sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Neymar ficou...



O telefone toca na mesa de Luiz Álvaro, presidente do Santos. Do outro lado da linha, o empresário de Neymar diz: precisamos conversar. Marca-se o encontro, e lá ele diz ao mandatário que a proposta é irrecusável: 30 milhões de euros. Uma montanha de dinheiro que os ingleses do Chelsea estavam dispostos a gastar, tudo por um único jogador, tudo por Neymar. Acostumado às atitudes dos dirigentes do Fluminense, eu já imaginava que o Santos aceitaria, e venderia sua jovem promessa.

Pois bem, ontem chega a notícia: o Santos disse não. Neymar renova contrato e fica na Vila Belmiro. Confesso que demorei a acreditar. Perguntei a cada pessoa que encontrava: é verdade? Neymar vai ficar mesmo? Todo mundo confirmou, para minha felicidade.

Ganha Neymar, que terá mais tempo para completar sua formação, no seu clube, perto da sua família.

Ganha o Santos, que mantém um de seus garotos prodígio, e segue sendo favorito em todos os campeonatos que disputa.

Ganha o torcedor brasileiro, que poderá ver Neymar no Maracanã, no Pacaembu, no Beira-Rio, e não apenas na televisão.

Apesar de tudo, a permanência de Neymar no Santos me deixa com uma pontinha de tristeza. Explico: se sobra ousadia aos dirigentes do Santos, falta coragem aos administradores do meu Fluminense.

Só esse ano, já se foram Alan e Maicon. As ofertas não eram irrecusáveis: por Maicon, 4 milhões de euros (metade da multa rescisória); por Alan, menos que isso. Os clubes não têm o poder do Chelsea: Alan está no Red Bull Salzburg, da Áustria; e Maicon está no Lokomotiv, da Rússia. Mesmo assim, o Fluminense aceitou vender os garotos.

Voltando no tempo, os exemplos revelados por Xerém e vendidos por Laranjeiras são muitos: Fábio e Rafael foram para o Manchester United antes mesmo de estrearem pelo Fluminense; Maurício Alves foi para o Villarreal também antes de estrear; Marcelo está no Real Madrid; Rodolfo está na Ucrânia; Diego Souza foi para Portugal, rodou por Flamengo, Palmeiras, e hoje está no Atlético Mineiro; Roger foi para Portugal, rodou por Corinthians, Flamengo, e hoje está no Cruzeiro; Carlos Alberto foi para Portugal, passou pelo Corinthians, e hoje está no Vasco; Arouca saiu para o São Paulo, e hoje está no Santos; Dalton e Marinho foram para o Internacional; Wellington Silva já tem contrato com o Arsenal; e por aí continuamos...

Poucos clubes brasileiros revelaram tantos talentos nos últimos anos. Quanto o Fluminense recebeu por isso? Quase nada. Rafael e Marcelo são prováveis titulares da Seleção em 2014, e saíram do Tricolor a preço de banana. A pergunta que se coloca é: até quando?

O Fluminense precisa mudar. Não podemos tapar o sol com a peneira, escondendo os problemas com o bom momento vivido no campo. Infelizmente, pouca gente está enxergando essa necessidade de mudança. As eleições do clube se avizinham, e dois candidatos despontam como favoritos. Um é apoiado pelo atual presidente e pelo vice de futebol do ano passado. O outro é apoiado pelo atual patrocinador, pelo vice de futebol desse ano, e pelo vice de futebol anterior ao anterior. Quem é situação? Quem é oposição?

PC

4 comentários:

  1. O Fluminense precisa ser independente da unimed. Isso não quer dizer cortar o vínculo, mas ter condições de disputar títulos sem a parceira. Pra isso o clube precisa de renda. Fontes de renda podem ser venda de atletas, produtos com a marca e programas associação. Pode se dizer que o Flu não tem qualquer um deles. Vendemos atletas a preço de banana, a Adidas tem um contrato criminoso com o Fluminense, mesmo caso do programa Passaporte Tricolor.

    A parceria com a Unimed não será eterna...

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  2. É isso, Ramón, já conversei com o PC sobre essa parceria com a Unimed. Hoje, maravilhosa, mas e no futuro? Sem patrocinador existe algum futuro? Pq o clube não investe mais em um CT e em profissionais ainda mais capacitados na revelação de jogadores. O Muricy já falou sobre isso e gostou de Xerém.
    Um programa de cadastramento da torcida, incentivando de alguma forma algum os torcedores, motivando-os ao cadastramento, algum programa tipo Passaporte, mas que motive o torcedor. Seria outra fonte de renda.
    Importante: tomar cuidado com os 'agentes' (cancros) do nosso futebol, tentar ao máximo blindar nossos novos jogadores contra tais agentes, ou ficaremos dando revelações para pagar chuteiras ou coisa parecida. Saber vender e resgatar o investimento no atleta é fundamental! Mas é preciso ter vontade. É preciso começar ontem!

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  3. O fico do Neymar só seria melhor para o Santos se o clube não tiver que vender o time todo pra manter o jogador, como fez com o time de 2002 para manter o Robinho. E eles já perderam André e Wesley, duas peças muito importantes.

    Quanto ao Fluminense, eu vi dados de renda liquida nos estádios e a do Fluminense é ZERO, na verdade é negativa.

    Acho que a primeira coisa que o Fluminense tem que fazer é resolver as pendências que impedem o clube de ganhar dinheiro.

    []'s

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  4. Montanha, parece bizarro, e é:

    O Fluminense tem a maior média de público do Campeonato.

    E ao mesmo tempo é o único clube com renda líquida negativa.

    Por que?

    Porque é o que mais sofre com penhoras. Por que?

    Porque fez acordo para pagamento parcelado, mas não cumpriu.

    E assim a vida segue em Laranjeiras...

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