A cada dia que passa fica mais claro que o mercado é implacável, pois o amadorismo e a falta de compromisso com a excelência inevitavelmente levam as empresas mal geridas para o buraco. Eu duvido que qualquer pessoa que leia esse primeiro parágrafo discorde disso.
O mercado do futebol não é diferente. Você pode até dar sorte de vez em quando, mas um dia a bola pune, como bem nos lembra a célebre frase do treinador Muricy Ramalho. Há outra frase famosa, esta do ex-vice presidente do Barcelona, Ferran Soriano, que serve de título para seu livro e deveria servir de paradigma para os gestores de futebol: a bola não entra por acaso.
Amigos leitores, irmãos tricolores, eu não posso acreditar que, se vocês acreditam no que foi dito nos dois primeiros parágrafos, vocês podem se conformar com a realidade político-administrativa do Fluminense. Quer na situação, quer na oposição, o que temos no clube das Laranjeiras são grupos com pensamentos atrasados, retrógrados, entrincheirados em seus argumentos débeis, mas que enganam a maioria absoluta dos torcedores e associados.
Não há entre todos os tricolores sequer um grupo organizado que defenda princípios rigorosos para a gestão do clube e que seja intransigente com a necessidade de se haver profissionalismo em tudo no clube, nem com uma política de metas, tampouco com a transparência ou com a honestidade e o bem comum de todos os setores do clube mas, obviamente, tendo o futebol como razão de ser.
Se o rebaixamento do Fluminense tivesse acontecido no final de 2011, a culpa seria atribuída a Roberto Horcades e sua herança maldita. Peter Siemsen e seu grupo tiveram três longos anos para aplacar os efeitos dessa herança e cantavam aos quatro ventos que estavam conseguindo, afinal o Tricolor foi campeão carioca e brasileiro de 2012. Mas a mentira sempre cobra a sua conta. Um ano de 2013 com campanhas ridículas leva o Fluminense, campeão brasileiro de 2012, para a Série B de 2014.
No momento que escrevo essas linhas, o Tricolor ainda tem remotas chances matemáticas de permanecer na Série A. Mesmo que o milagre aconteça – o que não acredito – o Fluminense está moralmente rebaixado, e seus gestores, torcedores e associados moralmente desmascarados. Sim, porque nessa história não há mocinhos, senhores. Estamos em um contexto democrático e a maioria absoluta dos associados avalizou a gestão de Peter Siemsen e os torcedores não pensam diferente dos associados – ao menos não pensavam até esse final de semana.
Mas sempre virá aquele fanfarrão que dirá: “Mas, ora, a opção que tínhamos era pior, pois era o Peter ou o Deley”. E eu direi ao fanfarrão e a você que lê este post: se o que temos a oferecer para o Fluminense é o Peter e sua Flusócio ou o Deley e seus aliados, não resta dúvida que o Fluminense não é apenas um time de segunda divisão, mas um clube inteiro, uma nação de segunda divisão.
Se não chegarmos a 2016 com uma alternativa real a essas verdadeiras comédias (ou dramas) que se alternam no poder e se oferecem como opção, não terei dúvidas de que o Tricolor esqueceu-se do seu passado e de sua vocação e tornou-se um clube medíocre.
É impossível amar o Fluminense com a cabeça e o coração e se conformar com a palhaçada que é o contexto político-administrativo do clube. Chega de improviso, chega de sanguessugas, chega de amadores e inexperientes. O Fluminense sempre foi vanguarda e deve expulsar dos seus quadros esses que colocam suas vaidades, seus confortos, seus projetos pessoais acima do compromisso do clube de ter os melhores para ser o melhor.
Se o rebaixamento se confirmar matematicamente, provavelmente retornaremos à Série A em 2015, haja vista o baixíssimo nível da Série B. Os que hoje nos rebaixaram se venderão como heróis e tudo continuará como tem sido pois você, torcedor tricolor, adora se iludir. Se o rebaixamento não se confirmar, o seu conformismo manterá o Fluminense nessa constante gangorra, oscilando entre o céu e o inferno, ano após ano, até o dia em que as temporadas infernais serão mais longas que as celestes.
Se os tricolores com vergonha na cara não reagirem, teremos um Fluminense cada vez pior. Não podemos ficar reféns dessas opções.
Excelente texto! Já alguns dias estava desejando perguntar se o PC ou alguém que contribui ao blog conhece algum livro sobre gestão profissional no futebol. Vou comprar esse livro do Ferran Soriano, "La pelota no entra por azar". Se tiverem outros, mesmo que sem tradução ao português, postem aí, por favor.
ResponderExcluirGostaria de saber mais também sobre a Bundesliga, que houve toda uma reestruturação do futebol e os estádios sempre estão cheios, os ingressos são mais baratos sem nenhum tipo de exploração e tem muita Cerveja!! e com muita festa de verdade ao contrário dos frios estádios ingleses: http://www.mirror.co.uk/sport/football/news/german-bundesliga-football-remains-true-1851197
Sem falar que os alemães não deixam nenhum sheik da vida comprar o clube.
Mas todos aqueles tricolores que realmente querem ver um Fluminense diferente desse atual, é imprescindível que conheçam a história do clube que já sediou dois Campeonatos Sul-Americanos(precursor da Copa América) e os Jogos Olímpicos Latino-Americanos(precursor dos Jogos Pan-Americanos) em comemoração do centenário de Independência do Brasil.
É preciso estudar onde os gestores do Tricolor em seus mais de 110 anos acertaram e erraram. Livros como o do Paulo Coelho Netto - História do Fluminense, são também essenciais, o único chato é que esse livro fala até 1968, porém as gestões de 90 pra cá conhecemos muito bem...
S.T.
avmss,
ResponderExcluirEu tenho o livro do Ferran Soriano, que infelizmente ainda não pude ler todo. Mas o pouco que li já me deu uma bela amostra de como o Fluminense é mal administrado.
O Fluminense nunca esteve tão ameaçado quanto agora. Nunca. Nem mesmo no final da década de 90.
Ou nós, os poucos incomodados, agimos logo... ou até a "vocação para a eternidade" está ameaçada.
"É impossível amar o Fluminense com a cabeça e o coração e se conformar com a palhaçada que é o contexto político-administrativo do clube. Chega de improviso, chega de sanguessugas, chega de amadores e inexperientes. O Fluminense sempre foi vanguarda e deve expulsar dos seus quadros esses que colocam suas vaidades, seus confortos, seus projetos pessoais acima do compromisso do clube de ter os melhores para ser o melhor."
ResponderExcluirAcho que esse trecho diz tudo. O torcedor do Fluminense não pode se conformar em votar no "menos pior". O "menos pior" não deveria sequer ser candidato! O "menos pior" não serve para o clube mais tradicional do país!
Quando o povo vai entender que essa corja que tá lá não dá a mínima pro Fluminense??
Eles só querem explorar o clube e sugar todo o dinheiro que puderem!