. Ou eu estou exigente demais, ou estou cego, porque não vejo nenhuma melhora significativa no time do Fluminense, a não ser Conca, e em termos individuais.

    Coletivamente continua um bando de camisas tricolores errando passes como nunca e sem padrão de jogo como sempre.

    O que tenho visto é o já tradicional chutão pra frente e seja o que Deus quiser.Pelo menos a defesa já não dá mais tanto susto na gente.

    Tá certo que a pré-temporada no Brasil é brincadeira de mau gosto.Se em 1 mês de pré-temporada aqui na europa como é comum, os times ainda não conseguem ter um conjunto razoável nem dá pra fazer milagre, imagina com os 10 dias que RG teve para fazer rachões, é impossível.

    Mas o que não se admite é que alguns jogadores de categoria, e a nível de seleção brasileira como tem o Fluminense, mesmo com pouco tempo, façam exibições medíocres consecutivas, frente a adversários que não são propriamente um Barcelona ou um Bayern de Munique.

    Vamos esperar mais um mês pra ver se há alguma evolução, mas sinto que vamos ter mais uma ano de goleadas por 1 x 0, com futebol medíocre e levando sufoco no fim do jogo.

    Na decisão de 1985 entre Flu e Bangu, eu tava lá.

    Já tinha ido dias antes ver o Fla x Flu do gol de Leandro aos 45, onde Washington desperdiçou pelo menos 4 contrataques mortais no 2º tempo, para matar o jogo e a mulambada.

    Eu e um primo pegamos o lotação lotado em Icaraí e chegamos a um Maraca superlotado uma hora antes do jogo e só conseguimos lugar na arquibancada atrás do gol à esquerda das cabines de rádio.Tava cheio cheio cheio.

    O gol de Paulinho foi inesquecível, mas no gol de empate de Romerito, o Maraca tremeu, juro.

    Também estava lá nos dois gols inesquecíveis de Assis, em 1983 e 1984.

    Sou testemunha ocular da história:-)

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  5. Meus caros, vocês não sabem como é legal saber que tenho leitores mais velhos que eu, que vivenciaram as histórias que eu tento contar sem ter vivido. :)

    Muito obrigado mesmo pelos comentários...

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  6. PC, se quiser "roubar" no meu blog a história verídica do time que inspirou o filme Fuga para a Vitória e publicar no seu blog, esteja à vontade, a casa é sua.

    Quanto mais gente souber desta história ímpar no futebol mundial, melhor.Vale a pena...

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  7. RBN, seu blog está um show! Uma postagem melhor que a outra! Continue, por favor!!

    Quanto à épica história do FC Start, eu na verdade já tenho um texto quase pronto sobre esse assunto, que eu não publiquei na época em que escrevi, porque queria verificar com cautela detalhes da história, que variam em algumas fontes.

    Sua postagem está excelente, com detalhes e fontes que eu não conhecia, e certamente me ajudará muito a terminar meu post. Sua postagem estará na lista de referências ao final do meu post, que tentarei publicar nas próximas semanas.

    Aos demais amigos, recomendo o blog do RBN: Pelé The King of Football. Tá muito bom!

    Abraços!
    PC

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  8. Obrigado, meu caro Alexandre. Quando um texto meu é elogiado por você, tenho a certeza de que ficou muito bom. :)

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